segunda-feira, junho 29, 2009

Tudo Boas Raparigas - Martha Beck

Martha Beck tinha duas grandes ambições na vida: a primeira era ser enfermeira e a segunda era apaixonar-se e casar-se com um homem decente. Infelizmente, estes dois objectivos entravam em rota de colisão directa com as suas proporções demasiado avantajadas: ela pesava bem mais de cem quilos. Depois de conseguir o diploma de enfermeira na sua Florida natal, o único emprego que conseguiu arranjar foi numa casa mortuária. Dezoito meses depois de lavar e alindar cadáveres, Martha resolveu acertar agulhas a caminho da Califórnia. Tinha ouvido dizer que havia por lá falta de enfermeiras qualificadas e, uma vez instalada, tratou logo de montar uma teia para caçar um marido. Conseguiu-o e a felicidade do parzinho era tanta que o homem, numa desesperada tentativa para resolver os seus problemas, atirou-se dum cais, tendo sido, que maçada, resgatado das águas. Martha não gostou lá assim muito que ele não quisesse passar o resto da vida com ela e, passados uns tempos, o homem desapareceu para sempre...
De regresso à Florida, ela inscreveu-se num daqueles clubes tipo “corações solitários” e não tardou muito até conhecer um sujeito decadente chamado Raymond Fernandez, um sedutor que já tinha conhecido melhores dias e cujo único rendimento era depenar o mais possível viúvas e solteironas solitárias que ele ia conhecendo através deste tipo de agências casamenteiras. É claro que, depois de ter despojado as senhoras dos seus bens, desaparecia logo a seguir sem deixar rasto. Cada um deles considerou que tinha encontrado a sua “alma gémea” e resolveram montar um esquema muito lucrativo e que ainda durou alguns anos: apresentavam-se como irmão e irmã e, enquanto ele casava com a viúva, ela tratava de transferir os bens da senhora para o nome dela (ou dele). A coisa lá ia funcionando razoavelmente bem, até ao dia em que uma das tais viúvas, no estado de Nova Iorque, foi morta à cacetada e o par resolveu fugir para o Michigan onde, pouco tempo depois, Mrs. Delphine Downing e a sua filha, se tornaram nas próximas vítimas. Um dia, a senhora descobriu que afinal o seu futuro marido era careca, (parece que a senhora gostava mais deles com cabelo...) gerou-se ali uma discussão e, ao expulsá-los de sua casa e perante a ameaça de os desmascarar e fazer queixa à polícia, o casal-maravilha resolveu despachar a pobre viúva também à mocada e é claro que a sua filha teve destino idêntico. Os ciúmes de Martha eram de tal forma terríveis que ela não suportava que as senhoras continuassem vivas depois de Ray ter dormido com elas. Foram rapidamente apanhados e as autoridades do estado do Michigan resolveram extraditá-los para o estado de Nova Iorque, onde a pena de morte ainda estava em vigor (esta é sinistra). Confessaram a autoria de 12 homicídios. Foram executados, lado a lado na cadeira eléctrica no dia 8 de Março de 1951, na prisão de Sing Sing, Nova Iorque. Pormenor macabro: Martha era gorda demais e não cabia na cadeira; teve que ficar sentada nos braços... da cadeira. Ai, que horror! Ficaram conhecidos pelos “Lonely Hearts Killers” e em 2006 saíu um filme sobre esta história com Salma Hayek, Jared Leto e John Travolta.

7 comentários:

Lília Abreu disse...

roserouge,
Ao ver a gravura pensei: hoje a criminosa é grodinha. Ía começar a ler e os olhos bateram na parte final do post só li -não cabia na cadeira - pulei para o filme do travolta e resolvi não ler posts à hora de almoço, rsrs
Boa semana

roserouge disse...

Bem, o argumento do filme está muito mais romanceado, os actores principais são duas pessoas bonitas e a Salma Hayek de certeza que não engordou 40 ou 50 quilos para fazer o filme. E o Jared Leto é um rapaz jeitoso mas não tem o tipo de beleza dos anos 40. Enfim, depois temos o Gandolfini e o Travolta que fazem de polícias. Claro, há que dar colorido à história, senão não vende.

Anónimo disse...

Boas pessoas!!!!

peri s.c. disse...

... e eu que semprei achei que todas as mulheres eram doces criaturas ...

Alice Salles disse...

Ai que macabro mesmo!

Caçador disse...

Rosita dos limões, aqui há uns bons anitos, quando o Quarteto era a catedral do cinema em Lx (e não havia turistas na Trindade) tive a sorte de ver um filme mexicano que contava esta história, um filme fantástico e estranho que deixava este a muitas milhas de distância. Tinha (tem um nome) um nome magnífico: "Profundo carmesí" 1996 de Arturo Ripstein.
Uma delícia.

roserouge disse...

Esse, não vi, mas era espectadora assídua do Quarteto, das sessões duplas, lembras-te? Quatro salas, quatro filmes, podíamos escolher dois e ficávamos ali a noite inteira. E o bar, tinha uma onda fantástica, não tinha? Vi lá grandes filmes! E o Rock Rendez-Vous e o advento do Bairro Alto. Que diferentes que eram as noites de Lisboa!