19 de Novembro, 2007. O Pavilhão Atlântico está ocupado com quase todo o staff e logística respeitante à Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, de Julho a Dezembro do mesmo ano. Todo, excepto a arena onde se realizam os concertos. Sendo um espaço de grande versatilidade, foi durante esses seis meses sujeito a diversas configurações que não têm nada a ver com a nossa história. Agora imaginem o que é uma pessoa estar sossegadinha sentada à secretária a trabalhar e começar a ouvir o check-sound do concerto do Marilyn Manson nessa noite, ali mesmo ao lado. Quéqué isto? Perguntavam as coleguinhas. É para o concerto logo à noite, estão a fazer o check-sound, respondia eu. Concerto de quem? Do Marilyn Manson. Quem é essa? Essa, não... esse. Mas não tem nome de mulher? Pois, é mesmo assim. E conheces? Conheço. Também só conheces é malucos. Também é verdade...
E o barulho continuava. Comecei a ficar cheia de nervos. Vem de lá a minha chefe, espavorida e transtornadíssima de dentro do seu gabinete.
- Mas que barulheira infernal vem a ser esta?
Expliquei outra vez. Mais ou menos o mesmo diálogo.
- Mas que chatice! Não faltava mais nada agora! Ligue-me lá ao Sr. Fulano, se faz favor.
E o barulho continuava. Comecei a ficar cheia de nervos. Vem de lá a minha chefe, espavorida e transtornadíssima de dentro do seu gabinete.
- Mas que barulheira infernal vem a ser esta?
Expliquei outra vez. Mais ou menos o mesmo diálogo.
- Mas que chatice! Não faltava mais nada agora! Ligue-me lá ao Sr. Fulano, se faz favor.
Não só liguei ao Sr. Fulano, que era um dos responsáveis pela gestão do pavilhão durante a Presidência, (e que era uma pessoa que estava li todos os dias connosco) como aproveitei logo para lhe cravar um bilhetezinho, de certeza que deve ter aí uns quantos no bolso para dar aos amiguinhos, não? Mas você quer mesmo ir ver esse maluco? – perguntava ele. Quero, já que estou aqui, não é?... E se há-de ir para os porcos…
A esta hora já eu estava excitadíssima com aquilo tudo. O check-sound continuava. É claro que o Sr. Fulano me arranjou dois bilhetes...
A esta hora já eu estava excitadíssima com aquilo tudo. O check-sound continuava. É claro que o Sr. Fulano me arranjou dois bilhetes...
Assim que tive uma folga no trabalho, esgueirei-me pelos corredores e túneis de acesso aos camiões TIR que trazem a parafernália toda, andei por ali no backstage a ver os roadies a tratar das últimas coisas, ninguém me ligou nenhuma e ainda bem, cruzei-me com um rapaz muito alto, muito magro, muito pálido, nariz adunco, cabelo liso e escorrido e pensei “olha, este parece mesmo o Marilyn Manson, mas sem maquilhagem...” Parei, de repente. Porra, é mesmo ele! E era. Ficou ali a um canto, quieto e calado, sózinho e vi-o dar uma entrevista a um jornalista qualquer, mas tal e qual como estava, de cara lavada e com uma roupa normalíssima, tipo jeans pretas e camisola de lã. Achei aquilo tudo muito estranho. Até que senti no ombro a patorra de um dos volumosos seguranças - hey lady, may I help you, lookin' for something? Oooh, no no... I...hum... I work here - gaguejei. Anyway, would you please be so kind and step outside, please. You're not allowed to remain here. Oooh, ok, ok...
E o concerto, perguntam vocês?! Foi um daqueles espectáculos em que ao fim de dez minutos de ali estar, eu já só olhava para o relógio, desertinha que aquilo acabasse depressa. Pior do que aquilo, só cuspir na sopa. Foi muito mau. O som, a mise-en-scéne do artista, que cena deplorável e pobre, a voz roufenha, o público… ai, o público… pareciam zombies. Como dizem os franceses “c’etait penible”. Os músicos tocavam um para cada lado e o MM parecia que estava ali a fazer o maior frete do mundo. Se pensam que ao vivo encontram a mesma energia que se vê nos vídeos, esqueçam. E não cantou “The Beautiful People”. Só não me fui embora logo, porque do Parque das Nações a Paço d’Arcos ainda é longe, estava frio, chovia que se fartava, não tinha levado carro e tinha boleia directa para casa. Portanto, aguentei estóicamente e támazécaladinha que o bilhete só te custou um “obrigadinha”.
Parece que o Marilyn Manson veio cá ontem outra vez, ao Porto. Ainda não li nada sobre o assunto. Já agora...
E o concerto, perguntam vocês?! Foi um daqueles espectáculos em que ao fim de dez minutos de ali estar, eu já só olhava para o relógio, desertinha que aquilo acabasse depressa. Pior do que aquilo, só cuspir na sopa. Foi muito mau. O som, a mise-en-scéne do artista, que cena deplorável e pobre, a voz roufenha, o público… ai, o público… pareciam zombies. Como dizem os franceses “c’etait penible”. Os músicos tocavam um para cada lado e o MM parecia que estava ali a fazer o maior frete do mundo. Se pensam que ao vivo encontram a mesma energia que se vê nos vídeos, esqueçam. E não cantou “The Beautiful People”. Só não me fui embora logo, porque do Parque das Nações a Paço d’Arcos ainda é longe, estava frio, chovia que se fartava, não tinha levado carro e tinha boleia directa para casa. Portanto, aguentei estóicamente e támazécaladinha que o bilhete só te custou um “obrigadinha”.
Parece que o Marilyn Manson veio cá ontem outra vez, ao Porto. Ainda não li nada sobre o assunto. Já agora...
9 comentários:
Eu vi esse rapaz na primeira vez que eles vieram cá tocar. Foi no primeiro Festival do Sudoeste. O que gostei mais foi dele ter entrado em palco e ter dito ao microfone: Good evening Lisbon!.
Este rapaz é uma anedota...rsrsr
Já agora, é sound check.
Eu costumava adorar o que ele escrevia, e ODIAVA a sua música (música!). Li sua auto biografia e achei genial!
É bem feita, rose, que é para não ires atrás de vedetas !...
Jorge thanks, quem sabe, sabe.
Ó Al, também só fui porque era mesmo ali ao lado e foi à borlix. Pensei: se não for hoje, nunca mais é. E fico com mais uma história para contar. Alguma vez eu ia pagar para ver o MM! Dassss...
Nada como ver e ouvir : ão vivo!
Assim deu para este bom post.
Já agora, o~s teus colegas perguntaram como foi? ou nem por isso?
Abraço
Lília
Lília, devem ter perguntado, já não me lembro... os meus amigos perguntaram, claro, e serviu para nos rirmos durante uns tempos.
E fazer-nos rir a nós. Mesmo 2 anos mais tarde.
Votos de EXCELENTE fim de semana!
Com doce paz, muita alegria e sorrisos
Um abraço recheado de sorrisos,
Lília
Enviar um comentário