Entre 1963 e 1968, o estúdio de Andy Wahrol, conhecido como The Factory, situava-se num enorme loft no quinto andar do número 231 da East 47th. Street. Decorado por Billy Name com papel de alumínio e tinta prateada, a Factory era um local onde se passava de tudo: ensaios dos Velvet, rodagens de filmes, leituras de poesia, performances, sexo hetero e homossexual, pintura... De portas permanentemente abertas, este espaço era uma espécie de instalação artística em exibição 24 horas por dia. Toda a gente que era alguém na música, no cinema, nas artes em geral, passava obrigatoriamente por ali. De Tenessee Williams a Bob Dylan, de Mick Jagger a Allen Ginsberg, de Truman Capote a Salvador Dali, muitos foram os ícones da década de 60 que por ali passaram, acrescentando ainda mais brilho à aura mítica que o lugar já possuía.
Foi neste ambiente de cruzamento constante de todas as artes que Wahrol concebeu o Exploding Plastic Inevitable (EPI), um espectáculo multimédia onde o cinema, a música, a dança, a pintura e outras formas de expressão se combinavam de forma caótica. Como muitas outras idéias em Wahrol, também o EPI foi resultado de uma evolução: começou por ser um espectáculo designado como "up-tight" e foi crescendo de complexidade.
A idéia nasceu quando Wahrol aceitou um convite da Sociedade de Nova Iorque Para A Psiquiatria Clínica para discursar no seu banquete anual. Andy Wahrol respondeu afirmativamente ao desafio, mas impôs uma condição: poder "exprimir-se" através dos seus filmes. Depois de conhecer os Velvet Underground, o artista plástico decidiu que seria melhor deixar a "expressão" para eles. Como se tratava de Wahrol, a insuspeita Sociedade aceitou a sugestão. E em Janeiro de 1966, lá foram todos até ao Hotel Delmonico, onde se realizava o banquete. "No preciso momento em que começaram a servir o prato principal, os Velvet começaram a disparar e a Nico a gemer. O Gerard Malanga e a Edie Sedgwick saltaram para cima do palco e começaram a dançar e as portas abriram-se para Jonas Mekas e Barbara Rubin entrarem de rompante com a sua equipa com câmaras e luzes brilhantes, atropelando todos os psiquiatras enquanto lhes perguntavam coisas como "como é a vagina dela?" ou "o pénis dele é suficientemente grande?" Wahrol não foi convidado para discursar no ano seguinte.
(...) Os sentidos são tomados de assalto por tudo o que está a acontecer. A melodia insinua-se, a poesia invade, a batida atravessa, os corpos dançantes giram, as luzes estroboscópicas dançam no tecto, os projectores de cinema enchem as paredes com murais vivos e pulsantes. (...)
Robert Shelton - Aspen Magazine - Pop Art Issue, Dezembro 1966.