Biografia Portuguesa de Jim Morrison distinguida em Londres
Com os mitos, já se sabe, a história nunca é definitiva. É isso, aliás, o que os alimenta: o que se conta, descobre e especula depois se fundarem como tal. Jim Morrison, vocalista dos Doors, xamã rock'n'roll com poesia de Rimbaud debaixo do braço, morreu em 1971 aos 27 anos e, ainda o corpo não tinha arrefecido e enrijecido na banheira de um apartamento parisiense, já tinha ganho tal dimensão. Actualmente, depois dos livros, das reedições em CD, das edições em DVD e do filme de Oliver Stone, o que resta acrescentar à sua história? Bastante, terá pensado Rui Pedro Silva, jornalista, que passou seis anos em viagem mundo fora, recolhendo depoimentos sobre Jim Morrison, o vocalista de Los Angeles que liderou uma das bandas mais influentes da década de 60 e, sobre o fascínio que, décadas depois, continua a exercer. Disso resultou "Contigo Torno-me Real", livro publicado em 2003 pela Afrontamento, reeditado em versão aumentada já este ano.

Pois bem, a julgar pela reacção que causou no Festival do Livro de Londres, muito haveria ainda a contar sobre Jim Morrison - e Rui Pedro Silva soube fazê-lo. Distinguido com uma menção honrosa na categoria de não-ficção, a obra tem assegurada a edição nos Estados Unidos no primeiro semestre de 2009.

"Contigo Torno-me Real" reúne em 584 páginas, depoimentos duma distinta e vasta galeria de personalidades - desde os Doors sobreviventes, a pintores, cineastas e demais companheiros de estrada de Morrison - atravessando a vida e a carreira de Jim Morrison antes, durante e para além dos Doors, procurando descobrir, em discurso directo, o que fascina ainda o grupo tão heterogéneo que se desloca em romaria ao cemitério Pére Lachaise ou que segue inebriado os concertos dos Doors XXIst. Century.
Este texto foi extraído do Jornal Público, suplemento Ípsilon, de 26/12/08.