sexta-feira, março 06, 2009

Jazz Covers

Este fabuloso livro é da autoria de Joaquim Paulo, português e que lançou em Outubro passado o livro Jazz Covers pela Taschen. Foi apresentado no dia 24 desse mesmo mês, na loja da Taschen em Los Angeles (EUA) e, segundo o seu autor, é "um documento da história do jazz e revelador de como a componente gráfica teve uma ligação muito importante com a música".
Os discos foram escolhidos a partir da colecção pessoal de 25.000 títulos de Joaquim Paulo, profissional ligado à rádio em Portugal há mais de vinte anos e, mais recentemente, fundador da editora Mad About Records. Considerando esta obra "um projecto de vida", Joaquim Paulo trabalhou neste livro ao longo dos últimos dois anos, seleccionando os discos e compilando testemunhos de personalidades-chave para contar a história do jazz. São os casos de Rudy Van Gelder, o engenheiro de som que gravou álbuns para a Blue Note ou para a Prestige, o produtor de jazz Creed Taylor e o designer Bob Ciano.

Joaquim Paulo propôs o projecto à Taschen, porque queria uma editora "que tivesse um grande cuidado gráfico" e foi o próprio fundador da editora alemã, Benedict Taschen, que viabilizou a edição. "A escolha dos discos foi muito difícil, ficaram muitos de fora, mas os critérios foram a importância histórica, o grafismo e a raridade, porque há muitos que não têm edição em CD", explicou Joaquim Paulo, que pondera realizar um segundo volume dedicado ao tema.

Apesar de o jazz remeter invariavelmente para os Estados Unidos, a escolha de Joaquim Paulo é geograficamente ampla, com a inclusão de discos da Argentina, Brasil, Polónia, Roménia ou Reino Unido. Da galeria de eleitos fazem parte Miles Davis, Chet Baker, Thelonious Monk, John Coltrane, Ornette Coleman, Count Basie, Art Blakey, Bill Evans, Ella Fitzgerald e Chick Corea, mas também Stan Getz, Claus Ogerman, Teuo Nakamura, Vince Guaraldi, Moacir Santos e Maurice Vander.


Muitos dos discos foram seleccionados também por revelarem uma "cumplicidade entre os designers e os músicos. Há uma sintonia entre o que a capa mostra e a música, sobretudo dos anos 1950 e 1960", comentou Joaquim Paulo. A escolha, que exclui artistas portugueses, vai apenas até aos anos 1990, por causa do declínio das edições de música em vinyl e da rápida ascensão do digital, como o CD. Depois do lançamento nos Estados Unidos, Jazz Covers foi apresentado no dia 28 de Outubro na FNAC Chiado, em Lisboa.

Ao longo de 500 páginas, Jazz Covers agrupa 700 capas de discos em vinyl de jazz de 1940 a 1990, devidamente acompanhados pela contextualização histórica de cada um bem como a respectiva ficha técnica. Este livro é um daqueles objectos de carácter intemporal, de leitura e degustação moderada, progressiva. Para se ir lendo, para se ir consultando.

Mad About Records - Joaquim Paulo quer estender a sua paixão pela música das páginas de livros até à edição de discos. E por isso mesmo, desvenda os seus planos nesse sentido: A Mad About Records é uma editora muito recente. O nosso objectivo é reeditar a música de que gostamos e que não está disponível no mercado. Edições em vinyl e em CD de discos raros de jazz, de música brasileira (bossa-nova e psicadelismo) e soul-funk. As nossas edições estarão disponíveis no mercado europeu, EUA e Japão. Estamos também a construir um site que será simultaneamente loja on-line para os nossos discos e um espaço de download de outras edições que não vão ter suporte físico".

"Já comprei discos em situações inacreditáveis. A mais marcante foi em plena guerra jugoslava". Joaquim Paulo.

Jazz Covers
Taschen - Outubro 2008
496 páginas - €29,90.

12 comentários:

roserouge disse...

Quando se acabar este meu estado de pobreza temporária, é um dos que vou ter que ter. Porque sim.

Anónimo disse...

Depois de pagar o dentista????srsrs

Jorge Pinheiro disse...

Grandes capas, grandes discos e já agora grande filme: "Anatomia de um Crime"!

João Menéres disse...

Este teu trabalho, Bé, está excelente e é do maior interesse.
Além disso, ainda se fica a dever à iniciativa de um português o projecto e a realização.
De vez em quando, lá arrancamos uma!

Beijo e parabéns.

Ví Leardi disse...

Uau...que aula...Demais!!

Anónimo disse...

beleza de post, beleza de assunto,
beleza ver artes andando junto.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Bé, qta informacao. Adorei a capa e o excelente trabalho que fizeram.

Tenho alguns Jazz aqui em casa, gosto de ouví-los.

Bom fim de semana

roserouge disse...

Este trabalho está magnífico, já estive com o livro na mão, apetece ter cá em casa. Também acho que os portugueses quando querem conseguem, nunca achei que fossemos inferiores a ninguém, mas também ajuda o próprio Taschen ser um homem de visão. Não é à toa que ele e as suas publicações têm o sucesso que têm por todo o mundo.

Anónimo disse...

O gostar do que se faz não está circunscrito a nacionalidades - basta ser capaz e peito para abrir caminhos. O bom é saber que não se está sozinho, há quem apoie e divulgue e há quem entre na mesma dança.

Unknown disse...

Rose, neste caso as capas são o que menos interessa. O som de muitos destes discos vale ouro. É divino.
Cinco estrelas pelo post.

Alice Salles disse...

Ah mas cada capa e cada história...
Belissima postagem, Bé!

Spark disse...

Ainda não tive oportunidade para comprar, mas espero o fazer!

Bj