sábado, março 14, 2009

Cartas a Um Jovem Poeta

Soneto
P'la minha vida treme sem lamentos
Sem suspiros uma dor que é negra e funda.
Dos meus sonhos a neve pura em flor
Consagra os meus dias de silêncio.

Mas quantas vezes cruza o meu caminho
Uma pergunta grande. E eu pequeno
E frio por ela passo, como um lago
Com águas que medir eu não me atrevo.

E a dor desce então em mim, tão turva
Com o breu sem brilho das noites de estio
Que uma estrela aclara - aqui e ali -:

As mãos tacteiam em busca de amor
E a alma quer dizer em oração
Os sons que a boca ardente não encontra...

Franz Kappus - Rainer Maria Rilke in "Cartas a Um Jovem Poeta"

5 comentários:

Anónimo disse...

Como a carta não é para mim, me resta elogiar a ilustração,,,srsrs!

roserouge disse...

Não, pequeno, mas como estamos no fim de semana do DESEJO...e a primavera está aí...

Anónimo disse...

Sim, sim, entendo!
Meu desejo é que tivessemos mais de 200 participantes ( TERTÚLIA), como teve há poucos dias a Ester!Vou saber dela qual o segredo!!!!

Jorge Pinheiro disse...

Isto hoje é a sério. Bela poesia.

Milouska disse...

Nesta tertulia do DESEJO cada poema é mais belo que o outro.
Lindíssimo este de Rilke.
Parabéns pela escolha!
Um abraço,

Milouska