segunda-feira, maio 11, 2009

À Bolina...













Estas fotos foram tiradas em duas ocasiões diferentes, por volta de 2005 e 2006. O pequeno veleiro pertence a este rapaz da camisola das riscas e passámos a bordo tempos maravilhosos de puro divertimento. Toda a gente fazia leme, toda a gente puxava cabos, toda a gente controlava as bóias... bem, uns mais do que outros. Umas vezes íamos à vela, outras a motor - quando não havia vento. Saíamos da doca em Belém, atravessávamos o Mar da Palha em direcção à Baía do Seixal e fundeávamos por lá. Toda a gente levava comida e bebida e o tempo era todo nosso. Havia sempre pão, presunto, carne assada, camarão cozido, queijo, croquetes, rissóis, pastéis de massa tenra, saladas disto e daquilo, bolos, bolinhos e outras iguarias, muito vinho tinto, muita cerveja geladinha e até se fez uma vez caldeirada a bordo. Às vezes havia champanhe, porque queríamos celebrar condignamente a vida e a amizade. Podia ficar aqui o resto da semana a contar as mil e uma peripécias que nos aconteceram, desde ficar encalhados na baía do Seixal, à noite, porque a maré desceu e nos atrasámos, um que caíu ao rio com óculos escuros e tudo e que quando reapareceu à tona de água continuava de óculos escuros... Ainda hoje nos rimos disto. Uma vez fizémos uma razia ao sumptuoso iate do Abramovich, o "Pelouros" que estava atracado no Cais da Pedra, ao pé do Lux. Só para ver de perto, claro. Não se via vivalma a bordo, mas nós tínhamos a certeza que estávamos a ser observados. Assim que nos afastámos, apareceram no convés uns quantos seguranças com um ar entre o ameaçador e o aliviado como quem diz : "vejam lá mas é se vão brincar com o vosso barquinho para bem longe daqui, tá?" Adeus, ó bolchevique! Uma vez tentámos ir até Sesimbra para ver os golfinhos, só que à saída da barra de Cascais (ou seja, mar a sério!) começou tudo a vomitar - a noite anterior, a bordo, tinha sido brava e estava tudo com a maior ressaca - e tivémos que voltar para trás... marinheiros de água doce! Uma vez apeteceu-nos passar entre o cais e um navio de cruzeiro que estava em plena manobra de desatracação e parou tudo por nossa causa! Os passageiros nem queriam acreditar, viam-se expressões de espanto e pânico! E nós ríamos e dizíamos adeuzinho boa viagem! O comandante deve ter ficado pior que estragado connosco, interrompemos-lhe a manobra! Bom mesmo é navegar à bolina, de noite a tocar na água, com o barquinho todo inclinado para um lado (como nos filmes, portanto) e ver as luzes de Lisboa a partir do meio do rio, é um espectáculo inesquecível. Por diversos motivos acerca dos quais não vou falar - seria entrar na intimidade de alguns amigos e não o vou fazer - estes tempos dificilmente se irão repetir. Ficam-nos as histórias cheias de boas recordaçãoes. Oh Captain, my Captain...

15 comentários:

João Menéres disse...

Não te imaginava nas minhas artes...

Ví Leardi disse...

...gente que delícia ...e as comidinhas, bebidinhas,cigarritos encantados com amigos queridos?...!!! memórias como estas não tem igual.Que bom, temos todos algo de parecido... beijão!

conduarte disse...

Não tem nada mais romântico que navegar num barco a noite. Com amigos então, e um copo de vinho! Vendo as luzes da cidade, é uma maravilha! Lindíssimo o passeio! E as carinhas de vcs, está o máximo! Muito divertido e curtido!
Bj
CON

pureza disse...

Turminha animada, deve ter sido um passeio fantástico - Isso faz-me lembrar que, na maioria das vezes, é preciso tão pouco para se ter momentos felizes. Amigos e uma boa dose de harmonia para se estar de bem com a vida.
Mas e aí? quem é quem?

Jorge Pinheiro disse...

Pois eu que conheço toda a gente de bordo, percebo as diferenças entre antes e depois... é a vida que não volta para trás. Quanto ao barquinho, detesto! Espaço confinado, claustrofobia, uma trabalheira para atracar, manobrar, etc. Nem entendo como se pode gostar! Há gostos para tudo...

roserouge disse...

Jorge, já percebo porque é que nunca te vi por lá...rsrs. É preciso gostar mesmo. De vez em quando, sabe muito bem. Sabia bem...

Anónimo disse...

Bé, taí uma boa coisa para se levar para a ilha dia 15: um veleiro!

Bjs

roserouge disse...

E um canivete suíço...

João Menéres disse...

Não esquecer que um veleiro exige que o timoneiro tenha carta de patrão de costa (para não dizer mais).
Haverá tempo para fazer o curso quem a não tem?

João Menéres disse...

Não mencionaste o whisky...

roserouge disse...

É claro que o timoneiro tem carta de patrão de costa! Até dá aulas de vela e tudo!

João Menéres disse...

Embora há algum tempo afastado destas lides, a cara dele não me parece estranha... É da ANL ou do CNL?

O teu relato como sempre, rr, é da gente se partir!

Continua, madrinha.

Beijoca.

roserouge disse...

Não tenho a certeza, mas acho que é da ANL. Ele tem participado em regattas, esteve na America's Cup em 2007, como juiz eu acho. Já não me lembro bem.

belabarbosa disse...

Fantástico, Bé! Grandes momentos! Só tu mesmo para te lembrares de postar estas fotos fantásticas.
Não sou agarrada ao passado, mas estes passeios deixam muitas saudades. Obrigada pelo momento kodak :))

Ai, imagina só os estragos que a "dupla dos sete" faria na tal ilha deserta... e sem Alex para ir buscar o Raul depois das birras...
Até os caranguejos fugiam, apre!

Beijinhos
Bela

roserouge disse...

Belocas, que bom teres aparecido! Deixam saudades, pois deixam! O que a gente se divertia! Escolhi as melhores fotos, claro...rsrs Bjs e obrigada, aparece mais vezes!