(…)
Entretanto, Nauri, separada da família pelo furacão, viu-se lançada na sua própria e singular aventura. A água atirara-a ao mar por cima do atol, agarrada a uma tosca prancha de madeira que lhe havia ferido, magoado e esfolado o corpo. Uma vez no oceano, sob o assombroso acometimento daquelas verdadeiras montanhas de água, perdera a prancha. Era uma mulher de quase sessenta anos de idade, mas nascera nas Paumotus e sempre estivera em contacto com o mar. Enquanto nadava na escuridão, asfixiando, afogando-se, lutando por respirar, um coco bateu-lhe com força no ombro. Naquele mesmo instante, concebeu um plano. Recolheu o coco e durante os sessenta minutos seguintes, reuniu mais seis. Atando-os uns aos outros, formou com eles um cinto salva-vidas que a manteve à tona de água, embora, por outro lado, ameaçasse ferir-lhe o corpo. Era gorda e magoava-se com facilidade, mas já passara por muitos ciclones e, enquanto elevava preces ao deus encarregado de afugentar os tubarões, esperou que o vento amainasse. Às três horas encontrava-se num tal estado de apatia que já não se dava conta de nada. Quando, às seis, sobreveio a calma, não se apercebeu desse facto. Só recuperou os sentidos ao ser atirada à praia. Enterrou as mãos ensanguentadas na areia e, com a ajuda dos pés, rastejou até se encontrar fora do alcance das ondas.
Entretanto, Nauri, separada da família pelo furacão, viu-se lançada na sua própria e singular aventura. A água atirara-a ao mar por cima do atol, agarrada a uma tosca prancha de madeira que lhe havia ferido, magoado e esfolado o corpo. Uma vez no oceano, sob o assombroso acometimento daquelas verdadeiras montanhas de água, perdera a prancha. Era uma mulher de quase sessenta anos de idade, mas nascera nas Paumotus e sempre estivera em contacto com o mar. Enquanto nadava na escuridão, asfixiando, afogando-se, lutando por respirar, um coco bateu-lhe com força no ombro. Naquele mesmo instante, concebeu um plano. Recolheu o coco e durante os sessenta minutos seguintes, reuniu mais seis. Atando-os uns aos outros, formou com eles um cinto salva-vidas que a manteve à tona de água, embora, por outro lado, ameaçasse ferir-lhe o corpo. Era gorda e magoava-se com facilidade, mas já passara por muitos ciclones e, enquanto elevava preces ao deus encarregado de afugentar os tubarões, esperou que o vento amainasse. Às três horas encontrava-se num tal estado de apatia que já não se dava conta de nada. Quando, às seis, sobreveio a calma, não se apercebeu desse facto. Só recuperou os sentidos ao ser atirada à praia. Enterrou as mãos ensanguentadas na areia e, com a ajuda dos pés, rastejou até se encontrar fora do alcance das ondas.
Sabia onde estava, aquela terra só podia ser a pequena ilha de Takokota. Não tinha lagoa no centro, era uma ilha deserta. (…) Passaram vários dias, durante os quais se alimentou dos cocos que a tinham mantido a flutuar e que lhe proporcionaram água e alimento. Mas não comeu nem bebeu tanto como desejava. Era muito pouco provável que a viessem procurar. Viu o fumo dos vapores de salvamento a erguer-se no horizonte, mas porque razão um navio se acercaria de uma ilha isolada e deserta? (…) Esperou ser salva durante oito dias.
Jack London – A Casa de Mapuhi (excertos) in Contos do Pacífico
Jack London – A Casa de Mapuhi (excertos) in Contos do Pacífico
1º - Uma vaca leiteira. Espero bem que a querida Heloísa, a vaca, vá produzindo leite suficiente para me alimentar e matar a sede. Com o leite, farei queijo, manteiga e iogurtes e, cá para mim, ainda vou utilizar estes bens como moeda de troca a algum blogueiro náufrago e desesperado que me bata à porta da cabana cheio de fome. Ó Rose, tenho tanta fome… Ai, sim? Olha que maçada. Que tens aí prá troca? Nada?! Ai, não trouxeste nada de útil? Então e o canivetezinho suíço? Faz-te falta? Então, bebe água do mar, também faz bem…
2º - Um boi cobridor. Espera-se que Abelardo, o boi, cumpra as suas obrigações conjugais com a sua amada Heloísa e que daí resulte um vitelinho ou vitelinha de vez em quando. Vitelos estes que, quando crescerem, se espera também que constituam família. E por aí fora. Significa tudo isto mais leite e carne. E a fila de miseráveis, infelizes e esfomeados blogueiros a aumentar à porta da cubata. Coitados…
3º - O meu edredon de penas. Quentinho, quentinho, quentinho, que isto nunca se sabe… pode levantar-se uma briza fresca à noite e o Tarzan pode não estar ali à mão... por entre as penas e assim como quem não quer a coisa, conto levar o estojozinho da saúde com todos os “Essencial Beauty Care” do costume. E um pé de videira para enxertar não sei onde (depois logo se vê) sementes de trigo, de feijão, de tomate e de… bom deixa pra lá... Espero que aqueles dois guardas alfandegários, os algozes Jorge e Eduardo, soezes esbirros, cruéis ditadores torcinários, déspotas assassinos e vis genocidas sem perdão, estejam distraídos a olhar para alguma bunda daquelas ou um par de mamas daqueles.
4º - Uma caixa. Lá dentro haverá papel e canetas para escrever as minhas memórias e ainda 100 livros, o que dá uma média de 10 livros por ano, o que me parece razoável, pois terei pouco tempo livre. A Heloísa, o Abelardo e respectiva descendência manter-me-ão ocupada. Já para não falar da horta no quintal da mansão que entretanto foi sendo construída pelos outros desgraçados perdidos, humilhados e ofendidos em troca de comida.
5º - Cordas. Muitas cordas com as quais me amarrar a um coqueiro quando vier outro maldito ciclone como aquele que me atirou para este paraíso fiscal. Daqui não saio…
4º - Uma caixa. Lá dentro haverá papel e canetas para escrever as minhas memórias e ainda 100 livros, o que dá uma média de 10 livros por ano, o que me parece razoável, pois terei pouco tempo livre. A Heloísa, o Abelardo e respectiva descendência manter-me-ão ocupada. Já para não falar da horta no quintal da mansão que entretanto foi sendo construída pelos outros desgraçados perdidos, humilhados e ofendidos em troca de comida.
5º - Cordas. Muitas cordas com as quais me amarrar a um coqueiro quando vier outro maldito ciclone como aquele que me atirou para este paraíso fiscal. Daqui não saio…
Mankind Is No Island
Mas como cantava o poeta “é impossível ser feliz sózinho”, deixo-vos com esta curta-metragem, vencedora do Tropfest, o ano passado em Nova York.
O Tropfest é o maior festival de curtas metragens do mundo. Começou há 17 anos em Sydney, na Austrália. Teve a sua 1ª edição no ano passado em Nova York. O vencedor de 2008 foi este filme totalmente filmado com um telemóvel em Sidney e NY, com um orçamento de 40 dólares. O realizador é Jason van Genderen. Adorei, bati palminhas. Partilho convosco. Comida não, mas o filmezinho, vá lá…Enjoy…
Mas como cantava o poeta “é impossível ser feliz sózinho”, deixo-vos com esta curta-metragem, vencedora do Tropfest, o ano passado em Nova York.
O Tropfest é o maior festival de curtas metragens do mundo. Começou há 17 anos em Sydney, na Austrália. Teve a sua 1ª edição no ano passado em Nova York. O vencedor de 2008 foi este filme totalmente filmado com um telemóvel em Sidney e NY, com um orçamento de 40 dólares. O realizador é Jason van Genderen. Adorei, bati palminhas. Partilho convosco. Comida não, mas o filmezinho, vá lá…Enjoy…
39 comentários:
Bé, as imagens estao lindas e seu texto também. Acho melhor a minha ilha ser perto da sua pois adoro queijo, ahahahhahaha!!!
Bjus
Olá amiga.
Muito boas escolhas, a ideia da vaca e procriação é boa embora para mim não desse que não como carne vermelha, mas haverá por lá muito peixinho o que é bom.
Beijinho e boa chegada.
Beijo.
Nely.
O texto é ótimo e prova que a tua lista "básica" pode ser essencial nestes 10 anos. A ideia da corda é muito boa.
Eu só acrescentaria uma máquina perfuradora (aguinha é muito importante) e uma máquina digital (imagens para a posteridade).
Ótimo, ótimo post!
Quanto às escolhas, enxergas longe, em 3 anos pode abrir a primeira churrascaria-rodízio gaúcha dos confins dos mares do sul. E que vai ser a melhor, já que a clientela tem todo tempo do mundo vai poder comer sossegada, não vai ser atacada por vários garçons ao mesmo tempo com seus espetos gotejantes ...
E ... que maravilha esse curta-metragem !
Post maravilhoso, completo aqui, e muita diversificada as questões dessa lista, essa vaca muito me agradou, que bom que farei amizade contigo, pra ganhar, leite, manteiga, queijo, amei isso ! rs
beijos
Chris
Bé,
logo vi que querias mesmo é FATURAR $$$$$ ! srsrs
Foi a única, até agora que pensou em explorar os pobres náufragos!
Quanto ao Jorge e a mim, combinamos, um olho na bunda outro nas malas! Um olho nos peitos outro nas bagagens! Não passarão muambas nem peitos e bundas sem rigoroso controle!!!!!hahaha!
Bjs e vamos rindo com os ilhéus!
... Bé que belo trabalho vc fez aqui..cuidado com os fiscais da alfândega...eles são terríveis...:-)
Tanta tralha!!! Ainda acabas a construir prédios na ilha deserta. De qq forma vou fazer-te uma visita... se os pinguins deixarem (que eles são muito afectivos!)
Eu bem que queria ir ai jantar mas desta só vou tomar café, pelas 21h ta?
Adorei a lista, principalmento por ser ecologicamente correta.
Eco-Parabéns
gde poste!
curti o curta demais
Muito bom!! rs
Um abraço
MUITO BOM ! Me diverti bastante lendo suas escolhas!
esse video me emociona!
Beijos amei conhecer se blog!
que belo post. E que filme maravilhoso! Chorei!
fiz 2 listas:
ostrigemeos.blogspot.com
octaviolacombe.blogspot.com
abracos
Supreendente!! Grande Bé :)
Bj grande ;)
very very joli o filmezeco!
Menina, voc6e é demais, sabia? Gosto muito muito daqui.
Agora 100 livros? rsrsrsrrs Tá parecendo eu com meu barco?! Afe, como somos, não? Roubamos pontinho à bessa! E provamos que não entendemos o que lemos e nem tampouco fazer contas kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ví muitos poucos que levaram APENAS 5 coisinhas... Também, se não fosse o Amaury e outros que já ví por aí... rsrsrsrs ( olha a rima pobre) nossos amigos disciplinados morreriam rapidinho. Mas, o Amaury não deixará! Ele levará coisas necessárias para eles, eu garanto! Somos amigos na hora da dor e do amor.
Quanto ao Vitelo, você tem razão. Posso mandar o Amaury entregar um bem gordinho pra você. Sua Ilha deve ser encostadinha a minha, a da Dulcinéia... Da Georgia, ( que levou Kits e mais kits kakkakakaka, de tanta gente querida! Nossa! Podemos um dia nos reunir e falar de cinema, você daria boas aulas para nós, topas?
KKKKKKKKKKKKKK bom final de semana, E obrigada por seu carinho, CON
HAAHHAHA
Vou lá trocar qqr coisa por leite, vou sim!
Rsrsrsrs :)
Demais!
Parabéns!
Beijo e bom fim-de-semana!
Amei a imagem da sua onda... linda...
Muito legal tua participação nesta tertúlia minha amiga...parabéns!
Um beijão!
Bé,
fiquei completamente decepcionado com seu comportamento! Quando todos estamos tentando fazer dessa viagem e estadia uma festa de alegria e prazer, você só pensa em comercializar seu rebanho... Uma grande decepção! Materialista até a última!
Rebanho, não, caro fiscal alfandegário. É manada mesmo... já deves estar a ficar cheio de fome, não? Não havia peixe no mar, não? tsss tsss... quantas costoletas queres?
Bom, depois de ver o filme fiquei com vontade de ir para a ilha. Mas que fosse deserta mesmo, sem mais blogueiros desesperados a bater à não-porta da cabanita.
:-)
Interessante escolha! E se o boi, for, na realidade, um touro feroz? Bem podes fugir dele...em momentos de fúria.. cuidadoooo!!
Abraço, Susana
amei... vc colocou pra fora toda sua criatividade!!!
tbm estou participando, dá uma olhadinha por lá.
bjocas
Eu estava perdida sem saber o que levar..já sei..
Levarei mil coisinhas para barganhar...você providenciou tudo..hahaha
ADOREI..
Beijossssssssssss
Regina d´Ávila.
Nessas horas que é que brotam os nossos talentos hhehehe
Se você estivesse na novela das oito seria da casta dos comerciantes kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas adorei sua postagem... muito mesmo.
Até mais..
Rosalin
http://rosalinscheily.spaces.live.com
Nossa isso que é pensar nas coisa... você está de parabéns. Muito bom.
Sei não Berê... Um barco prá levar a vaca e o boi, tem que ser bem pesado não? Quanto ao papel e a caneta... São bem pesados também não?
Isso não vai afundar não?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Boa lista... me diverti muito!!!
Também me divirto muito com estas tertúlias! E esta, não foi nada fácil! Obrigada a todos pela visita e ainda bem que gostaram. Vamos ter muito tempo para fazer negócio!
Só não percebo porque é que levaste uma simples caixa. Porque não um contentor ? Caberiam mais coisas...
Consciência ecológica, caro Al, consciência ecológica... para além de ficar feio na paisagem, não deve jeito nenhum dormir lá, que aquilo com o sol ali a bater... e assim uma caixita de madeira sempre dá para acender o lume... queres uma costoleta?
Gostei.Mas principalmente da sua forma de escrever! Cômica, do jeito que eu gosto.É claro que os guardas da alfândega, vão se distrair! Eu passei com um iate!!
O detalhe do casal bovino, foi ótimo, e também a caixa! Eu terminei colocando dois itens para papel e caneta, claro, como diz, Conceição, comendo pontinhos...
Abraços!
Amiga. Gostei imenso das suas escolhas, inclusivé texto e fotos, mas fiquei a pensar: e se os animais adoecerem e morrerem, como é? Vai morrer de fome? Mas parece que não, as cordas resolvem o problema e pelo menos haverá côcos, não é verdade? Gostei do desafio destes brincalhões, afinal acabamos por ter oportunidade de conhecer novas pessoas, com novas ideias e isso é óptimo. Tudo de bom para si.
Eita!!
Fui assistir ao video despretensiosamente e fiquei super emocionada. Questionamentos. O que é liberdade?
Rose, eu nunca iria pensar em levar um casal bovino para uma ilha deserta no pacífico! Que imaginação, menina!! Gostei, gostei!!
Bom fim de semana! Beijus
excelente... parabéns!!!
Adorei sua bagagem, essencial....
@dis-cursos
Claro, RR, o EDUARDO a ti fechou os olhos ao teu clandestino estojo de cuidados especiais!
A mim, até contou aquilo que eu disse que não levava (mas que gostaria de levar SE PUDESSE!).
Mas como levas carne (que eu só poderei comer um ano depois...) eu trago-te a águazinha lá de cima da nascente, descansa.
Aliás a uma madrinha porreiraça como tu o que se nega?
NADINHA!
Gostei da tua postagem bem estruturada!
Beijos.
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