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sexta-feira, maio 15, 2009

Tertúlia Virtual - Ilha Deserta, 10 Anos

(…)
Entretanto, Nauri, separada da família pelo furacão, viu-se lançada na sua própria e singular aventura. A água atirara-a ao mar por cima do atol, agarrada a uma tosca prancha de madeira que lhe havia ferido, magoado e esfolado o corpo. Uma vez no oceano, sob o assombroso acometimento daquelas verdadeiras montanhas de água, perdera a prancha. Era uma mulher de quase sessenta anos de idade, mas nascera nas Paumotus e sempre estivera em contacto com o mar. Enquanto nadava na escuridão, asfixiando, afogando-se, lutando por respirar, um coco bateu-lhe com força no ombro. Naquele mesmo instante, concebeu um plano. Recolheu o coco e durante os sessenta minutos seguintes, reuniu mais seis. Atando-os uns aos outros, formou com eles um cinto salva-vidas que a manteve à tona de água, embora, por outro lado, ameaçasse ferir-lhe o corpo. Era gorda e magoava-se com facilidade, mas já passara por muitos ciclones e, enquanto elevava preces ao deus encarregado de afugentar os tubarões, esperou que o vento amainasse. Às três horas encontrava-se num tal estado de apatia que já não se dava conta de nada. Quando, às seis, sobreveio a calma, não se apercebeu desse facto. Só recuperou os sentidos ao ser atirada à praia. Enterrou as mãos ensanguentadas na areia e, com a ajuda dos pés, rastejou até se encontrar fora do alcance das ondas.
Sabia onde estava, aquela terra só podia ser a pequena ilha de Takokota. Não tinha lagoa no centro, era uma ilha deserta. (…) Passaram vários dias, durante os quais se alimentou dos cocos que a tinham mantido a flutuar e que lhe proporcionaram água e alimento. Mas não comeu nem bebeu tanto como desejava. Era muito pouco provável que a viessem procurar. Viu o fumo dos vapores de salvamento a erguer-se no horizonte, mas porque razão um navio se acercaria de uma ilha isolada e deserta? (…) Esperou ser salva durante oito dias.
Jack LondonA Casa de Mapuhi (excertos) in Contos do Pacífico

Cinco coisas muito importantes:
- Uma vaca leiteira. Espero bem que a querida Heloísa, a vaca, vá produzindo leite suficiente para me alimentar e matar a sede. Com o leite, farei queijo, manteiga e iogurtes e, cá para mim, ainda vou utilizar estes bens como moeda de troca a algum blogueiro náufrago e desesperado que me bata à porta da cabana cheio de fome. Ó Rose, tenho tanta fome… Ai, sim? Olha que maçada. Que tens aí prá troca? Nada?! Ai, não trouxeste nada de útil? Então e o canivetezinho suíço? Faz-te falta? Então, bebe água do mar, também faz bem…

- Um boi cobridor. Espera-se que Abelardo, o boi, cumpra as suas obrigações conjugais com a sua amada Heloísa e que daí resulte um vitelinho ou vitelinha de vez em quando. Vitelos estes que, quando crescerem, se espera também que constituam família. E por aí fora. Significa tudo isto mais leite e carne. E a fila de miseráveis, infelizes e esfomeados blogueiros a aumentar à porta da cubata. Coitados…

- O meu edredon de penas. Quentinho, quentinho, quentinho, que isto nunca se sabe… pode levantar-se uma briza fresca à noite e o Tarzan pode não estar ali à mão... por entre as penas e assim como quem não quer a coisa, conto levar o estojozinho da saúde com todos os “Essencial Beauty Care” do costume. E um pé de videira para enxertar não sei onde (depois logo se vê) sementes de trigo, de feijão, de tomate e de… bom deixa pra lá... Espero que aqueles dois guardas alfandegários, os algozes Jorge e Eduardo, soezes esbirros, cruéis ditadores torcinários, déspotas assassinos e vis genocidas sem perdão, estejam distraídos a olhar para alguma bunda daquelas ou um par de mamas daqueles.

- Uma caixa. Lá dentro haverá papel e canetas para escrever as minhas memórias e ainda 100 livros, o que dá uma média de 10 livros por ano, o que me parece razoável, pois terei pouco tempo livre. A Heloísa, o Abelardo e respectiva descendência manter-me-ão ocupada. Já para não falar da horta no quintal da mansão que entretanto foi sendo construída pelos outros desgraçados perdidos, humilhados e ofendidos em troca de comida.

- Cordas. Muitas cordas com as quais me amarrar a um coqueiro quando vier outro maldito ciclone como aquele que me atirou para este paraíso fiscal. Daqui não saio…



Mankind Is No Island
Mas como cantava o poeta “é impossível ser feliz sózinho”, deixo-vos com esta curta-metragem, vencedora do Tropfest, o ano passado em Nova York.
O Tropfest é o maior festival de curtas metragens do mundo. Começou há 17 anos em Sydney, na Austrália. Teve a sua 1ª edição no ano passado em Nova York. O vencedor de 2008 foi este filme totalmente filmado com um telemóvel em Sidney e NY, com um orçamento de 40 dólares. O realizador é Jason van Genderen. Adorei, bati palminhas. Partilho convosco. Comida não, mas o filmezinho, vá lá…Enjoy…