E ele disse: - Se os filmes militares fossem sucessos estrondosos, nós não faríamos outra coisa senão filmes sobre o exército. Mas agora falando sério, o patriotismo é uma coisa que todos nós, americanos, temos em comum. - Quem é, quem é?
quinta-feira, abril 30, 2009
Antes As Mulheres
Só quando os homens chegam a uma certa idade é que podem dizer com certeza que as mulheres são melhores do que eles em tudo - mesmo na bola, a carregar pianos, a lutar com jacarés ou nas outras coisas em que ganhávamos quando éramos mais novos e brutos e fortes. Quando se é adolescente, desconfia-se que elas são melhores. Nos vintes, fica-se com a certeza. Nos trintas, aprende-se a disfarçar. Nos quarentas, ganha-se juízo e desiste-se. Nos cinquentas, começa-se a dar graças a Deus que seja assim. Os homens que discordam são os que não foram capazes de aprender com as mulheres (por exemplo, a serem homenzinhos), por medo ou vaidade ou estupidez. Geralmente as três coisas. Desde pequenino, habituei-me que havia sempre pelo menos uma mulher melhor do que eu. Começou logo com a minha linda e maravilhosa mãe, cuja superioridade - que condescendia, por amor, em esconder de vez em quando - tem vindo a revelar-se cada vez mais. As mulheres são melhores e estão fartas de sabê-lo. Mas, como os gatos, sabem que ganham em esconder a superioridade. Os desgraçados dos cães, tal como os homens, são tão inseguros e sedentos de aprovação que se deixam treinar. Resultado: fartam-se de trabalhar e de fazer figuras tristes, nas casas e nas caças e nos circos. Os gatos, sendo muito mais inteligentes, acrobatas e jeitosos, sabem muito bem que o exibicionismo não leva à escravatura vil. Isto não é conversa de engate. É até um tira-tesões. Mas é a verdade. E é bonita.
Miguel Esteves Cardoso
8/3/2009 - Ainda Ontem
quarta-feira, abril 29, 2009
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 75ª parte
O que eu acho é que aqui o nosso rapaz andou a ajudar a mãezinha dele a limpar o pó lá de casa. Como naquela época ainda não devia haver aqueles produtos limpa-móveis-antiestáticos-aromas-do-bosque-para-quem-ama-a-sua-casa, teve um valente ataque de espirros e bateu com a testa na estante. Já na altura, se preocupava com o ar que respira. Este é tão fácil, que até chateia. Quem é, quem é?
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 74ª parte
Foi o rapaz aqui à esquerda que disse isto. Nesta tranquila foto de família - possivelmente num domingo à tarde, algures nas Ilhas Britânicas - ele ainda não sabia que iria tornar-se num dos mais famosos fenómenos mediáticos, nem tinha ainda encontrado aquilo que procurava tanto. Ou lá o que isso quer dizer. Quem é, quem é?
terça-feira, abril 28, 2009
Este Verão, Queres Ser Sereia Ou Baleia?
Há uns dias, numa cidade de França, um cartaz, com uma jovem espectacular, na montra de um ginásio, dizia: "Este Verão, Queres Ser Sereia ou Baleia?" Dizem que uma mulher jovem-madura, cujas características físicas não interessam, respondeu à pergunta publicitária nestes termos: "Estimados Senhores: As baleias estão sempre rodeadas de amigos (golfinhos, leões-marinhos, humanos curiosos). Têm uma vida sexual muito activa, engravidam e têm baleiazinhas ternurentas, às quais amamentam. Divertem-se à brava com os golfinhos, enchendo a barriga de camarões. Brincam e nadam, sulcando os mares, conhecendo lugares tão maravilhosos como a Patagónia, o mar de Barens ou os recifes de coral da Polinésia. As baleias cantam muito bem e até gravam CD's. São impressionantes e practicamente não têm outros predadores além dos humanos. São queridas, defendidas e admiradas por quase toda a gente.
As sereias não existem. E, se existissem, fariam fila nas consultas dos psicanalistas, porque teríam um grave problema de personalidade, "mulher ou peixe?" Não têm vida sexual, porque matam os homens que delas se aproximam, além disso, por onde? Por isso, também não têm filhos. São bonitas, é verdade, mas solitárias e tristes. Além disso, quem quereria aproximar-se de uma rapariga que cheira a peixaria? Para mim está claro, quero ser baleia.
P.S.: Nesta época em que os meios de comunicação nos metem na cabeça a ideia de que apenas as magras são bonitas, prefiro disfrutar de um gelado com os meus filhos, de um bom jantar com um homem que me faça vibrar, de um café e bolos com os meus amigos. Com o tempo ganhamos peso, porque ao acumular tanta informação na cabeça, quando já não cabe, espalha-se pelo resto do corpo, por isso não estamos gordas, somos tremendamente cultas. A partir de hoje, quando vir o meu rabo no espelhos, pensarei: Meu Deus, que inteligente que sou..."
Por tudo isto, minha gente, muito cuidado com aquilo que vão escolher para levar para a vossa ilha deserta durante 10 anos... a próxima tertúlia dia 15 de Maio vai meter água!!! Splash!!!
Por tudo isto, minha gente, muito cuidado com aquilo que vão escolher para levar para a vossa ilha deserta durante 10 anos... a próxima tertúlia dia 15 de Maio vai meter água!!! Splash!!!
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 73ª parte
Estou cheia de preguiça para fazer posts mas então, vá lá... Esta foto é de uma turma do 4º ano, em 1920, algures no EUA. O rapaz que nos interessa, está na segunda fila a contar de baixo, encostado à parede e tem a mão esquerda no queixo. Se eu pusesse aqui uma das suas citações mais famosas ou em que ano ele a proferiu, vocês, (espertos como tudo) chegavam lá numa pressinha. E eu quero ver-vos sofrer... Não sei porquê, mas estou cá desconfiada que este post vai render... Quem é, quem é?
segunda-feira, abril 27, 2009
sábado, abril 25, 2009
Alice e os Candeeiros
Nós tocámos com os Led Zeppelin num dos seus primeiros concertos nos EUA, no Whisky A Go-Go, na Sunset Strip, em Hollywood. Era a primeira vez que tocavam em LA, deram três concertos lá, antes de continuarem a sua 1ª digressão em 1969. Nós ficávamos sempre tão cansados depois dos concertos que nem tínhamos energia para destruir quartos de hotel e essas coisas. Bem, pensando melhor, sou bem capaz de ter escavacado um ou dois candeeiros contra a parede, mas à medida que o tempo foi passando, os Led Zeppelin tornaram-se peritos nisso. - Alice Cooper
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 71ª parte
Ela é um pesadelo na cozinha. Não sabe nem ferver água.
Quem é, quem é?
Onde Estavas No 25 de Abril?
Sábado, 25 de Abril, aniversário da revolução do distante ano de 74, é também o aniversário de RadioKaput.Jorg e Pan Sorbe - um no cravo, outro na ferradura - convidam todos os amigos (as), lefties, canhotos, revolucionários e evolucionistas, para a festa de celebração revolucionária, comunitária, kitsch e anarquista no LEFT a partir da meia-noite.
O povo é quem mais ordena!!!
O povo é quem mais ordena!!!
25 de Abril de 1974. Liceu Nacional do Entroncamento. Aula de matemática, a última do período da manhã. De repente, alguém bate à porta. Toc, toc, toc. Siiim, fachavor?! Uma contínua entra e boa tarde, sôtora, desculpe interromper mas é que...- e segreda qualquer coisa ao ouvido da professora que deixa cair o queixo num oooohhhh de espanto, de pânico ou de alegria, não percebi muito bem. A aula terminou naquele momento e mandam-nos ir para o refeitório. Começo a notar que algo se passa de pouco usual. Alguns miúdos, põem as mochilas às costas e saem do liceu, outros já têm os pais cá fora à espera deles. Outros correm pelos corredores. Que se passa, que aconteceu? Ninguém sabe muito bem, todos os meus coleguinhas são da minha idade 12/13 anos e nenhum sabe dizer nada, estamos todos à toa. Entramos no refeitório e aí tenho a certeza absoluta que aconteceu qualquer coisa: o local está praticamente vazio, estranhamente silencioso, quando àquela hora o normal é estar atulhado de miúdos a almoçar na maior chilreada, bandos de pardais à solta, como canta Carlos do Carmo. A meio do almoço, entra a vice-reitora. Pomo-nos todos imediatamente em pé (naquela época era assim). E é então que ficamos a saber que se "deram uns acontecimentos revolucionários lá para Lisboa, mas temos que manter a calma e, por conseguinte, hoje não há aulas da parte da tarde, podem ir todos para casa". Hihihihih, pulinhos, não há mais escola hoje! Fui entretanto avisada para não sair do liceu porque alguém iria buscar-me. Quando o amigo dos meus pais chegou, perguntei-lhe o que tinha acontecido. Lá me explicou mais ou menos, lá percebi mais ou menos. Ao chegar a casa, soube que o meu pai, como era militar, tinha ficado de prevenção no quartel (nos páraquedistas em Tancos). Sentei-me em frente à televisão, passei o resto do dia a ouvir o "E Depois do Adeus" e "Grândola Vila Morena" e achei aquilo tudo verdadeiramente extraordinário. Era aqui que eu estava no 25 de Abril.
sexta-feira, abril 24, 2009
quarta-feira, abril 22, 2009
Elvis, The Pelvis
A Revolução Nas AncasElvis Presley surgiu num momento especial da América, quando os adolescentes se assumiram como um novo mercado capaz de suportar uma revolução - a do rock and roll. Antes de ser engolido pelo sistema, enviado para a Alemanha como símbolo de boas intenções do Tio Sam, usado por Hollywood em filmezinhos de sómenos e, por fim, enfiado em Las Vegas protagonizando os seus freak-show muito particulares, Elvis Presley agitou toda uma sociedade confortavelmente instalada no american way of life, com um provocador abanar de ancas e uma voz que, através da rádio, levantava muitas dúvidas sobre a sua origem racial, quando a segregação era ainda uma dura e negra realidade. Frank Sinatra, que mais tarde haveria de se tornar seu amiguinho, foi um dos que mais o atacou. Dizia ele: "A sua música provoca reacções bastante negativas e destrutivas entre os jovens".
A Fase Terminal
Depois de ter andado durante 12 anos a fazer filmezinhos palermas em Hollywood - nada mais, nada menos que 31 filmes - em Julho de 1969, Elvis regressou àquilo que sabia fazer melhor: concertos ao vivo. O local seria o maior e mais espalhafatoso parque de diversões para adultos no Planeta Terra: Las Vegas! Exibindo uma excelente forma, tanto física como vocal, a sua primeira temporada no International Hotel - mais tarde rebaptizado Hilton Hotel - foi um sucesso arrebatador, tanto em termos de crítica como de bilheteira. Mas esses tempos duraram pouco. De 1970 em diante, Elvis ficou preso a um contrato que o obrigava a, duas vezes por ano, fazer temporadas de um mês que implicavam dois espectáculos por dia, sete dias por semana. Refugiado na sua suite do 30º andar, embrutecido pela rotina, fazendo apenas vida nocturna e isolado da realidade pela máfia de Memphis (os seus guarda-costas), ele voltou a agir como se de uma criança mimada se tratasse. O que quer que Elvis pedisse, Elvis tinha: armas, drogas, mulheres - cada vez mais novas, ao ponto da sua ex-mulher Priscilla dizer que ele "não conseguia ter sexo com mulheres que já tivessem sido mães". Ingeria quantidades absurdas de junk-food com uns barbitúricos a temperar. A sua refeição favorita era uma sanduíche capaz de produzir um enfarte só de olhar, recheada com doce de morango, manteiga de amendoim e bacon. Ficou dependente de drogas para fazer tudo. Só em 1977 - ano da sua morte, em Agosto - foram-lhe receitados cerca de 10.000 comprimidos entre sedativos, anfetaminas e analgésicos pelo seu médico pessoal, o "Dr. Nick".
A acumular peso e com o cérebro toldado químicamente, o comportamento de Elvis Presley tornou-se cada vez mais errático e imprevisível. Certa vez, no Hilton, disparou cinco ou seis balas para o tecto só para mandar calar as pessoas que estavam consigo na suite. Também rebentou com a televisão aos tiros, porque estava ao telefone e queria desligá-la. E em palco balbuciava incoerentemente e esquecia-se das letras dos temas que já tinha cantado centenas de vezes, mais parecendo um sonâmbulo obeso, suado e caótico e que já mal conseguia caber dentro dos seus famosos fatos brancos cobertos de lantejoulas. O seu último espectáculo em Las Vegas foi a 12 de Dezembro de 1976, e nos bastidores perguntou a um evangelista da TV se deveria deixar de cantar e dedicar-se unicamente a Jesus. Talvez tivesse sido melhor.
A 16 de Agosto de 1977, Elvis chega a Graceland, alguns minutos depois da meia-noite. No portão estão vários fãs, um deles é Robert Call, que lhe tira uma foto. A última foto de Elvis em vida. Às 15:30h deste mesmo dia, Elvis é declarado morto vítima de um ataque cardíaco. A autópsia revelou a ingestão de oito ou mais drogas (morfina, valium e valmid, entre outras). Tinha apenas 42 anos. Olá, ó vida malvada.
A Padeira do Fogueteiro
Foto de Raul Barbosa, meu cunhado e irmão do saudoso Roberto.
Esta pequena aqui à esquerda, sou eu no esplendor dos meus 25 anos. A bébé ao meu colo, é a minha única filha, Cristiana, no vigor dos seus oito meses de idade. Como podem reparar pelo ar sizudo da pecanita, rir não era muito com ela. Comia bem, dormia melhor ainda, fazia xixi, cócó, não fazia birras, nunca me deu uma noite sem dormir (desde que nasceu), brincava muito sózinha com os seus brinquedos, mas rir... nada. Ou quase nada. Eu bem me esforçava a fazer palhaçadas, cutchi cutchi, gugu dádá e outros disparates, mas a pequena nada de mostrar os dentinhos. E era assim com toda a gente. Havia, porém, uma excepção: a padeira. A senhora da padaria onde eu ia todos os dias comprar o pãozinho lá para casa. Naquela época, morávamos numa terreola ali na margem sul, mesmo ao pé do Fogueteiro. Hoje em dia, cada vez que me lembro que já vivi na margem sul, até me vomito toda. Mas adiante. E então lá ia eu com a pequena no carrinho (fiquei em casa com ela, só foi para o infantário com três anos) dar um passeio matinal e comprar pão. O pão que consumíamos lá em casa - eu e o meu marido - eram seis carcaças por dia (carcaça é um pão pequeno, ideal para fazer sanduíches). Assim que entrávamos na padaria a Dona Não Sei Quantas - não me lembro já do nome da senhora - inclinava-se sobre o balcão e começava a falar com a miúda. E olha, era vê-la a arreganhar-se toda, a mostrar as gengivas e os dentinhos que entretanto foram aparecendo e a gesticular, a dar aos pézinhos e às mãozinhas toda contentinha como se tivesse visto a Nossa Senhora! Eu ficava para morrer! Quéquéisto? Então para mim, que sou a mãe, nunca se ri e assim que entra aqui abre logo a boca toda?! E a Dona Não Sei Quantas respondia: ah, é porque ela gosta de mim! Então e eu, que sou a mãe?! E a gente ria-se e tal mas a bem dizer, comecei a ficar incomodada com aquilo, cheiínha de ciúmes. Um dia entrei e só lá estava a filha da senhora, uma miúda dos seus sete ou oito anos. A tua mãezinha não está? Está sim, está ali a conversar com uma senhora. Então, se não te importas vai lá chamá-la, por favor, estou com um bocadinho de pressa, tá bem? A miúda saíu e quando voltou trazia a mãe atrás (a padeira) que olhou para mim e disse: "Ah, é a menina das seis carcaças, a minha filha não sabia dizer quem era..." Parou tudo. Desculpe?! A menina das seis carcaças? A menina das...!? Ah não, essa não! Quer dizer, para além de ser a única que recebia os sorrisos da minha filha ainda me chamava "menina das seis carcaças"? Pois, aquilo não me caíu lá assim muito bem, não. Gruuumpfff... Fiz birra e com o tempo, deixei de lá ir. Há mais padarias na terra. Ora, não querem lá ver!...
A Cristiana tem hoje 23 anos e ri-se por tudo e por nada. Ainda bem, fico muito contente por isso. E adora que eu lhe conte estas histórias de quando era bébé e das quais, obviamente, não tem memória. Mas diz que se lembra da padeira. Só pode ser para me chatear...
terça-feira, abril 21, 2009
Terapia de Grupo
21 de Abril de 1969. No quarto de hotel de Janis Joplin, vindos directamente do Royal Albert Hall, onde tinham acabado de dar um concerto que ficou memorável, o guitarrista da banda, Sam Andrew, começou a ficar azul. Partindo do princípio que a causa devia ser o consumo abusivo de alguma daquelas substâncias que andavam por ali por cima das mesas, Joplin e o fotógrafo Bob Seidemann, despiram-no e enfiaram-no numa banheira cheia de água. "E íamos dizendo: respira, Sam, respira" - relembra Seidemann - "e Sam insuflou as bochechas como fazem os miúdos e disse: vou suster a respiração se não se forem já embora daqui!" Mesmo a calhar, e para além de Eric Clapton e outras celebridades emergentes da época, andava por ali a deambular uma conhecida groupie de Frank Zappa chamada Suzy Creamcheese. Mostrando um total desconhecimento pelas mais elementares noções de primeiros socorros, Suzy resolveu improvisar, tirando as cuecas. Tal como Seidemann contou mais tarde, "ela não tardou a sentar-se completamente escarranchada em cima dele, administrando a terapia mais inacreditável que alguma vez vi na vida a um doente por o.d."
Mesmo assim, Sam Andrew continuava azul e inconsciente. Como tal, Seidemann e o artista plástico Stanley Mouse, fizeram o que geralmente fazem adultos responsáveis nestas ocasiões: ligaram para o room-service e mandaram vir pêssegos melba. Por fim, mais por pura sorte do que outra coisa qualquer, as cores (outras, sem ser azul) regressaram à cara do guitarrista. Chegou-se ao pé de Joplin e disse-lhe: "Sorry about that, Janis..."
Sam Andrew lá conseguiu safar-se naquela noite. Já tanta sorte assim, não teve Janis Joplin menos de dois anos depois.
Fonte: Revista Mojo Classic - The Ultimate Collectors Edition
domingo, abril 19, 2009
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 68ª parte
Love is to care
Caring and sharing
Long, long live love, love, love, love, love
Ohhh Long, long live love
As long as we live
Living forgiving
Long, long live love
Quem é, quem é?
Waltzing Mathilda
Quinta-feira à tarde. O telefone toca. Alô, pequena? Era a minha amiga Paula. Oi, tás boa? Tou e tu? Também, que contas? Queres ir logo à noite àquele bar irlandês ali no Cais do Sodré, o O'Gilins? O Flappy vai lá tocar e vai o pessoal todo. Ah, boa boa, aonde e a que horas? Combinámos a hora, apanhei-a em casa e lá fomos todas contentinhas para a night. O bar não é muito grande e já estava a abarrotar quando chegámos. A única mesa que havia livre era mesmo a mais perto do palco, (palco é como quem diz...) ou seja, do pequeno estrado onde os músicos tocam e deixaram-nos ficar ali mesmo. Assim que nos sentámos e antes de mandar vir duas Guiness pequenas, reparei que na mesa ao lado, estava um pequeno grupo de irlandeses particularmente barulhentos. E já muito bêbados. Eram cerca de 6 ou 7 pessoas, com pouco mais de 20 anos. Não consigo perceber porque raio é que os irlandeses só procuram bares irlandeses quando estão fora do país deles. E é assim em qualquer parte do mundo. Onde há um bar irlandês, tem de certeza irlandeses bezanas lá dentro a dar a conhecer ao mundo o folclore celta. Os músicos, Alexandre Simões no sax e flauta (o tal Flappy, que é amigo do pessoal da av. de roma) a Margarida (não me lembro do apelido) na voz e o João Rato nas teclas, começaram a instalar-se cada um no seu canto. O Vítor, o Luís, a Joana e o Moisés chegam pouco depois e notam imediatamente que daquela mesa ali do lado vem uma barulheira insuportável. Fazemos alguns comentários entre nós, cabrões dos irlandeses que não se calam, e venham mais umas cervejas que a malta está cheia de sede. Começa a chegar o pessoal da Av. de Roma, o Pedro, o Nica, a Marta, o Bernardo e trazem atrelado um norueguês que ninguém sabe muito bem quem é nem donde vem, mas que anda sempre com eles para todo o lado e ainda por cima tem um nome impronunciável. O tipo é gigantesco, tem cerca de 50 anos, ri-se muito, não fala mas também não chateia. O inglês dele é péssimo e o português vou-te contar. A gente pergunta "Tudo bem? Ele responde: tudo bem". Pronto, já conversámos tudo. Bate palmas com as mãos todas esticadas como se fossem duas espátulas. Diz a lenda que é um antigo professor reformado que resolveu instalar-se em Lisboa. Mas ninguém sabe muito bem. Tratei logo de lhe chamar "Leif Eriksson", ficou resolvido o assunto.
Na mesa dos irlandeses, a chinfrineira continua. O pior deles todos é uma miúda que guincha desalmadamente, de tal forma que, segundo um dos meus amigos, se ouvia nas casas de banho, que ficam ao fundo do bar. Os músicos começam a tocar. Alguns clientes atrevem-se a soltar uns tímidos shiuuuu, mas a coisa não resulta. Começo a sentir o sangue a aquecer. Chamo a empregada e pergunto-lhe se ela não se importa de lhes pedir por favor para falarem mais baixo. Ela responde que não pode fazer isso porque não seria ético da parte dela. Então e se for eu a falar com eles?, pergunto eu. Resposta dela: pode fazê-lo se quiser, mas não vai resultar. E o sangue a subir de temperatura...
A esta hora já os meus amigos (uns queridos) me tinham começado a envenenar. Eh, pá ó Bé, manda lá aí calar os gajos... enfia-lhe uma rolha na boca, irlandesa chungosa... pago-te uma cerveja no Lux... não és mulher nem és nada... vá lá ! Chega o Ricardo, a quem carinhosamente chamamos "o nosso Hércules", devido à sua imponente compleição física - 1,65m por 55 kg ou coisa assim - e a primeira coisa que diz é: quésta merda? Estava a referir-se à mesa do lado, claro. Os músicos continuavam a tocar, mas manifestamente incomodados. E a algazarra continuava. E a waltzing mathilda continuava a guinchar mais alto que os outros. Parecia um porco em dia de matança. E todo o bar dizia shiuuuuu mas ninguém fazia nada. Ó Bé, põe ordem nesses gajos! Porquê eu? Porque a gente gosta de te ver irritada. Isto é coisa que se diga a uma amiga? E o sangue a entrar em ebulição. Ó pequena, traga-me mais uma imperialzinha, fachavor, a ver se isto acalma...
E o Flappy soprava no sax, o João acariciava as teclas e a Margarida (excelente voz) cantava. Vindo do Eire ali mesmo ao lado, o desrespeito por quem estava a trabalhar e a manifestar-se artisticamente era notório. Às tantas passei-me, o sangue ferveu mesmo e começam a sair anéis de fumo do meu nariz. Saltou-me a tampa. Inclinei-me sobre a mesa dos celtas, olhei a waltzing mathilda olhos no olhos, encostei o meu nariz fumegante ao nariz dela e disse-lhe: "The musicians are playing. Show some RESPECT. Shut the fuck up, pleeeeaaaaase!" Resposta dela: "ooooooohhhh, ok, ok. I'm sorry, I'm so sorry. Won't happen again". Baixaram instantaneamente o tom de voz e até já batiam palminhas e tudo. Dez minutos depois pegaram nos casacos e desapareceram, para alívio dos presentes. Às vezes não consigo perceber mesmo a natureza humana. Seremos todos cães a precisar da voz do dono? Para alguns de nós, a noite acabou no Lux.
sábado, abril 18, 2009
Tom Waits - The Piano Has Been Drinking
"I'd rather have a bottle in front of me, than a frontal lobotomy" - Tom Waits
sexta-feira, abril 17, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
Cinco Sentidos
1907/08
E deste-me, Senhor, cinco sentidosServindo tão precária Razão
Para entender porque é que os homens vão
Ficando cada vez mais pervertidos.
Do Mundo vejo seus cristais partidos;
As almas toco frias de Paixão;
E, de revolução em revolução,
Só oiço o arfar dos oprimidos.
Há cheiro a pólvora, no ar, mais denso;
Na boca um paladar a sangue humano
E no peito Himalaias de maldade.
Não sei, Senhor, não sei! Segundo penso,
Para extirpar de vez tamanho dano,
Só mesmo destilando a Humanidade.
António de S.Tiago
quarta-feira, abril 15, 2009
Tertúlia Virtual - O Prazer
De Qualquer Maneira
O marido de Peronella regressa a casa e ela esconde o amante num tonel. Ora o marido acabara de o vender, mas ela assegura tê-lo por sua vez vendido a um homem que está precisamente dentro dele a ver se está em bom estado. O indivíduo sai então do seu esconderijo, faz com que o marido raspe o tonel e acaba por levá-lo consigo.
Em Nápoles - a história é recente - um homem pobre casou com uma bonita e graciosa rapariga chamada Peronella (prazer). Ele tinha a profissão de pedreiro, ela fiava. Ganhava pouco e viviam um dia melhor, outro pior. Ora um belo rapaz reparou um dia na rapariga e gostou dela. Fez-lhe então uma corte tão insistente que conseguiu obter os seu favores (muito prazer). A maneira como se encontravam era esta: como o marido se levantava todas as manhãs muito cedo, a fim de ir para o trabalho ou a fim de o procurar, o conquistador andava ali por perto (também à procura, mas do prazer) a ver quando ele saía. A rua onde o casal morava que se chama Avorio, era muito solitária e por isso nada era mais fácil do que entrar então em casa. Tais precauções foram muitas vezes coroadas do maior êxito (o maior prazer por ali).Ora numa manhã em que Giannel Stignario - assim se chamava o rapaz - entrara em casa da amante e lhe fazia companhia (mais uns bocadinhos de prazer), o marido, cuja ausência costumava durar o dia inteiro, regressou pouco depois de ter saído. Achou a porta fechada por dentro, bateu, e, enquanto batia, ia pensando: «Meus Deus, que o teu nome seja abençoado por todo o sempre! Fizeste-me pobre, mas, pelo menos, compensaste-me dando-me por mulher esta boa e honesta rapariga. Como ela correu o ferrolho logo que eu parti, a fim de que ninguém possa entrar e causar-lhe aborrecimentos!»
Peronella, que tinha ouvido o marido e reconhecido a sua maneira de bater, disse então:
- Ai de mim, Giannel, estou morta. É o meu marido, maldito seja, que voltou. Que quererá isto dizer? Nunca vem a casa a esta hora. Talvez te tenha visto entrar. Paciência. Por amor de Deus mete-te naquele tonel. Eu vou abrir a porta. Logo se verá por que razão voltou ele para trás.
Giannel saltou para dentro do tonel (raisparta, queres ver que fico hoje sem o meu prazer). Peronella foi então abrir a porta ao marido e disse-lhe de má catadura:
- Mas que novidade é esta de voltares assim para casa? Ao que vejo, não estás hoje para fazer nada e voltas com as ferramentas na mão. Por este andar de que vamos nós viver? Onde encontraremos pão? Se julgas que te deixo pôr a minha saia e as minhas outras roupas no prego estás muito enganado. Dia e noite não faço senão fiar - tanto que já nem tenho carne à volta das unhas - para que ao menos haja azeite suficiente na candeia. Homem, todas as vizinhas se espantam; troçam de mim e de tudo o que eu faço, de tudo o que eu suporto. E tu voltas-me de braços caídos quando devias estar na obra.
Dito isto Peronella desfez-se em lágrimas e prosseguiu:
- Oh! mas que desgraça a minha! Que sorte havia de ter! Em que má hora havia eu de ter nascido! Podia ter casado com um bom rapaz e não o quis por este indivíduo que não quer saber para nada da mulher. As outras divertem-se com os amantes - cada uma tem dois ou três - e mostram a Lua aos maridos, fazendo-os acreditar que é o Sol. Pobre de mim! Sou boa mulher e não é esse o meu género. É por isso que tenho uma pouca sorte assim. Mas porque não hei-de eu tê-los como as outras? Ouve, homem, estou a falar a sério. Se quisesse portar-me mal, achava forma para o meu pé. Não faltam por aqui bonitos rapazes que me acham a seu gosto e que me querem bem. Já me ofereceram dinheiro ou roupas e jóias se eu as preferisse. Mas não tenho disposição para isso porque a minha mãe educou-me de outra maneira. E tu voltas para casa quando devias estar no trabalho!
- Por Deus, mulher, não te rales tanto. Sei muito bem quem tu és, e ainda esta manhã me deste mais uma prova. A verdade é que fui à obra. Mas acho que também não estás ao corrente, como o que me aconteceu a mim. Hoje é dia de São Galeão e não se trabalha. Foi por isso que me vim embora. Mas não tem importância. Pensei em tudo e encontrei maneira de arranjar pão para mais de um mês. Estás a ver o homem que me acompanha? Vendi-lhe o tonel que nos enche a casa, tão grande é. Dá-me por ele cinco florins.
Peronella respondeu então:
- Muito bem, é o cúmulo. Tu és homem, andas por aqui e por ali. Devias saber o preço das coisas. E vendeste o tonel por cinco florins! Eu sou uma pobre mulher e por assim dizer nunca saio, mas, por causa do aborrecimento que nos causava em casa, vendi-o por sete florins a um freguês. Quando chegaste acabava ele de entrar para verificar se o tonel estava em bom estado.
O marido, ouvindo isto, não cabia em si de contente. Voltou-se para o homem que o acompanhava e disse-lhe:
- Vai com Deus, bom homem. Como já ouviste, a minha mulher vendeu-o por sete florins, quando tu só me oferecias cinco.
- Está bem, disse o indivíduo, afastando-se.
- Oh! mas que desgraça a minha! Que sorte havia de ter! Em que má hora havia eu de ter nascido! Podia ter casado com um bom rapaz e não o quis por este indivíduo que não quer saber para nada da mulher. As outras divertem-se com os amantes - cada uma tem dois ou três - e mostram a Lua aos maridos, fazendo-os acreditar que é o Sol. Pobre de mim! Sou boa mulher e não é esse o meu género. É por isso que tenho uma pouca sorte assim. Mas porque não hei-de eu tê-los como as outras? Ouve, homem, estou a falar a sério. Se quisesse portar-me mal, achava forma para o meu pé. Não faltam por aqui bonitos rapazes que me acham a seu gosto e que me querem bem. Já me ofereceram dinheiro ou roupas e jóias se eu as preferisse. Mas não tenho disposição para isso porque a minha mãe educou-me de outra maneira. E tu voltas para casa quando devias estar no trabalho!
- Por Deus, mulher, não te rales tanto. Sei muito bem quem tu és, e ainda esta manhã me deste mais uma prova. A verdade é que fui à obra. Mas acho que também não estás ao corrente, como o que me aconteceu a mim. Hoje é dia de São Galeão e não se trabalha. Foi por isso que me vim embora. Mas não tem importância. Pensei em tudo e encontrei maneira de arranjar pão para mais de um mês. Estás a ver o homem que me acompanha? Vendi-lhe o tonel que nos enche a casa, tão grande é. Dá-me por ele cinco florins.
Peronella respondeu então:
- Muito bem, é o cúmulo. Tu és homem, andas por aqui e por ali. Devias saber o preço das coisas. E vendeste o tonel por cinco florins! Eu sou uma pobre mulher e por assim dizer nunca saio, mas, por causa do aborrecimento que nos causava em casa, vendi-o por sete florins a um freguês. Quando chegaste acabava ele de entrar para verificar se o tonel estava em bom estado.
O marido, ouvindo isto, não cabia em si de contente. Voltou-se para o homem que o acompanhava e disse-lhe:
- Vai com Deus, bom homem. Como já ouviste, a minha mulher vendeu-o por sete florins, quando tu só me oferecias cinco.
- Está bem, disse o indivíduo, afastando-se.
Disse então Peronella:
- Já que estás em casa, sobe e trata tu do negócio com o outro.
Giannel que estivera de ouvido alerta a fim de se preparar para qualquer perigo eventual, (não fosse ficar sem o seu prazer) quando ouviu as palavras de Peronella, fez de conta que não tinha dado pela chegada do marido e pôs-se a gritar:
- Onde estás, boa mulher?
O marido apresentou-se.
- Estou eu aqui. Que queres tu?
- Mas quem és? Quero é falar com a senhora com quem tratei do assunto do tonel.
- Podes falar confiadamente. Sou o marido dela.
- Pois bem, o tonel parece em bom estado, mas dir-se-ia que lhe puseram lá dentro porcaria de conserva. Está todo besuntado não sei de quê, mas de uma coisa tão seca que não consegui raspá-Ia com a unha. Não o levo antes de o limparem bem.
Peronella interveio:
- Ah, mas não é por isso que deixamos de fazer negócio. O meu marido vai limpá-lo bem.
- Claro, disse o marido.
Largou a ferramenta, pôs-se em mangas de camisa, mandou acender uma candeia e pediu à mulher uma raspadeira. Depois do que entrou no tonel e começou a raspá-lo. Peronella, como que para vigiar o trabalho, meteu a cabeça na abertura do tonel, que era bastante estreita e também o braço e até o ombro. E dizia:
- Raspa aqui, e ali. Atenção! Olha que acolá não ficou bem raspado.
Assim ela estava, dando conselhos e guiando o trabalho.
Ora nessa manhã, Giannel não satisfizera os seus desejos (o seu prazer) antes de o marido chegar. Vendo que seria difícil conseguir satisfazê-los, aproveitou a ocasião que a Fortuna lhe dava. Encostando-se à mulher que obstruía inteiramente a abertura do tonel, levou a bom termo o seu juvenil desejo, tal como se pode ver, nas vastas planícies, os garanhões abrasados de amor assaltarem as éguas partas (si si, cariño, fuerte, que prazer). Mais ou menos na altura em que teve plena satisfação, tudo estava limpo. Largou então a mulher, que levantou a cabeça, e o marido saiu do tonel. Peronella voltou-se para o amante:
- Pronto, bom homem. Pega na candeia e vai ver se está limpo a teu gosto.
Giannel examinou o interior, declarou que tudo estava bem e que se sentia contente. Deu os sete florins e mandou entregar o tonel em sua casa.
- Já que estás em casa, sobe e trata tu do negócio com o outro.
Giannel que estivera de ouvido alerta a fim de se preparar para qualquer perigo eventual, (não fosse ficar sem o seu prazer) quando ouviu as palavras de Peronella, fez de conta que não tinha dado pela chegada do marido e pôs-se a gritar:
- Onde estás, boa mulher?
O marido apresentou-se.
- Estou eu aqui. Que queres tu?
- Mas quem és? Quero é falar com a senhora com quem tratei do assunto do tonel.
- Podes falar confiadamente. Sou o marido dela.
- Pois bem, o tonel parece em bom estado, mas dir-se-ia que lhe puseram lá dentro porcaria de conserva. Está todo besuntado não sei de quê, mas de uma coisa tão seca que não consegui raspá-Ia com a unha. Não o levo antes de o limparem bem.
Peronella interveio:
- Ah, mas não é por isso que deixamos de fazer negócio. O meu marido vai limpá-lo bem.
- Claro, disse o marido.
Largou a ferramenta, pôs-se em mangas de camisa, mandou acender uma candeia e pediu à mulher uma raspadeira. Depois do que entrou no tonel e começou a raspá-lo. Peronella, como que para vigiar o trabalho, meteu a cabeça na abertura do tonel, que era bastante estreita e também o braço e até o ombro. E dizia:
- Raspa aqui, e ali. Atenção! Olha que acolá não ficou bem raspado.
Assim ela estava, dando conselhos e guiando o trabalho.
Ora nessa manhã, Giannel não satisfizera os seus desejos (o seu prazer) antes de o marido chegar. Vendo que seria difícil conseguir satisfazê-los, aproveitou a ocasião que a Fortuna lhe dava. Encostando-se à mulher que obstruía inteiramente a abertura do tonel, levou a bom termo o seu juvenil desejo, tal como se pode ver, nas vastas planícies, os garanhões abrasados de amor assaltarem as éguas partas (si si, cariño, fuerte, que prazer). Mais ou menos na altura em que teve plena satisfação, tudo estava limpo. Largou então a mulher, que levantou a cabeça, e o marido saiu do tonel. Peronella voltou-se para o amante:
- Pronto, bom homem. Pega na candeia e vai ver se está limpo a teu gosto.
Giannel examinou o interior, declarou que tudo estava bem e que se sentia contente. Deu os sete florins e mandou entregar o tonel em sua casa.
(As observações entre parentesis são da minha autoria) Giovanni Boccaccio (Paris, 1313 - Certaldo, 1375) foi um humanista renascentista do séc. XIV e é considerado ainda hoje um dos gigantes da literatura italiana. Detentor de uma actividade extraordinária, produziu uma obra extensa e variada (escrita tanto em latin, como em italiano), donde se destacam, entre outros, a verdadeira obra-prima da literatura Decameron, compilação de cem novelas narradas por dez jovens refugiados no campo devido à Peste Negra e de onde se extraiu esta história. O realismo das novelas deste livro transportam-nos para uma sociedade medieval riducularizada, em que impera o humor, a fantasia, a volúpia, a malícia e... o prazer.
terça-feira, abril 14, 2009
Anatomia de Joe
Hey Joe, a canção que apresentou Jimi Hendrix ao mundo em 1966 e ajudou a tornar o álbum Are You Experienced no marco que é hoje, teve uma vida bastante agitada. Antes de o músico gravar o tema, foram várias as metamorfoses que sofreu e as vozes que o cantaram - dos Leaves aos Love, passando pelos Byrds. Esta canção foi escrita pelo cantor californiano Billy Roberts (registada em 1962) e foi alegadamente inspirada numa outra com o mesmo nome (escrita em 1953) do músico country Carl Smith. Este, por sua vez, ter-se-á baseado numa "murder ballad" folk dos anos 30, também recriada décadas mais tarde por Bob Dylan e Grateful Dead. No entanto, as suas raízes poderão ir ainda mais longe: o músico Tim Rose, que em 1966 desacelerou o tema (inspirando assim a versão de Hendrix), revelou a origem Apalache de Hey Joe. Apesar de já conhecer a canção, Hendrix ficou fascinado pela versão de Rose quando a ouviu na jukebox do bar Cock 'n' Bull em Nova Iorque.
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 65ª parte
Mais cedo ou mais tarde, os sacanas apanham-te sempre."
Quem é, quem é?
segunda-feira, abril 13, 2009
Handsome Boy Modeling School
Participação nas vozes de Sean Lennon (entre outros)
Disco: So... How's Your Girl? (1999)
E digam lá se a voz do Sean não é igualzinha à do pai...
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 64ª parte
Decidi começar a apertar a coisa, porque vocês andam todos muito folgados com esta história do "Quem é Quem", chegam aqui e adivinham logo, quéquéisto? Náááá... a partir de hoje , a coisa vai piar fininho. E então, já que são todos tão espertalhuços, sempre quero ver se adivinham quem é o anjinho ali à direita, de calções, no dia da sua primeira comunhão. Está logo por cima da seta, com um ar muito sério. Para quem gosta de cinema, este é um dos nossos actores-fetiche. E se pensam que vou acrescentar mais alguma coisa, podem ir puxando uma cadeira e esperar que isto hoje vai esticar. Quem é, quem é?
sábado, abril 11, 2009
sexta-feira, abril 10, 2009
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 63ª parte
What is it, Lassie? Woof, woof!
Timmy fell in the well? Woof, woof!
Quem é, quem é?
Route 66
A estrada 66 é a rota principal das populações em êxodo. A estrada 66 - a longa faixa de cimento que corta as terras, ondulando para cima e para baixo, no mapa, de Mississipi a Bakersfield - atravessa as terras vermelhas e as terras pardas, galga as elevações, cruza as Montanhas Rochosas, penetra no luminoso e terrificante deserto e, cruzando este, torna a entrar nas regiões montanhosas até alcançar os férteis vales da Califórnia.
A 66 é o caminho de um povo em fuga, a estrada dos refugiados das terras da poeira e do pavor, do trovejar dos tractores, dos proprietários assustados com a invasão lenta do deserto pelas bandas do norte e com os ventos que vêm ululando aos remoinhos do lado do Texas, com as inundações que não traziam benefícios às terras e ainda acabavam com o pouco de bom que ainda possuíam. De tudo isso os homens fugiam e encontravam-se na estrada 66, vindos dos caminhos tributários e das estradas sulcadas de calhas e de marcas fundas de rodas, que cortavam todo o interior. A 66 é a estrada-mãe, a estrada do êxodo. (...)
John Steinbeck - As Vinhas da Ira, 1939
quinta-feira, abril 09, 2009
quarta-feira, abril 08, 2009
A Minha Mão Esquerda
Guitarristas que adoramos e a quem fazemos vénias e que tocam com a mão esquerda:
1 - Jimi Hendrix
2 - Paul McCartney
3 - Paul Simon
4 - Kurt Cobain (Nirvana)
5 - David Byrne (Talking Heads)
6 - Billy Corgan (Smashing Pumpkins)
7 - Albert King
8 - Eddy Clearwater
9 - Otis Rush
George Michael, Robert Plant (Led Zeppelin), Johnny Rotten (Sex Pistols) e Phil Collins (Genesis) também são canhotos. Exceptuando este último, que toca bateria, os outros três tocam mesmo é campaínhas de portas.
1 - Jimi Hendrix
2 - Paul McCartney
3 - Paul Simon
4 - Kurt Cobain (Nirvana)
5 - David Byrne (Talking Heads)
6 - Billy Corgan (Smashing Pumpkins)
7 - Albert King
8 - Eddy Clearwater
9 - Otis Rush
George Michael, Robert Plant (Led Zeppelin), Johnny Rotten (Sex Pistols) e Phil Collins (Genesis) também são canhotos. Exceptuando este último, que toca bateria, os outros três tocam mesmo é campaínhas de portas.
E se se lembrarem de mais alguém que me tenha passado ao lado, não hesitem em informar este modesto e humilde bloguezinho que, logo logo fará o justo acrescento.
terça-feira, abril 07, 2009
Wife Beater
Jamie Foxx - actor e cantor
Snoop Dogg - rapper
A célebre Wife Beater, que poder-se-á traduzir por "espanca-mulher" é a t-shirt branca de mangas cavas que só devia ser usada como camisola interior e que tomou este nome por estar associada a personagens ou pessoas com a mãozinha leve para as mulheres. Marlon Brando em Um Eléctrico Chamado Desejo (Elia Kazan, 1951), é o responsável pela primeira e mais carismática aparição deste estereótipo no cinema. Também Robert de Niro, no papel de Jake La Motta no filme Touro Enraivecido (Martin Scorcese, 1980), aparece vestido com uma wife beater. Uma versão em cor negra da t-shirt cava era também vulgarmente usada por Ike Turner, famoso - também - pelas suas agressões a Tina Turner quando eram casados. Os casos mais recentes é o ficcional Paulie da série Os Sopranos e, na vida real, Snoop Dogg que, tanto quanto se sabe, não bate na mulher. De sinónimo de mau gosto ou mesmo hábito grotesco, a wife beater tornou-se hoje um fenómeno muito in e é normal vê-la em palcos, usadas por cantores famosos. Até Jamie Foxx, que ganhou o óscar de melhor actor há uns anos atrás pelo seu desempenho no filme Ray, já aderiu à moda da wife beater.
A rainha da pop e o actor Sean Penn casaram-se me 1985, pouco depois de se conhecerem. O casamento durou quatro anos, com os problemas de Penn com a bebida a desempenharem um papel importante. Em 1987, o actor bateu na mulher com um taco de basebol, mas a cantora não apresentou queixa. Dois anos depois, Madonna viu-se atada a uma cadeira e foi agredida por Penn durante horas. Só se conseguiu libertar depois de aceder a ter relações sexuais com ele, aproveitando a oportunidade para fugir e chamar a polícia. Seguiu-se o divórcio, mas Madonna não apresentou queixa contra ele. Agora reparem bem no tipo de t-shirt que Sean Penn tem vestida...
A conturbada relação conjugal de Ike e Tina Turner é quase tão conhecida quanto a música do duo. Casaram-se em 1962 e ficaram juntos durante dezasseis anos. A toxicodependência de Ike, os ciúmes e o declínio da carreira musical da dupla foram algumas das causas apontadas para as agressões a Tina. Em 1976, depois de uma discussão daquelas, Tina fugiu de casa e passou meses a esconder-se dele. O divórcio aconteceria dois anos mais tarde. O filme What Love Got To Do With It? confirmava as agressões. Ike nunca aceitou as acusações, dizendo que apenas lhe tinha dado uns tabefes (????) e que normalmente ela reagia... O músico morreu em 2007 com uma overdose de cocaína. Parece que também gostava de usar aquelas t-shirtzinhas tão lindas...
Whitnet Houston e Bobby Brown juntaram os trapinhos em 1992 e menos de um ano depois nasceu a filha, Bobbi Kristina. A história cor-de-rosa do casal passou a cinzenta no final da década e quando a vida pessoal de Whitney começou a interferir na carreira, os problemas conjugais vieram a público: uso de drogas e agressões mútuas eram as suspeitas. Em 2004, Brown foi acusado de agredir a mulher durante uma discussão e entregou-se às autoridades. Dois anos depois, seguiu-se o divórcio, tendo Whitney Houston ficado com a custódia da filha. Será que Bobby Brown também é adepto da wife beater?Segundo o dicionário de cultura urbana, as wife beater começaram a ser associadas à violência doméstica com o contributo de personagens de séries como Cops (quando são presos, os homens agressores usam sempre as ditas camisolas) ou Os Sopranos (Tony Soprano também é adepto). Wife Beater é também a alcunha da Stella Artois, uma marca de cerveja belga, normalmente associada à "actividade física" depois dos bares encerrarem. E as camisolas de alças brancas passaram a ser sinónimo de maridos que batem nas mulheres.
E um dos últimos casos de agressão conjugal entre famosos, foi um dos mais chocantes. Foram protagonistas a cantora Rihanna e o namorado Chris Brown. E porquê? Porque ela tem apenas 21 anos e ele ainda não completou 20. Depois do escândalo ter saltado para as páginas dos jornais (vícios privados, públicas virtudes, é coisa do passado) parece que Rihanna já lhe terá perdoado os olhos negros, as feridas no rosto e as dentadas nos braços e orelhas e o casalinho parece já estar outra vez feliz e contente. Whitney Houston já correu a aconselhar a moça: " Não cometas os mesmos erros que eu cometi".
Subscrever:
Mensagens (Atom)