Sábado, 25 de Abril, aniversário da revolução do distante ano de 74, é também o aniversário de RadioKaput.Jorg e Pan Sorbe - um no cravo, outro na ferradura - convidam todos os amigos (as), lefties, canhotos, revolucionários e evolucionistas, para a festa de celebração revolucionária, comunitária, kitsch e anarquista no LEFT a partir da meia-noite.
O povo é quem mais ordena!!!
O povo é quem mais ordena!!!
25 de Abril de 1974. Liceu Nacional do Entroncamento. Aula de matemática, a última do período da manhã. De repente, alguém bate à porta. Toc, toc, toc. Siiim, fachavor?! Uma contínua entra e boa tarde, sôtora, desculpe interromper mas é que...- e segreda qualquer coisa ao ouvido da professora que deixa cair o queixo num oooohhhh de espanto, de pânico ou de alegria, não percebi muito bem. A aula terminou naquele momento e mandam-nos ir para o refeitório. Começo a notar que algo se passa de pouco usual. Alguns miúdos, põem as mochilas às costas e saem do liceu, outros já têm os pais cá fora à espera deles. Outros correm pelos corredores. Que se passa, que aconteceu? Ninguém sabe muito bem, todos os meus coleguinhas são da minha idade 12/13 anos e nenhum sabe dizer nada, estamos todos à toa. Entramos no refeitório e aí tenho a certeza absoluta que aconteceu qualquer coisa: o local está praticamente vazio, estranhamente silencioso, quando àquela hora o normal é estar atulhado de miúdos a almoçar na maior chilreada, bandos de pardais à solta, como canta Carlos do Carmo. A meio do almoço, entra a vice-reitora. Pomo-nos todos imediatamente em pé (naquela época era assim). E é então que ficamos a saber que se "deram uns acontecimentos revolucionários lá para Lisboa, mas temos que manter a calma e, por conseguinte, hoje não há aulas da parte da tarde, podem ir todos para casa". Hihihihih, pulinhos, não há mais escola hoje! Fui entretanto avisada para não sair do liceu porque alguém iria buscar-me. Quando o amigo dos meus pais chegou, perguntei-lhe o que tinha acontecido. Lá me explicou mais ou menos, lá percebi mais ou menos. Ao chegar a casa, soube que o meu pai, como era militar, tinha ficado de prevenção no quartel (nos páraquedistas em Tancos). Sentei-me em frente à televisão, passei o resto do dia a ouvir o "E Depois do Adeus" e "Grândola Vila Morena" e achei aquilo tudo verdadeiramente extraordinário. Era aqui que eu estava no 25 de Abril.
2 comentários:
E não gostaste da Junta de Salvação Nacional, com aqueles generais de meter medo ao susto? Aposto que comeste logo a sopa toda!
Tinha mais medo do COPCON, rsrsrs
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