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domingo, abril 19, 2009

Waltzing Mathilda

Quinta-feira à tarde. O telefone toca. Alô, pequena? Era a minha amiga Paula. Oi, tás boa? Tou e tu? Também, que contas? Queres ir logo à noite àquele bar irlandês ali no Cais do Sodré, o O'Gilins? O Flappy vai lá tocar e vai o pessoal todo. Ah, boa boa, aonde e a que horas? Combinámos a hora, apanhei-a em casa e lá fomos todas contentinhas para a night. O bar não é muito grande e já estava a abarrotar quando chegámos. A única mesa que havia livre era mesmo a mais perto do palco, (palco é como quem diz...) ou seja, do pequeno estrado onde os músicos tocam e deixaram-nos ficar ali mesmo. Assim que nos sentámos e antes de mandar vir duas Guiness pequenas, reparei que na mesa ao lado, estava um pequeno grupo de irlandeses particularmente barulhentos. E já muito bêbados. Eram cerca de 6 ou 7 pessoas, com pouco mais de 20 anos. Não consigo perceber porque raio é que os irlandeses só procuram bares irlandeses quando estão fora do país deles. E é assim em qualquer parte do mundo. Onde há um bar irlandês, tem de certeza irlandeses bezanas lá dentro a dar a conhecer ao mundo o folclore celta. Os músicos, Alexandre Simões no sax e flauta (o tal Flappy, que é amigo do pessoal da av. de roma) a Margarida (não me lembro do apelido) na voz e o João Rato nas teclas, começaram a instalar-se cada um no seu canto. O Vítor, o Luís, a Joana e o Moisés chegam pouco depois e notam imediatamente que daquela mesa ali do lado vem uma barulheira insuportável. Fazemos alguns comentários entre nós, cabrões dos irlandeses que não se calam, e venham mais umas cervejas que a malta está cheia de sede. Começa a chegar o pessoal da Av. de Roma, o Pedro, o Nica, a Marta, o Bernardo e trazem atrelado um norueguês que ninguém sabe muito bem quem é nem donde vem, mas que anda sempre com eles para todo o lado e ainda por cima tem um nome impronunciável. O tipo é gigantesco, tem cerca de 50 anos, ri-se muito, não fala mas também não chateia. O inglês dele é péssimo e o português vou-te contar. A gente pergunta "Tudo bem? Ele responde: tudo bem". Pronto, já conversámos tudo. Bate palmas com as mãos todas esticadas como se fossem duas espátulas. Diz a lenda que é um antigo professor reformado que resolveu instalar-se em Lisboa. Mas ninguém sabe muito bem. Tratei logo de lhe chamar "Leif Eriksson", ficou resolvido o assunto.
Na mesa dos irlandeses, a chinfrineira continua. O pior deles todos é uma miúda que guincha desalmadamente, de tal forma que, segundo um dos meus amigos, se ouvia nas casas de banho, que ficam ao fundo do bar. Os músicos começam a tocar. Alguns clientes atrevem-se a soltar uns tímidos shiuuuu, mas a coisa não resulta. Começo a sentir o sangue a aquecer. Chamo a empregada e pergunto-lhe se ela não se importa de lhes pedir por favor para falarem mais baixo. Ela responde que não pode fazer isso porque não seria ético da parte dela. Então e se for eu a falar com eles?, pergunto eu. Resposta dela: pode fazê-lo se quiser, mas não vai resultar. E o sangue a subir de temperatura...
A esta hora já os meus amigos (uns queridos) me tinham começado a envenenar. Eh, pá ó Bé, manda lá aí calar os gajos... enfia-lhe uma rolha na boca, irlandesa chungosa... pago-te uma cerveja no Lux... não és mulher nem és nada... vá lá ! Chega o Ricardo, a quem carinhosamente chamamos "o nosso Hércules", devido à sua imponente compleição física - 1,65m por 55 kg ou coisa assim - e a primeira coisa que diz é: quésta merda? Estava a referir-se à mesa do lado, claro. Os músicos continuavam a tocar, mas manifestamente incomodados. E a algazarra continuava. E a waltzing mathilda continuava a guinchar mais alto que os outros. Parecia um porco em dia de matança. E todo o bar dizia shiuuuuu mas ninguém fazia nada. Ó Bé, põe ordem nesses gajos! Porquê eu? Porque a gente gosta de te ver irritada. Isto é coisa que se diga a uma amiga? E o sangue a entrar em ebulição. Ó pequena, traga-me mais uma imperialzinha, fachavor, a ver se isto acalma...
E o Flappy soprava no sax, o João acariciava as teclas e a Margarida (excelente voz) cantava. Vindo do Eire ali mesmo ao lado, o desrespeito por quem estava a trabalhar e a manifestar-se artisticamente era notório. Às tantas passei-me, o sangue ferveu mesmo e começam a sair anéis de fumo do meu nariz. Saltou-me a tampa. Inclinei-me sobre a mesa dos celtas, olhei a waltzing mathilda olhos no olhos, encostei o meu nariz fumegante ao nariz dela e disse-lhe: "The musicians are playing. Show some RESPECT. Shut the fuck up, pleeeeaaaaase!" Resposta dela: "ooooooohhhh, ok, ok. I'm sorry, I'm so sorry. Won't happen again". Baixaram instantaneamente o tom de voz e até já batiam palminhas e tudo. Dez minutos depois pegaram nos casacos e desapareceram, para alívio dos presentes. Às vezes não consigo perceber mesmo a natureza humana. Seremos todos cães a precisar da voz do dono? Para alguns de nós, a noite acabou no Lux.

sábado, janeiro 10, 2009

Roberto Carlos - Quero que vá tudo pró Inferno



Ontem, dois amigos fizeram anos. Havia jantar de grupo e tal, mas como me encontro neste momento num estado de pobreza temporária (between jobs, portanto) não há dinheiro para extravagâncias. Mas fui lá ter! Alguns amigos estavam no Left, mas às tantas não se passava nada, estava tudo a anhar a olhar uns para os outros, comecei a ficar farta. Mandei um sms a um amigo do outro grupo. Onde estão? No Maxime. Está fixe, aí? Tá a bombar, estamos cá todos, bute aí! Saltei para dentro do carro, fiz um peão no Largo de Santos, voei baixinho sobre a Av. D. Carlos I, Calçada do Combro, Largo Camões, Rua da Misericórdia, Rua das Taipas, Praça da Alegria e... quando entrei no Maxime, não só tinha os amiguinhos do peito a receber-me (já com muita alegria também...) mas estava no ar esta música maravilhosa do grande Roberto Carlos! E o Pega Ladrão! E o Calhambeque! Não imaginam como é divertido ouvir, dançar e até cantar (enfim...) estas musiquinhas! Há que dar também atenção ao adiantado da hora e... estava muito frio lá fora!...

"De repente Então tudo mudou (Tchatchura!) E a turma toda Contra mim virou
(Tchatchura!) Correndo descobri Que o tal coração Era uma jóia pendurada Num cordão
Ooooh! Haaaan!..."