"Desci de um avião com Peggy, o namorado de Janis Joplin na altura. Penso que o meu grupo, os "The Fish”, já lá estava. Recordo ter ficado muito motivado para subir ao palco e ver o que se estava a passar. No caminho parecia que era um grande festival, mas não o maior, até que se viu o público. Para usar a linguagem da época, a minha cabeça saltou. Tornei-me um místico acerca da minha actuação a solo em Woodstock. Penso que estava destinado para o fazer. Eu andava sem nada para fazer, a ocupar o tempo cantando algumas canções country e folk. Então toquei “Feel-like-i’m-fixin’-to-die-rag – a saudação “F-U-C-K” – e o resto é história. Da primeira vez que responderam a “dêem-me um F”, quando finalmente pararam de falar, olharam para mim e gritaram “F”, eu soube que já não se voltaria atrás.
Quando falhou a electricidade, os miúdos ficaram chateados. Depois de se participar em espectáculos ao vivo aprende-se que as pessoas respondem a qualquer tipo de barulho. Então batemos em tudo o que tínhamos à mão, incluindo tachos e panelas. Cantámos “No More Rain” e tocámos chocalhos e a audiência agarrou isso e respondeu. Depois tivemos a ideia de lhes atirar bebidas. Atirámos latas cheias e atingimos alguns na cabeça. Eles chatearam-se e começaram a atirá-las de volta.
Eu andei pelo meio da multidão e fui à Quinta Hog, onde serviam comida. Era uma multidão muito feliz. Eu não sabia da existência de drogas duras como opiáceos e cocaína. Havia haxixe e psicadélicas, mas nenhuma das drogas que fazem as pessoas tornarem-se violentas e anti-sociais. Todo o ritual de tomar drogas era amigável e cordial. Demasiadas pessoas lêem significados políticos e sociais sérios no que estava a acontecer, muito além da sua importância. Eu penso que Woodstock, seja qual for o ângulo de análise, foi um encontro inocente.
Mas foi um acontecimento muito importante, porque havia muitas espécies de música num único festival. E isso era invulgar porque havia uma larga audiência para tantos grupos novos. Era a New Wave desse tempo. Eu percebi, no final dos anos 70 e princípio dos anos 80, que Woodstock tinha produzido alguns novos monstros da música. Os miúdos tocavam cada faixa do LP “Woodstock” da mesma forma que aprendem as músicas de um álbum de um grupo. E todos os que podiam assimilar esses diferentes estilos tinham de ser grandes músicos, uma geração de músicos melhores que os de Woodstock. O “establishment” não poderia ter produzido o festival de música de Woodstock. Eles não sabiam mexer em sistemas de som como aqueles. Eles não sabiam o que eram espectáculos de luz e som. A geração de Frank Sinatra não poderia ter realizado o festival de música de Woodstock."
Mas foi um acontecimento muito importante, porque havia muitas espécies de música num único festival. E isso era invulgar porque havia uma larga audiência para tantos grupos novos. Era a New Wave desse tempo. Eu percebi, no final dos anos 70 e princípio dos anos 80, que Woodstock tinha produzido alguns novos monstros da música. Os miúdos tocavam cada faixa do LP “Woodstock” da mesma forma que aprendem as músicas de um álbum de um grupo. E todos os que podiam assimilar esses diferentes estilos tinham de ser grandes músicos, uma geração de músicos melhores que os de Woodstock. O “establishment” não poderia ter produzido o festival de música de Woodstock. Eles não sabiam mexer em sistemas de som como aqueles. Eles não sabiam o que eram espectáculos de luz e som. A geração de Frank Sinatra não poderia ter realizado o festival de música de Woodstock."
"Eu não estava preparado para continuar. Eu pensei que me conseguiria escapar se dissesse que não tinha guitarra. Então eles foram não sei onde e trouxeram-me uma porcaria duma guitarra. E eu disse, bem, não tenho correia para a guitarra, não posso tocar assim. E então trouxeram um bocado de corda e ataram aquilo à guitarra. E eu disse, não tenho palheta, e eles trouxeram-me um bocado de cartão e disseram: "Toca com isso". Resmunguei qualquer coisa e lá fui eu."
Country Joe McDonald
Revista Mojo Classic - The Ultimate Collectors Edition
(continua)
7 comentários:
Isso é mesmo de quem curte o que faz. É um trabalho de pesquisa impecável e depoimentos importantes, mesmo para quem não acompanhou esse fenômeno, de perto.
Histórica a actuação de Country Joe & The Fish.
Give me an "F!..."F"!
Give me a "U"!..."U"!
Give me a "C"! ..."C"
Give me a "K"! ..."K"!
WHATS THAT SPELL?..."FUCK!"
and its 1,2,3
what are we fightin for?
don't ask me i don't give a dam,
the next stop is Vietnam,
and its 5,6,7
open up the pearly gates.
Well there aint no time
to wonder why...
WHOPEE we're all gunna die.
Tudo isto, faz parte da história.
Grande post.
Congrats.
E se repararem na primeira foto, a guitarra está mesmo presa com uma corda, em vez da correia. LOL! Quando escolhi a foto, ainda não tinha comprado a revista, donde tirei esta última citação. A porra da revista custou-me €10,80...FUCK!
Um blogue sai caro!
Essa sua serie está demais!
Putz, Bé que revista cara do ....deixa estar vc já a comprou mesmo, hahahahaha!!!
Mas olha estou amando essa série até porque eu só conheco mesmo de reportagens nas TVs. Eu penso que quem participou nesta época desse evento deve sentir uma saudade dessas loucuras todas.
E lá vamos nós...
Dá uma passadinha na Saia, seria algo prá vc aqui,kakkakakaak!!!
Mesmo que não tivesse blog, acho que comprava na mesma. Esta é de colecção, dizem eles...a nossa Blitz também é boazinha.
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