
"Desci de um avião com Peggy, o namorado de Janis Joplin na altura. Penso que o meu grupo, os "The Fish”, já lá estava. Recordo ter ficado muito motivado para subir ao palco e ver o que se estava a passar. No caminho parecia que era um grande festival, mas não o maior, até que se viu o público. Para usar a linguagem da época, a minha cabeça saltou. Tornei-me um místico acerca da minha actuação a solo em Woodstock. Penso que estava destinado para o fazer. Eu andava sem nada para fazer, a ocupar o tempo cantando algumas canções country e folk. Então toquei “Feel-like-i’m-fixin’-to-die-rag – a saudação “F-U-C-K” – e o resto é história. Da primeira vez que responderam a “dêem-me um F”, quando finalmente pararam de falar, olharam para mim e gritaram “F”, eu soube que já não se voltaria atrás.


Mas foi um acontecimento muito importante, porque havia muitas espécies de música num único festival. E isso era invulgar porque havia uma larga audiência para tantos grupos novos. Era a New Wave desse tempo. Eu percebi, no final dos anos 70 e princípio dos anos 80, que Woodstock tinha produzido alguns novos monstros da música. Os miúdos tocavam cada faixa do LP “Woodstock” da mesma forma que aprendem as músicas de um álbum de um grupo. E todos os que podiam assimilar esses diferentes estilos tinham de ser grandes músicos, uma geração de músicos melhores que os de Woodstock. O “establishment” não poderia ter produzido o festival de música de Woodstock. Eles não sabiam mexer em sistemas de som como aqueles. Eles não sabiam o que eram espectáculos de luz e som. A geração de Frank Sinatra não poderia ter realizado o festival de música de Woodstock."

Country Joe McDonald
Revista Mojo Classic - The Ultimate Collectors Edition
(continua)