sábado, fevereiro 28, 2009
Velha Cidade Alface - A Varina
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 42ª parte
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Playing For Change - Peace Through Music
Os fans da chamada “World Music” vão adorar o trabalho de Jonathan Wall e Mark Johnson, “Playing For Change: Peace Through Music”, filme que estreou no 7º Festival Anual de Cinema de Tribeca (NY). É um misto de documentário em formato de concerto global, gravado nas ruas de New Orleans, Barcelona, Africa do Sul, Tibete e outros lugares, o que fez com que os cineastas (Johnson é um produtor e engenheiro de som, já galardoado) viajassem pelo mundo inteiro à procura de músicos de rua que gravassem as suas próprias versões das canções “Stand by Me”, “One World” (Bob Marley), “Don’t Worry”, “Talking ‘bout a Revolution” (Tracy Chapman) e outras. O objectivo deste projecto – que levou à criação duma fundação para ajudar as populações mais desfavorecidas das áreas visitadas – é mostrar em como a música é um elo fundamental de união entre as pessoas, independentemente das suas diferenças culturais. Jonathan Wall e Mark Johnson, com uma câmera e um estúdio de som móvel, filmaram e gravaram as diversas versões da mesma canção tocada e cantada pelos diferentes músicos dos lugares por onde iam passando e o resultado deste magnífico trabalho foi a atribuição do prémio para o melhor documentário no referido festival de cinema.
“Stand By Me” é uma das mais famosas canções da música soul, eternizada por Ben E. King e que foi escrita pelo próprio Ben E. King, Jerry Leiber e Mike Stoller. Esta música foi inspirada numa primeira versão tradicional duma canção Gospel com o mesmo nome, originalmente composta por Charles A. Tindley em 1905, tendo sido gravada por vários artistas, incluindo os “The Staple Singers” de 1955. Em 1961, Ben E. King, Leiber e Stoller re-escreveram a canção dando-lhe um som mais contemporâneo e, desde então, esta canção já conheceu variadíssimas versões mas nenhuma atingiu a popularidade da original. Achei pertinente pôr aqui esta informação completa acerca desta canção porque já ouvi pessoas dizerem que esta canção era do John Lennon...
Le Musée Imaginaire
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
Velha Cidade Alface - O Calceteiro
Retrato do Artista Enquanto Jovem - 41ª parte
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Das nove, três são mentira...
1 - Uso mini-saia
2 - Já trabalhei para o Governo
3 - Não gosto de sair à noite
4 - Digo palavrões quando me chateiam
5 - Não sei cozinhar
6 - Tenho dois gatos
7 - Devo dinheiro no dentista
8 - Este mês ainda não paguei o cartão de crédito
9 - O banco que espere, primeiro está o dentista
E agora passo a bola a quem a quiser apanhar. Pode ser já para ti, ó expresso!
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Triunfa, Mascarado!
Explora o que de bom há em teus dias
Em folguedos, descantes e orgias…
De teus andrajos faz vestes reais
Promove divertidos arraiais,
Inventa toda a sorte de utopias,
Enterra o baú das arrelias
Que o dia de hoje vai… não volta mais
“MEMENTO, HOMO, QUIA PULVIS ES”!
Salmeará numa antífona plangente
O sacerdote amanhã lá na ermida:
Do pó vieste e pó és outra vez
Quando a Morte, rindo alarvemente
Expulsar desse corpo a doce Vida!
Soneto de António de S.Tiago
domingo, fevereiro 22, 2009
Woodstock Revisited - Programa, Curiosidades, Números
Richie Havens - (17:07H - abertura); Country Joe McDonald; John Sebastian; Swami Satchadinanda; Bert Sommer; Sweetwater - Tim Hardin; Ravi Shankar (concerto interrompido devido à chuva); Melanie; Arlo Guthrie; Joan Baez.
Sábado, 16/08/1969
Quill - (12:15H); Keef Hartly; Santana - Soul Sacrifice; Mountain; Canned Heat; The Incredible String Band; The Grateful Dead; Creedence Clearwater Revival; Janis Joplin.
(madrugada de domingo)
Sly and the Family Stone; The Who; Jefferson Airplane (8:30H).
Domingo, 17/08/1969
Joe Cocker - (14:00H); Country Joe and the Fish; Ten Years After; The Band; Blood, Sweat and Tears.
(madrugada de segunda feira)
Johnny Winter; Crosby, Stills and Nash (and Young); The Paul Butterfield Blues Band; Sha-Na-Na; Jimi Hendrix (8:30H.) (Jimi tocou para as 30 mil pessoas que resistiram até ao final).
Em três dias de programação, Woodstock reuniu nomes fundamentais da música do final dos anos 60. Do rock ao rhythm’n’blues ou do soul ao folk, o programa apresentava o melhor de uma época. O cardápio seria ainda mais atraente caso alguns artistas não tivessem recusado o convite.
Uma semana antes do festival, o Jeff Beck Group cancelou sua apresentação em Woodstock. Peter Grant, empresário dos Led Zeppelin, recusou o convite alegando que a banda teria mais sucesso na sua própria turnê. Os Doors desistiram porque Jim Morrison achou que sua voz não soaria bem ao ar livre. Os Beatles foram chamados, mas John Lennon disse que só tocaria se a Plastic Ono Band, de Yoko Ono, também fosse convidada. Os canadenses Lighthouse desistiram porque acharam que a participação no evento poderia ser prejudicial para o nome da banda. As bandas Jethro Tull, The Moody Blues, Free e Frank Zappa & The Mothers of Invention recusaram o convite sem maiores explicações.
Os Iron Butterfly foram convidados para tocar, mas a sua apresentação foi cancelada porque o voo atrasou e os músicos ficaram presos no aeroporto, não podendo chegar ao local do festival.
A entrada para os três dias de evento custou 18 dólares; ao todo, foram arrecadados 1,1 milhão de dólares em bilhetes. Desses, 600 mil eram cheques sem fundo. Em função dos tumultos e dos congestionamentos, aproximadamente 4 mil pessoas que tinham bilhete não conseguiram entrar em Woodstock. Em função disso, os produtores foram processados e tiveram que reembolsar as “vítimas”. Woodstock pagou os mais altos cachês da história do rock até então. Os Jefferson Airplane, então a maior sensação psicadélica da época, receberam 12 mil dólares – quando o seu cachê era geralmente de 6 mil. Por sua vez, os Creedence Clearwater Revival levaram 11.500 dólares. Os The Who faturaram 12.500 dólares. Jimi Hendrix teve o cachê mais alto e assinou contrato de 32 mil. Santana, 15 mil dólares. Ao todo, foram gastos 180 mil dólares com o pagamento dos artistas. A gravadora Warner pagou 1 milhão pelos direitos autorais de imagem e som. Lançou um disco triplo e um documentário e facturou 80 milhões de dólares.
Woodstock Revisited - Músicos
sábado, fevereiro 21, 2009
Woodstock Revisited - Público
Joe P. – Boston, Massachusetts
“Lembro-me de uma multidão de pé concentrada à volta de um gelado, cantando “A comida pertence às pessoas”. O vendedor apossou-se de um machado e saltou para cima dos frigoríficos, num último esforço para salvar o seu gelado. A multidão afastou-se, ele desceu, e o gelado foi…salvo. Um gelado liberto em todo o mundo? Não está muito mal."
“Vinha de Nova York com dois companheiros de 19 anos, quando atraímos a fúria de uns bêbados numa cidade de província em Catskills. Eles começaram a perseguir-nos com um camião, atirando com garrafas de cerveja para o nosso carro e tentando pôr-nos fora da estrada. Depois de uma perseguição feroz, nós embatemos contra uma carrinha que vinha na outra faixa. Quatro carros saíram da auto-estrada, a carrinha ficou virada de pernas para o ar e o nosso carro ficou totalmente destruído. Miraculosamente, ninguém ficou ferido, mas as 500 tabletes de LSD que eu tinha escondido junto ao motor, espalharam-se pela estrada. Arrastando-nos, conseguimos apanhar tudo antes que a polícia chegasse. O resto do caminho até Woodstock, fomos à boleia. Permaneço uma pessoa desalinhada da sociedade. Não tenho nenhum Porsche nem bebo água Perrier. Ocasionalmente, revejo algumas edições da “Rolling Stone” e maravilho-me com o que aconteceu.”
“Onde é que eu dormi? O que é que eu comi? O que é que aconteceu aos meus sapatos?”
Adam J./Joe F. – Baltimore, Maryland
“Fomos a Woodstock com o nosso melhor amigo, Jeff Hoffman. Enquanto ouvíamos Crosby, Stills and Nash, Jeff foi à nossa tenda buscar comida. Esta foi a última vez que o vimos. Desde então, temos tentado encontrá-lo.”
“Quando eu tinha doze anos fui ao festival de Woodstock, onde um homem nu e muito estranho veio por detrás de mim, agarrou-me pelo cinto e arrastou-me para trás do palco enquanto o povo de Woodstock observava. Na altura, foi tudo muito estranho. Hoje, chamamos a isso teatro.”
“Não me lembro de muita coisa, já se passou há muito tempo e nós estávamos todos pedrados. Mas os detalhes não são tão importantes como o facto de lá ter estado. É como fazer parte de um clube.”
Carole G. – Columbus, Ohio
“Adorei toda a gente e todos me adoraram – uma grande sensação para alguém como eu que era a filha indesejada de pais autoritários. Quando regressei “ao lar”, descobri que estava grávida. Aaron, o meu filho, nasceu a 6 de Maio de 1970. Hoje, trabalho numa fábrica, dobrando roupa. Descobri um mundo demasiado frio e cruel. Tudo o que eu tenho de bonito na minha vida é o meu filho e a recordação daqueles três dias.”
Eu e o Dean fomos para o campo logo no primeiro dia. Só lá estavam umas dezenas de pessoas. Deitei para dormir uma soneca sob o sol de Verão. Acordei com os empurrões das pessoas. Pensei que isto era uma grande falta de educação até que, ao levantar a cabeça, deparei com um oceano de corpos. Enquanto eu dormia, milhares de pessoas encheram o campo.
Lembro-me de andar pelos bosques onde as obras de arte e de artesanato eram feitas e vendidas, a par das drogas que se quisesse. Em Groovy Way, vimos um homem nu segurando malas de comprimidos para venda. Perguntei ao meu companheiro se tinha notado algo estranho no homem e Dean respondeu: “Sim, ele tinha uns sapatos de ténis”.
“Foste ao Woodstock? Uauu!...Para que serviu o Woodstock?”- perguntou-me uma jovem durante o Live Aid de 1985.”
Woodstock Revisited - Arlo Guthrie
“Eu estava admirado com a imensidão do que estava a acontecer. Era muito mais do que um grande concerto. Tínhamos a consciência de que um acontecimento histórico estava em movimento, o que era raro. Acho que quem lá esteve e quem não esteve se apercebeu disso instantaneamente e era isso que era tão excitante.
Ao longo dos anos, fartei-me de ouvir gente dizer que Woodstock não tinha tido importância, que as pessoas o tinham sobrestimado, mas alguma coisa deve ter acontecido ou nós não estaríamos a falar disso 20 anos depois. Pode-se ver a marca Woodstock nas calças de ganga ou nos sabonetes mas esse símbolo ninguém nos pode tirar. Nem o marketing o pode adulterar”.
(continua)
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Woodstock Revisited - Melanie Safka
“Foi mágico. Nunca na minha vida tinha actuado para tanta gente. Logo que cheguei tive a minha primeira experiência transcendental. Fiquei aterrorizada, tive que sair. Comecei a atravessar o estrado e senti que o meu espírito se separava do meu corpo. Observei-me a avançar para o palco, sentar-me e cantar algumas estrofes. E quando senti que estava a salvo, regressei.
Começou a chover mesmo antes de eu entrar em cena. Ravi Shankar tinha terminado e o apresentador do espectáculo disse que se o público acendesse os isqueiros, talvez a chuva parasse. Quando acabei de cantar toda a colina estava repleta de pequeninas luzes. Creio que foi uma das razões porque regressei ao meu corpo.
Passado um ano, sempre que cantava “Candles in the Rain”, a canção que compus sobre Woodstock, as pessoas começavam a acender isqueiros e isto pegou de tal forma que comecei a ter problemas com os bombeiros, pois estes não aprovavam os meus concertos chegando mesmo a proíbi-los. De facto, não me deixaram actuar em New Jersey durante vários anos pois diziam que eram festivais de música e, nesse estado, os festivais não estavam autorizados.
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
Woodstock Revisited - Carlos Santana
“Foi um pouco assustador ir até lá e mergulhar naquele oceano de cabelos, dentes, olhos e braços. Nunca esquecerei o som da música chocando contra aqueles corpos. Nunca se esquece aquele som.
Para a banda, no seu conjunto, foi óptimo. Mas eu procurava lutar por me manter pegado ao terreno, porque tinha tomado uns produtos psicadélicos bastante fortes antes de entrar em palco. Tínhamos chegado por volta das onze da manhã e disseram-nos que não íamos tocar antes das oito. Por isso pensei “hey, acho que vou tomar uns psicadélicos e quando aquilo começar a baixar deve estar na altura de entrar em palco e vou sentir-me bem”. Mas quando eu estava no alto, por volta das duas da tarde, alguém nos veio dizer “se não entrarem agora, já não entram”.
As pessoas que iniciaram o movimento hippie em Haight-Ashbury ensinaram-me a diferença entre negócios e ideais, entre artistas e fraudes. Eles não eram falsos, com aquela gente que usava perucas nos anúncios de velhos êxitos dos anos sessenta. As pessoas a sério eram maravilhosas. Podiam ver-se índios americanos e gente de pele branca apaixonados pela vida. Woodstock era parte disso. Era o mesmo movimento que tirou as pessoas do Vietname e que tirou Nixon do poder.
Muitas das fraudes artísticas na América transformaram a música rock numa espécie de música da corporação Gap-McDonald’s. Ouve-se a mesma treta em todos os centros comerciais. É tudo uma sopa de pacote, em vez de sopa caldosa, percebem? Precisamos de mais Jimi Hendrixs e Jim Morrissons. Precisamos de mais rebeldes e renegados.
(continua)
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
Particularidades
1 - Sou uma mulher difícil (dizem);
2 - Não gosto de me levantar de manhã cedo, a não ser que seja para ir passear;
3 - Nunca tenho pressa;
4 - Sou preguiçosa e vaidosa;
5 - Não deixo que se enfiem dentro do meu cérebro, mas sei ser flexível quando me interessa;
6 - Gosto da Primavera, do Verão, do Outono e do Inverno; vento e nevoeiro, é que não.
Não sei a quem passar este desafio, acho que já todos os que conheço responderam, mas lá vai: Georgia do Saia Justa, Serena do Serena Flor, Silvares do 100Cabeças, José Louro da Janela de Alberti, Paulo Lontro do Lontrices.
Woodstock Revisited - Country Joe McDonald
Mas foi um acontecimento muito importante, porque havia muitas espécies de música num único festival. E isso era invulgar porque havia uma larga audiência para tantos grupos novos. Era a New Wave desse tempo. Eu percebi, no final dos anos 70 e princípio dos anos 80, que Woodstock tinha produzido alguns novos monstros da música. Os miúdos tocavam cada faixa do LP “Woodstock” da mesma forma que aprendem as músicas de um álbum de um grupo. E todos os que podiam assimilar esses diferentes estilos tinham de ser grandes músicos, uma geração de músicos melhores que os de Woodstock. O “establishment” não poderia ter produzido o festival de música de Woodstock. Eles não sabiam mexer em sistemas de som como aqueles. Eles não sabiam o que eram espectáculos de luz e som. A geração de Frank Sinatra não poderia ter realizado o festival de música de Woodstock."
MOJO Classic - The Ultimate Collectors Edition
terça-feira, fevereiro 17, 2009
Woodstock Revisited - Richie Havens
A história de estarmos todos uns com os outros, numa boa, é interessante. No início, não se tratava apenas da música, mas de algo como “vamos todos para o parque comer guloseimas e estar uns com os outros”. Daí, partiu-se para o Festival Pop de Monterey – um concerto gratuito realizado em 1967 – depois veio a ideia de “tentemos fazer uma coisa destas, mas também ganhar algum dinheiro”. No entanto, isso nunca aconteceu. Woodstock tornou-se no mais universal e no maior momento de confraternização casual a que eu chamo o “Acidente Cósmico”. Totalmente inesperado.
O filme registou isso e nem sequer ligou muito à música. Viam-se alguns dos artistas a tocar uma ou outra música, mas nem metade dos que actuaram. Não foi, por isso, uma descrição do que se passou no palco, mas apercebemo-nos do que membros da geração mais velha, como chefes de Polícia que diziam: “Deixem os miúdos em paz, eles são bestiais e não estão a maçar ninguém”. Para as pessoas que estiveram lá, a música não foi o mais importante.