terça-feira, outubro 28, 2008

Poesia Mineira

E para fazer concorrência ao nosso muito estimado Drops Azul Aniss, aqui vai esta pérola da poesia mineira. Não sei quem escreveu, mas se algum de vocês souber, é favor dizer. A Cruzada Anti-Depressão-Por-Causa-da-Crise continua!

Vô contá como é triste, vê a veíce chegá,
Vê os cabêlo caíno, vê as vista encurtá.
Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá.
Vê "aquilo" esmoreceno, sem força prá levantá.

As carne vão sumino, vai parecêno as vêia.
As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia.
As coisa vão encurtano, vão aumentano as orêia.
Os ôvo dipindurano e diminuíno a pêia.

A veíce é uma doença que dá em todo cristão:
dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão.
Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão.
Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.

Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece:
vai passano pelas rua e as menina se oferece.
A gente óia tudo, benza Deus e agradece,
correno ligeiro prá casa, procurano o INSS.

No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava
Eu tinha mir namorada, tudo de bão me sobrava.
As menina mais bonita da cidade eu bolinava.
Eu fazia todo dia, inté o bichim desbotava.

Mais tudo isso passô, fais tempo ficô prá tráis
as coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz.
O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz.
Prá falá memo a verdade, nem trepá eu trepo mais.

Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça.
Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beja e abraça,
porém só faiz duas coisa: solta peido e acha graça.

Autor Desconhecido

6 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Eu não fui!

João Menéres disse...

Leio amanhã.
É tarde, sabes...?

Anónimo disse...

Como é uma pérola da poesia caipira, mais provável que seja do interior de São Paulo e não de Minas.
Para saber quem escreveu teríamos que consultar a Inezita Barroso ou o Rolando Boldrim, nossos dois artistas que são os maiores especialistas vivos em cultura caipira. Os dois tem ótimos programas na TV Cultura de SP, particularmente fundamental é do Boldrim, para conhecer a densa cultura musical e poética que rola pelos sertões brasileiros.
Ele vive declamando estas poesias, uma boa parte de autoria e o resto coletado pelo nosso maior folclorista caipira, já falecido, o Cornélio Pires.
Nessa poesia, está a essência desta tal "cultura caipira" : analítica, muito engraçada e nostálgica.

Anónimo disse...

O nosso consultor para assuntos complicados, PERI, já nos deu algumas pistas!

Obrigado pela citação do modesto Drops!

roserouge disse...

Ah, este Peri! Bigger than life! Obrigada pela preciosa informação!

João Menéres disse...

Prometido é de vidro.
Li tranquilo.
Maravilha de fala.
Neste teu pedido, não vou poder dar achega, compreendes.
De qualquer forma, nem todo o dito eu confirmo...


Bj.