quinta-feira, abril 02, 2009

Femme Fatale

Nico - 1957
Barbara Rubin, uma cineasta experimental ligada a Jonas Mekas, foi a responsável por apresentar os Velvet Underground a Andy Warhol, na altura profundamente interessado no cinema como forma de expressar as suas particulares idéias sobre arte. Warhol era, obviamente, um catalisador com um enorme poder para desenvolver projectos e congregar diferentes energias. Por isso mesmo, a entrada dos Velvet no círculo da Factory aconteceu de forma muito natural. E uma das primeiras idéias que Warhol teve foi a de juntar os Velvet e Nico, "uma incrível beleza alemã, que tinha chegado de Londres. Ela tinha o ar de quem poderia ter feito a viagem até Nova Iorque na proa de uma navio viking, ela tinha esse tipo de cara e de corpo".
Nico vinha de Londres, onde já tinha esboçado o início de uma carreira musical. Esta modelo e actriz conheceu Brian Jones, dos Rolling Stones em 1965 e impressionou-o tanto que este convenceu o seu manager, Andrew Loog Oldham, a produzir e editar um single de Nico na sua etiqueta Immediate. "I'm Not Sayin" foi a sua estreia no mundo da música. De Londres para Paris, Nico conheceu Bob Dylan, que ficou igualmente impressionado e aparentemente lhe escreveu o tema "I'll Keep It With Mine", exactamente o single que Nico tinha consigo no dia em que conheceu Andy Warhol em Nova Iorque.

Nico foi, claramente, uma idéia de Warhol, como o próprio explicou em Popism: "Outra idéia que tivemos quando fomos ver os Velvet ao Café Bizarre, foi a de que eles poderiam ser uma boa banda para tocar atrás de Nico". É claro que, tratando-se dos Velvet Underground, grupo de grandes egos, "tocar atrás" de alguém nunca foi realmente uma opção. "Houve problemas desde o início", explicou Sterling Morrison, "só havia algumas canções apropriadas para a voz de Nico mas ela queria cantá-las todas - "Waiting For The Man", "Heroin", todas. E ela tentava fazer pequenas cenas de política sexual dentro da banda. Quem quer que parecesse estar a ter mais influência nos eventos, era de quem ela se aproximava. E, assim, ela foi dos braços de Lou para os de John, mas qualquer um destes casos não durou muito". John Cale, dizia inclusivamente que ela era "tone deaf", ou seja "quem não tem ouvido". Mesmo assim, ela foi a voz principal em três das melhores canções dos Velvet: "Femme Fatale", "All Tomorrow's Parties" e "I'll Be Your Mirror" e participou também na canção "Sunday Morning" no álbum de estreia da banda. Nico abandonou o grupo ainda em 1967 e nos 20 anos seguintes gravou uma série de álbuns a solo, que foram bem aclamados pela crítica. Contou com as participações de figuras relevantes da cena musical tais como Phil Manzanera (dos Doors), Brian Eno, Lou Reed e até o próprio John Cale, que produziu quatro dos seus álbuns, fazendo também arranjos e tocando diversos instrumentos nas suas gravações.
No dia 17 de Julho, enquanto estava de férias com o seu filho, Ari (filho de Alain Delon e nascido em 1962) em Ibiza, Espanha, Nico teve, aparentemente, um ataque cardíaco enquanto andava de bicicleta e, na queda, bateu com a cabeça. O motorista de um táxi que passava encontrou-a inconsciente e teve alguma dificuldade para que a aceitassem num hospital qualquer, pois Nico não tinha seguro nem nenhum outro plano de saúde.


"No fim da manhã de 17 de Julho de 1988, a minha mãe disse-me que precisava ir ao centro para comprar marijuana. Sentou-se à frente do espelho e enrolou um lenço preto em volta da cabeça. A minha mãe fixou o olhar no espelho e tomou o maior cuidado para enrolar o lenço de maneira apropriada. Desceu a colina na bicicleta dela: "Não vou demorar". Ela saiu no começo da tarde, lá pela uma hora, no dia mais quente do ano, estavam uns 35 graus". - Ari Delon, filho de Nico.

"Nico morreu porque não tinha plano de saúde em Ibiza. Ela usava aquelas detestáveis roupas hippies de lã para disfarçar sua aparência, que se tinha deteriorado ao longo dos anos em consequência do seu vício da heroína. E ela pedalava, usando aquelas coisas de lã no meio do Verão, no maior calor, e teve uma insolaçãozinha que provavelmente teria sido bem fácil de tratar. Mas o tipo que a pegou na estrada levou-a a dois ou três hospitais em Ibiza e nenhum deles a aceitou. Finalmente a Cruz Vermelha aceitou-a e ela morreu lá." - Paul Morrisey

Incorretamente, foi-lhe diagnosticada uma insolação e morreu no dia seguinte, 18 de Julho. O exame de raio-X, mais tarde, acabou revelando uma severa hemorragia cerebral, que foi o que lhe causou a morte. Tinha apenas 49 anos e o seu verdadeiro nome era Christa Paffgen.

9 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante! Eu não conhecia essa história!

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Uma linda mmulher, mas com uma triste história.



Tudo bem por aqui?


Bjus

roserouge disse...

Tudo fino, Georgia. Devo-te uma visita. Bj

Silvares disse...

Here she comes, you better watch your step
Shes going to break your heart in two, its true
Its not hard to realize
Just look into her false colored eyes
She builds you up to just put you down, what a clown

cause everybody knows (shes a femme fatale)
The things she does to please (shes a femme fatale)
Shes just a little tease (shes a femme fatale)
See the way she walks
Hear the way she talks


:-(

roserouge disse...

Lindo, Silvares, é isso mesmo. Tks.

Jorge Pinheiro disse...

Desconhecia inteiramente. Nunca fui fã de Nico. Aprende-se muito nos blogues!

Liberté disse...

Rock & Roll and Sex apeal

Lília Abreu disse...

Uma história que não conhecia.
Tão bonita e tão jovem. Fica-se sempre triste.
Mas é uma máquina infernal, à qual poucos escapam.

lurian disse...

Nico era sensacional, bonita, junkie, intensa, sexualmente liberada, uma voz que parecia vir das entranhas da terra, um ícoN mesmo! Sua história é como a dos grandes, trágica. Nico era boêmia, ultraromantica, essas pessoas não vivem muito, normal, mas fazem mais pela humanidade do que outras q vivem 100 anos.