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quarta-feira, dezembro 03, 2008

JAZZLIFE - The sights and sounds of American Jazz


Em 1960, o fotógrafo William Claxton e o conhecido musicólogo alemão Joachim E. Berendt, viajaram através dos Estados Unidos, sempre em direcção aos lugares mais quentes e emblemáticos da música jazz. O resultado desta colaboração, traduziu-se numa espantosa colecção de fotografias e relatos das mais incríveis histórias tanto sobre famosos e lendários músicos como de outros, simples músicos de rua.


O livro JAZZLIFE, o original fruto deste trabalho, tornou-se uma peça de colecção altamente prestigiada entre os fãs de fotografia e música Jazz. Em 2003, a Taschen começou a reunir este tão importante material, bem como muitas outras imagens nunca antes publicadas, documentando magistralmente todas estas viagens e o amor que Claxton e Berendt sentiam pela música Jazz.

Usando todos os benefícios que a tecnologia digital de hoje em dia nos traz, foi restaurado e gravado um CD de músicas que Joachim Berendt tinha produzido nas suas gravações originais e incluído nesta edição. Os fãs de Jazz deliciar-se-ão com uma viagem através dos tempos, tal como Claxton e Berendt viram, ouviram e experimentaram durante o seu périplo.

Esta fabulosa edição inclui fotografias de Charlie Parker, Count Basie, Duke Ellington, Muddy Waters, Gabor Szabo, Dave Brubeck, Stan Getz, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Miles Davis, Charlie Mingus, Thelonious Monk, John Coltrane e muitos mais. Inclui ainda um CD bónus, remasterizado digitalmente a partir de gravações feitas durante esta viagem. O original foi lançado em 1960, em dois LP’s.

O Fotógrafo: William Claxton (1927-2008) entrou para o mundo da fotografia por conta de seu amor à música, por mais estranha que soe a afirmação. Era jovem e colecionava recortes dos seus ídolos de jazz quando resolveu que gostaria de fazer parte daquele universo. Na época, a fotografia era um hobby e o equipamento de que dispunha, uma máquina Speed Graphic 4×5, já era, então, obsoleta. Mas foi com esta câmera que Claxton passou a frequentar os clubes de jazz em Pasadena, California e se foi aproximando de músicos e aprendendo na prática o ofício de fotojornalista. Aprendeu bem e depressa. Para Claxton, a intenção era capturar todos aqueles momentos em que os artistas deixavam de ser artistas e se tornavam, longe do mito, figuras humanas de carne e osso.

A imagem de John Coltrane subindo o palco do festival de Jazz de Newport, em 1960, de olhar apreensivo e concentrado, cenho franzido e a mão crispada presa ao saxofone, com as veias visíveis, é uma das suas fotos mais conhecidas. William Claxton morreu no passado dia 11 de Outubro, na sua casa de Los Angeles.


O Autor: Joachim E. Berendt (1922-2000) foi um dos membros fundadores da South West German Radio (Südwestfunk) e produziu mais de 250 discos. Em 1953, publicou pela primeira vez o livro “Das Jazzbüch”, que depressa se tornou, pelo mundo inteiro, no livro mais importante sobre o tema, alguma vez publicado. A sua colecção de discos, livros e toda a espécie de documentos alusivos ao Jazz, são a base do Instituto do Jazz (Jazzinstitut) em Darmstadt, na Alemanha. Berendt morreu de acidente em 2000.

Este “livrinho”, agora relançado e actualizado pela Taschen, vem numa caixinha, tem capa dura, mede 24,5 x 34,2 cm, tem 552 páginas e custa apenas (pasme-se!) €49,99. Podem, se fazem favor, incluí-lo no cestinho de presentes que, estou certa, me irão oferecer nesta quadra de fraternidade e amor que agora se avizinha. Oh, Pai Natal, que fiz eu para merecer tanto?! (faces ruborizadas de pudor prazenteiro) Obrigadinha, obrigadinha…
Estes simpáticos rapazes aqui na foto de cima, estão cantar "Merry Christmas" para vocês, numa versão muito bluesy, muito jazzy. Não parece, mas estão. Sintam como vos apetecer melhor.

quinta-feira, novembro 27, 2008

An offer you can't refuse - The Godfather Family Album


"To grasp the full significance of life is the actor's duty, to interpret it is his problem and to express it, his dedication" - Marlon Brando

"A good actor is a good actor." - Francis Ford Coppola
Imaginem bem o que terá sido testemunhar ao vivo e a cores, grandes actores do nosso universo cinéfilo, em pleno desempenho de alguns dos seus melhores papéis. Steve Schapiro teve esse previlégio enquanto fotógrafo principal nalguns dos mais importantes filmes americanos. Na trilogia "O Padrinho" de Francis Ford Coppola, Schapiro imortalizou actores como Marlon Brando, Al Pacino, Robert De Niro, James Caan, Robert Duvall e Diane Keaton, entre outros.
As fotografias mostrando Don Vito Corleone segurando o gatinho e a outra do sussurro no seu ouvido, são hoje imagens iconográficas do universo do cinema. E eis que a Taschen decide publicar pela primeira vez num só livro uma vasta selecção de imagens da famosa trilogia de "O Padrinho", a partir dos negativos originais de Steve Schapiro. Esta fabulosa e limitada edição inclui também artigos e entrevistas a Francis Ford Coppola e a alguns actores dos filmes e contém mais de 400 fotos a cores e a preto e branco, muitas delas que nunca tinham visto a luz do dia.

Os fãs terão assim, a oportunidade única de poder espreitar o making of de cenas de uma obra que fez história no mundo do cinema e esta é, verdadeiramente, uma oferta que não podemos recusar.


"A lawyer with a briefcase can steal more than a thousand men with guns".

"I know it was you, Fredo. You broke my heart - you broke my heart!"

Existe uma edição limitada a 200 cópias de "The Godfather Family Album", todas numeradas e assinadas por Steve Schapiro, em formato XL, de 29x44 cm, tem 444 páginas e custa a módica quantia de € 1.250.00 e vem numa caixa; existe ainda uma outra edição de 1000 cópias também numeradas e assinadas, mais pequena, com a lombada em pele e também numa caixa e custa "apenas" € 500. Eu sei que não mereço tanto, mas se vos apetecer, sintam-se livres para fazer uma vaquinha e oferecer-me uma destas agora pelo Natal. Aqui a modesta e incipiente blogueira iria ficar toda contentinha, ah pois ia! Porque "O Padrinho" é para sempre! E esta oferta, eu não vou recusar! Thank you very much!

"Finance is a gun. Politics is knowing when to pull the trigger."

terça-feira, novembro 18, 2008

Nenhum Olhar

“José olha o sol de frente e pensa. Pensa na mulher e no que o diabo lhe disse na venda sobre ela. E pensa no dia em que as cigarras se calarão na planície e os ramos mais finos dos sobreiros e das oliveiras se tornarão pedra. Trinta anos mais tarde, José, filho de José, olha o sol de frente e pensa. Pensa na mulher do primo e no que o diabo anda a dizer ao primo na venda sobre eles. E pensa no instante em que nada restará, nem mesmo o silêncio que fazem todas as coisas a olhar-nos (...)

O romance “Nenhum Olhar” de José Luís Peixoto, é a história de José, o pastor, e da sua mulher, perdida nos braços de um gigante com quem mantêm uma relação inquietante. Também temos a cozinheira, que faz esculturas com legumes e que se casa com um dos irmãos siameses, Moisés e Elias, que estão ligados pelo dedo mindinho. Um dia, o pai dos siameses levou-os à venda para que fossem separados, mas acabou por desistir porque não conseguia decidir qual dos gémeos iria ficar com um dedo a menos. E há também uma prostituta cega. E um homem que está numa casa a escrever. E o demónio, sempre o demónio. E o Alentejo. E o sol, muito sol. A riqueza de todas estas personagens é o seu lado fantástico, cruzamento de contos de fadas, lendas de mouras encantadas e presságios de morte acompanhando sempre qualquer incursão. Li este livro em dois dias e durante estes dois dias só comi couves com batatas, porque os personagens só comiam couves com batatas. Para mim, José Luís Peixoto é a última grande revelação da literatura portuguesa.
Alguns anos mais tarde, conheci JLP na estreia duma peça no Teatro da Trindade onde uma amiga comum desempenhava um papel, fui falar com ele sobre este romance e do quanto tinha gostado e ele escreveu-me isto num papelinho qualquer:

“O sol, bola de fogo, levantou-se rente à terra, mais tarde que nos outros dias, derramando um rio incontrolável de chamas pelas ruas e pelos campos, queimando o que poupara na véspera.”
(…) O mundo acabou. E não ficou nada. Nem as certezas. Nem as sombras. Nem as cinzas. Nem os gestos. Nem as palavras. Nem o amor. Nem o lume. Nem o céu. Nem os caminhos. Nem o passado. Nem as ideias. Nem o fumo. O mundo acabou. E não ficou nada. Nenhum sorriso. Nenhum pensamento. Nenhuma esperança. Nenhum consolo. Nenhum olhar.”

segunda-feira, novembro 17, 2008

José Saramago


8 de Março de 1999, 8 horas da manhã. Sala de embarque do aeroporto de Lisboa e eu e a minha amiga Lurdes à espera dum voo para Madrid, donde depois seguimos para o México. José Saramago ia no mesmo avião, mas só até Madrid. Quando reparámos nele, a Lurdes pegou na máquina e foi-se pôr atrás duma coluna qualquer a tentar filmá-lo como quem não quer a coisa. Eu levantei-me da minha cadeira e, tranquilamente, perguntei-lhe: "Bom dia, o senhor incomodar-se-ia muito se eu e a minha amiga tirássemos uma foto consigo?" Resposta dele: "Claro que não, com todo o prazer!Tem máquina? Ó Pilar, não te importas de chegar aqui?" Fiz sinal à outra que ficou de boca aberta com tanto descaramento e que saiu disparada lá do esconderijo onde estava e snap, cá estamos nós com o único Nobel da Literatura Português. A foto foi tirada por Pilar del Rio, mulher de José Saramago e está autografada por trás. Um ano mais tarde, encontrei-o na Feira do Livro no Parque Eduardo VII em Lisboa, onde estava sentado a dar autógrafos, fui ter com ele, falei-lhe deste episódio, ele riu-se muito e disse que sim senhor, que se lembrava da foto no aeroporto. Eu não acreditei mas fiquei contentinha na mesma. Até hoje, nunca consegui ler um livro do Saramago até ao fim.

sábado, outubro 18, 2008

Noah Joad

"- Tom, eu já não quero ir com vocês. (...) Tom, eu não deixo este rio. Vou descer por estas margens. (...) Vou arranjar linha e anzóis e pôr-me a pescar. Perto de um rio ninguém morre de fome. (...) É superior às minhas forças, não posso deixar este rio. (...) Estive deitado naquela água. E agora não a deixo. Vou descer o rio, Tom. Posso pescar e nadar. Não vou deixar o rio. Não posso! (...) Custa-me fazer isto mas tem que ser. Preciso de ir e acabou-se.

Voltou-se abruptamente e foi-se por ali abaixo, ao longo da praia. Tom ainda quis segui-lo mas acabou por desistir. Viu-o desaparecer entre os arbustos e depois tornar a surgir, seguindo a margem do rio. O seu vulto foi diminuindo de tamanho pouco a pouco, até se sumir de vez entre os salgueiros."

Excerto de "As Vinhas da Ira" - John Steinbeck, quando o irmão mais velho Noah Joad, decide não continuar a acompanhar a família no seu êxodo até à Califórnia.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Pudesse Eu


Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Porto, 1919-2004