quinta-feira, abril 29, 2010

The Banger Sisters - Sable Starr

Na sua primeira visita aos Estados Unidos, David Bowie ouviu muito falar sobre uma miúda de 14 anos que fazia a alegria da rapaziada roqueira lá em Los Angeles. Então, assim que chegou à cidade, pediu que a procurassem e que deixassem bem claro as suas intenções com a adolescente. Sable Starr, ao saber do interesse de Bowie por si, foi até ao hotel em que ele estava. Sentou-se no colo no camaleão, e disse a sua mais célebre frase: "Jesus, tens mesmo um olho de cada cor!".

Sable é, por algum motivo muito estranho, uma das groupies que reúnem mais entusiastas na internet. Ok, vamos analisá-la: ela não era tão bonita quanto muitas das outras que por ali pululavam. Ela tinha, aliás, fama de ser uma verdadeira drama queen. Mas tem na sua lista nomes respeitáveis, como Iggy Pop, Marc Bolan e Johnny Thunders. Perdeu a virgindade com Jimmy Page (dizia ela...). Ou seja, havia algo nela atraía os seus ídolos.

No livro Please Kill Me, de Gillian McCain e Legs McNeil, Sable Starr é descrita como uma adolescente muito liberal e querida entre outras groupies da mesma época. Não era competitiva. Não tinha que ser. Todo o rockstar que ia a Los Angeles queria conhecê-la, e não o contrário.

Apesar de passar as madrugadas em Hollywood, Sable morava a uns 45 minutos de lá. Os pais permitiam que ela ficasse na rua até às cinco, seis horas da manhã, desde ela fosse para a escola. Sable odiava a escola. Passou seis meses sem lá pôr os pés quando foi morar com Iggy Pop, em Hollywood. Durante o tempo em que viveu com os Stooges, Sable nutria o hábito de abrir a revista Billboard para conferir quais eram os astros do rock que estavam no topo e com os quais ela ainda não tinha dado umas cambalhotas. Então, ela fazia a listinha de suas próximas conquistas. Iggy só conheceu o lado levemente psicótico de Sable quando Wayne County foi passar uns dias hospedado com a banda. Prontamente, Sable ofereceu-se a County, que a rejeitou por ser gay. Ela armou um escarcéu daqueles: ficou nua, cortou os pulsos e saltou para dentro da piscina. Ficou lá, boiando, até que Ron Asheton e Wayne a retiraram de lá e a deixaram aos cuidados de Coral Starr, a irmã de Sable.

Noutro incidente semelhante, Ron foi chamado à pressa porque a pequena se tinha trancado dentro de um quarto e ameaçava matar-se. A porta do quarto foi arrombada, e quando Sable finalmente abriu a porta da casa de banho, Ron encontrou-a nua. Ela tinha tentado cortar os pulsos novamente com uma lâmina de barbear, mas a lâmina não havia dado conta do recado.
O único relacionamento sério conhecido de Sable foi com Johnny Thunders que, dizem, era louco por ela. "Johnny era doce e inocente e lindo. A primeira semana foi mágica. Eu simplesmente me apaixonei por ele. Durante o dia nós caminhámos pela Hollywood Boulevard, entrámos em todas as lojas e tirámos fotos, foi muito divertido. Johnny e eu ficámos no nosso mundinho. Eu pensava que tinha morrido e ido para o céu".
Após o seu romance com Thunders, Sable teve um breve relacionamento com Richard Hell. Aos 19 anos, cansou da cena. "Quando deixei LA aos 19 eu jurei que nunca mais voltaria, e não voltei. Fui pra casa, para o lugar onde cresci, voltei para a escola, entrei na equipa de ténis e voltei ao normal".

Sable Starr morreu durante o sono em Abril de 2009, aos 51 anos. Tinha vários pequenos tumores no cérebro. Deixou dois filhos.

One From The Heart

Tom Waits - Lower East Side, NYC - 1970

“Eu não tenho problemas com a bebida, com a excepção
de quando não a consigo encontrar.” – Tom Waits

Forever Young


Afinal o que é ser-se velho? É ter rugas e cabelos brancos ou não ser capaz de evoluir? É que para permanecer psicologicamente jovem as operações de estética e o ginásio ajudam pouco.

Há pessoas que, graças a tratamentos hormonais, ginástica, cirurgia estética, maquilhagem e moda, continuam a parecer jovens, mesmo tendo 70 anos. E alguns também são jovens no seu interior. Já outros têm um interior envelhecido. Que significa exactamente ser jovem ou ser velho? Os jovens lembram-nos animais juvenis: crias fofas, flexíveis, brincalhonas.

Na criança vemos vivacidade, frescura e espanto. Para nós, os jovens têm muita energia, são rápidos, animados e recuperam rapidamente as forças. No plano mental, são curiosos, fazem experiências, aprendem rapidamente, acreditam no futuro, adaptam-se às várias circunstâncias, pensam para além dos esquemas existentes e são criativos, construtivos. Nos velhos, todas estas características se tornam mais rígidas. Mas será mesmo assim? Serão mesmo assim todos os jovens que conhecemos? Não. Muitos são pessoas de hábitos, seguem passivamente as modas, as orientações do grupo, perdem tempo com jogos parvos. Outros são preguiçosos, não lêem, não estudam, não conseguem concentrar-se, não acreditam no futuro, não sabem definir nem seguir metas. Portanto as qualidades que descrevemos como sendo típicas da juventude estão presentes em algumas pessoas excepcionais com uma grande inteligência, abertura mental, capacidade de criar e de renovação contínua.

Goethe, Freud, Marie Curie, Simone de Beauvoir, Verdi, Puccini, Charlie Chaplin permaneceram sempre jovens. Mas não é essencial possuir o génio deles para permanecer jovem. Basta cultivar as nossas qualidades humanas. Há muitas pessoas que ficam psicologicamente velhas com trinta anos porque se encerram em hábitos, preconceitos e horizontes ideológicos, não aceitando o que é novo ou diferente.
Controlam as emoções, não enfrentam novos problemas, tornam-se rígidas e repetitivas. E se graças à ginástica, às dietas, à cirurgia estética conseguem parecer fisicamente jovens, quando começam a falar percebemos que são iguais ao que eram no passado.

Velho é quem não evolui. Para permanecer psicologicamente jovem, o exercício e as operações estéticas servem de pouco. É preciso um coração e uma mente abertos, aceitar a humanidade em todas as suas formas, observar, estudar o que é novo, tentar compreendê-lo, não seguir a manada, não seguir as modas, não se deixar arrastar pela corrente, pensar pela própria cabeça, viver as emoções, procurar o que é intenso e essencial e rejeitar o resto.


Francesco Alberoni
Sociólogo, escritor e jornalista.
Jornal "i" - 23/Março/2010

segunda-feira, abril 26, 2010

In A Sentimental Mood

MÚSICOS DE JAZZ - DIPLOMATAS NA GUERRA FRIA

Procurando uma imagem internacional amigável, os EUA usaram a arte do Jazz e seus músicos para fazerem política de boa vizinhança, transformando-os em diplomatas na Guerra Fria. Algumas destas imagens contam essa história.

Benny Goodman, em Moscovo (1962)

O programa chamava-se Embaixadores do Jazz. Os inimigos durante a Guerra Fria eram muitos e trazê-los para o lado oposto era o principal objectivo de muitos programas norte-americanos, entre eles o "America's Jazz Ambassadors Embrace the World", em tradução livre: "Os Embaixadores do Jazz Americano Abraçam o Mundo".

Count Basie em Rangum - Birmânia (1971)

A idéia, foi de Adam Clayton Powell Jr., representante do Harley. O raciocínio de Powell era: vamos mostrar ao mundo a América real. Paramos de enviar companhias de ballet e orquestras sinfónicas e enviamos os músicos de Jazz. Na época (meados dos anos 50-fins dos 70), nada melhor que o Jazz e seus grandes representantes.


Clark Terry e sua Giants Jolly, em Karachi/Paquistão (1978)

EUA: bárbaros culturais. Assim era visto o país na época pelos moscovitas que, afinal, tinham um “Bolshoi” na manga. Oferecer uma arte original e encantadora como o Jazz realmente foi uma tirada e tanto. Além do que, num momento em que a segregação racial manchava América, as miscigenadas bandas de Jazz faziam um belo papel.

Duke Ellington observando músicos em Nova Delhi (1963)

O Jazz foi uma arma secreta eficientíssima e a correlação entre a arte e a política, perfeita. No Jazz, o solista faz o que quer, viaja pela sua sensibilidade livremente, embora permanecendo no compasso de tempo e acordes. O mesmo acontece na Democracia: o indivíduo faz o que quer, desde que obedeça às leis e a elas se submeta (?!).


Benny Carter e sua banda. Viagem a Ancara/Turquia (1975)
Bicentenário dos EUA

As “missões” do Embaixadores do Jazz duraram dias e meses e atraiu multidões. A primeira turné foi realizada em 1956 e viajou pelo sul europeu, Médio Oriente e sul asiático. O trompetista Dizzy Gillespie (John Birks Gillespie), diria mais tarde: “fomos poderosamente eficazes contra a propaganda vermelha”.


Dizzy Gillespie – Zagreb, então Jugoslávia e o compositor jugoslavo
Nikica Kalogjera (1956)

O sucesso dos Embaixadores do Jazz foi tão grande que Louis Armstrong – o "Embaixador Satchmo", no Congo (1960), foi carregado em cima de um trono. Antes, em 1957 e reagindo ao tratamento dado ao seu povo no estado sulista do Arkansas, mandou literalmente o governo para o inferno e disse: "Está a ficar insuportável! Um homem de cor não tem qualquer país". Mas mesmo assim, concordou em ir a África.


Louis Armstrong cumprimentando Sir Ahmadu Bello, Sardauna de Sokoto
e 1º Ministro da Região Norte da Nigéria – Kaduna/Nigéria (1960)



Randy Weston autografando para estudantes do Gabão (1967)

A arte do Jazz e seus músicos negros representava a superioridade norte-americana sobre a União Soviética – a liberdade sobre o comunismo.


Sarah Vaughan no Festival de Jazz de Newport
– Belgrado/Jugoslávia (1973)


Dave Brubeck – Bagdad (1958)
Ao tocar em 12 cidades polacas, vários jovens músicos acompanharam a banda de cidade em cidade. Quando regressou a Varsóvia, um daqueles seguidores foi até Brubeck e disse: "O que você trouxe para a Polónia não era só Jazz. Foi o Grand Canyon, o Empire State Building, foi a América."


Woody Herman – Santiago/Chile (1958)
O programa não foi tão eficiente quanto o possível. As pessoas nunca confundiram a arte do Jazz com a política norte-americana.


Charlie Byrd Trio – Embaixada em Manila/Filipinas (1975)

Os Estados Unidos ainda mantêm o programa do Jazz na sua diplomacia, chamado Rhythm Road. Entretanto, agora é mais modesto, mesmo porque, os músicos de Jazz não são tão famosos.


Dave Brubeck e Paul Desmond (centro) encontram-se com músicos
em Bombaim – Índia (1958)

Muitos destes músicos não deram grande importância ao projecto em si. Preocupavam-se muito mais com a música e o seu impacto junto das populações.


Benny Goodman tocando oboé, com um músico
em Rangum – Birmânia (1957)

Fonte: The New York Times

terça-feira, abril 20, 2010

Sunday Papers

Os jornais, tal como os conhecemos, acabaram. Adiós... - diz em tom teatral, balançando no ar um exemplar do "El País". Não significa dizer que deixarão de existir. Esse adiós resulta tão somente da constatação de que os impressos pertencem à sociedade industrial, e não estamos mais nela. Entramos na sociedade digital.
No ano passado, cerca de 600 jornais fecharam as portas nos EUA, alguns deles com muita tradição. Há cidades americanas que simplesmente ficaram sem o seu jornal local, o que chega a ser traumático. Em geral, jornais nascem defendendo bandeiras políticas e, ao se manterem à custa das receitas publicitárias, preservam sua independência.
Como esse modelo ficará? Embora a edição digital do "El País" venha crescendo bastante, eu não posso lhe dizer que se trata só de uma bem-sucedida transposição do impresso para o online, porque não é verdade. São veículos diferentes.
Gastamos horas e horas de discussão para saber se devemos ou não cobrar por nossos conteúdos na internet ou oferecê-los de graça. A esta altura do jogo, me parece uma pergunta sem sentido. O que nos cabe perguntar é que tipo de jornalismo queremos ter na rede. Não está claro.
Hoje, as melhores imagens que tenho visto, do ponto de vista jornalístico, estão saindo dos celulares de amadores, e não das máquinas dos fotógrafos profissionais. Há um terremoto no Chile e as primeiras imagens que recebemos vêm de cidadãos anônimos. E o que dizer de reportagens feitas por leitores?
Se todos os indivíduos no mundo tiverem acesso a jornais e livros nos patamares dos países desenvolvidos, as florestas da Amazônia somem em dez anos. Eis aí um aspecto positivo da sociedade digital.
Google, Microsoft, Yahoo, Facebook, Twitter, são marcas que nunca existiram no campo analógico. Elas nem precisaram de campanha publicitária de lançamento, ou seja, nunca vi um cartaz dizendo "compre Google". Entrámos nele porque as portas estavam abertas.
E há um aspecto desconcertante a considerar: nenhuma dessas marcas nasceu de um processo convencional, tendo uma estrutura por trás. Todas foram boladas por estudantes em quartos, sótãos e garagens das casas paternas, ou em dormitórios de universidades. Todas. Isso já reflete uma mudança cultural impressionante.

Juan Luis Cebrián, fundador e primeiro diretor do El País
Fonte: "O Estado de São Paulo" (17/04/10)
(com a gentileza do vizinho Aly do finíssimo Letteri Café)

Retrato do Artista Enquanto Jovem - 146ª Parte

Oh yeah
In France a skinny man
Died of a big disease with a little name
By chance his girlfriend came across a needle
And soon she did the same
At home there are seventeen-year-old boys
And their idea of fun
Is being in a gang called The Disciples
High on crack, totin' a machine gun

(...)
Quem é?

segunda-feira, abril 19, 2010

The Banger Sisters - Cynthia Plaster Caster

E por falar em rock'n'roll e como neste blogue se fala das coisas da vida assim em geral e porque ele existe apenas para nos divertirmos, bora lá aqui fazer umas postagenzinhas sobre aquelas meninas a quem, tão carinhosamente, Frank Zappa chamou "The Banger Sisters". Até já fizeram um filme com este nome e tudo, com as nossas queridas Susan Sarandon e Goldie Hawn.
Vai daí e, como todos nós sabemos, junto das bandas de rock, vem as groupies. E não é preciso ser uma banda famosa, bandas underground e bandas covers também trazem as suas groupies, e bastante até.
As groupies, são aquelas pequenas que vivem intensamente o rock, acompanham os seus ídolos a todo e qualquer lugar por onde tocam e que têm “intimidade” suficiente para se tornarem, além de simples fãs, namoradas, amantes, amigas vá, de grandes estrelas da música (ou nem tão estrelas assim).
Mas não pensem que o “trabalho” delas é só fora de cena. Elas já influenciaram muitas bandas, causando discórdia entre amigos, inspirando músicas e muito mais. Tanto que, muitas delas ficaram famosas, às vezes mais famosas do que as bandas que acompanhavam. Sim, ser groupie é um trabalho que, digamos assim, dá um certo prestígio. E até já se deu o caso de alguns músicos se apaixonarem mesmo por uma ou outra e vai de casar com a menina. Lá mais para a frente, veremos exemplos desses.

Definitivamente, uma das histórias mais divertidas a respeito de groupies, envolve Cynthia Plaster Caster (n. 1947, Chicago) uma estudante de 18 anos de artes plásticas, que mostrava de forma algo inusitada, todo o seu amor pelo rock e que gostava de provar (literalmente) as suas conquistas, fazendo réplicas de órgãos sexuais dos ídolos aos quais teve acesso.
As "Plaster Caster Girls", como gostavam de ser chamadas, eram um selecto grupo de meninas que, após darem umas cambalhotas com os seus ídolos, faziam uma cópia dos seus genitais em gesso.
Normalmente, as pequenas agiam em dupla: enquanto uma "entretia" o rockstar, para garantir que o molde ficasse com o formato desejado, a outra era responsável pela parte "artística" da coisa.

Cynthia e o molde do coiso de Jimi Hendrix (diz ela...)


A primeira vítima dos moldes de Ms. Plaster Caster foi o mago da guitarra e grande adepto das groupies: Jimi Hendrix. Depois de um show no Civic Opera House, em Chicago, em 1968, Cynthia e uma amiga arranjaram maneira de abordar o astro. Foram com ele para o hotel, conversa para cá, conversa para lá, e agora imaginem esta cena para lá de bizarra: Hendrix, deitado nú, enquanto as duas pequenas envolviam a sua genitália em gesso. Como ainda não tinham muita prática, não lubrificaram o suficiente a pele do pénis e o resultado foi desastroso. Ele era gesso por todo lado enquanto as desesperadas meninas tentavam consertar o estrago. Enquanto isso, o bem humorado e desinibido Hendrix limitava-se a dizer "no problem" (assim é que é, ó Jimizinho!) . Cynthia revela que o molde foi quase perdido, pois, na ânsia de ver o resultado, a moça não aguentou esperar o tempo mínimo de secagem do gesso. A réplica acabou por se partir, mas Cynthia lá conseguiu colá-lo direitinho.
No ano 2000 foi inaugurada em Manhatan, NY, uma exposição chamada "The Life Casts Of Cynthia Plaster", onde se podiam ver mais de 40 dessas esculturas, tanto de "astros" quanto de roadies e empresários. Pois é, parece que as meninas não perdoavam ninguém... Hoje em dia, todas estas... hãããã, obras vá, permanecem guardadas num cofre de um banco.

A produtora Vivid lançou um filme com cenas de Jimi Hendrix fazendo sexo com duas mulheres. Uma delas, a famosa Cynthia Plaster Caster, faz comentários e mostra o membro esculpido do músico na fita.
Segundo o The New York Times, o rosto do lendário guitarrista do rock aparece por completo apenas alguns segundos na suposta sex tape, deixando dúvidas sobre a veracidade do material
. (assim de repente, até parece ele)

Gostaram? Stay tuned, for another cartoon!

quinta-feira, abril 15, 2010

Fin Du Monde

Cabaret Fin de Monde: carte postale, 1910
(imagem gentilmente cedida pelo amigo Aly do excelente Letteri Café, aqui mesmo ao lado)

sábado, abril 10, 2010

O Captain, my Captain!


“Não deixes que termine o dia sem teres crescido um pouco, sem teres sido feliz, sem teres aumentado os teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que alguém retire o direito de te expressares, que é quase um dever. Não abandones as ânsias de fazer da tua vida algo extraordinário. Não deixes de acreditar que as palavras e a poesia podem mudar o mundo. Aconteça o que acontecer a nossa essência ficará intacta. Somos seres cheios de paixão. A vida é deserto e oásis. Derruba-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas de nossa própria história. Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua: tu podes tocar uma estrofe. Não deixes nunca de sonhar, porque os sonhos tornam o homem livre.” Walt Whitman.
*****************************************************************
Ó Capitão! Meu Capitão!

Ó capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as tormentas, o prémio que
buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço os sinos, toda a gente está
exultante,
Enquanto seguem com os olhos a firme quilha, o ameaçador e
temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu capitão jaz,
Tombado, frio e morto.

Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas –
para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas, agitam-se, os seus rostos ansiosos
voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho que, no convés,
Tenhas tombado frio e morto.

O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e
imóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem
vontade,
O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está
concluída,
O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objectivo
ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde jaz o meu capitão,
Tombado, frio e morto.

Walt Whitman (1819–1892). Leaves of Grass, 1855.
- tradução de Mª de Lurdes Guimarães - in: “Os poemas da minha vida", Diogo Freitas do Amaral, ed. Público

quinta-feira, abril 08, 2010

Retrato do Artista Enquanto Jovem - 145ª Parte

Everybody be cool this is a robbery!
(Any of you fuckin' pricks move and I'll execute every motherfucking last one of you!)
Quem é?
(quem não acertar esta, que tenha vergonha, muita vergonha)

Um Supermercado Na Califórnia

Um Supermercado na Califórnia

Muito venho pensando em ti nesta noite, Walt Whitman,
enquanto caminho pela calçada sob as árvores, com uma incómoda
dor de cabeça e olhando a lua cheia.

No meu faminto cansaço, e fazendo compras na imaginação, fui
ao supermercado de néon e frutas, sonhando com as tuas enumerações!

Que pêssegos e que penumbras! Famílias inteiras
nas compras da noite! Corredores cheios de maridos! Mulheres nos
abacates e bebês nos tomates! - e, tu, Garcia Lorca,
que estavas a fazer diante das melancias?

Vi-te, Walt Whitman, sem filhos, velho comilão solitário,
apalpando as carnes do refrigerador e lançando olhares
aos jovens vendedores.

Ouvi-te perguntar a eles todos: quem matou as costeletas
de porco? qual o preço das bananas? quem é o meu Anjo, tu?

Vagueei por entre as prateleiras brilhantes de latas,
seguindo-te e sendo seguido pelo detective da casa, na minha
imaginação.

Percorremos os grandes corredores, juntos na nossa solitária
fantasia, provando alcachofras, pegando em todas as delícias congeladas, sem passar pela caixa.

Para onde estamos indo, Walt Whitman? Dentro de uma hora
as portas fecham-se. Qual o caminho que tua barba aponta hoje?

(Toco no teu livro e sonho com a nossa odisseia no supermercado - e sinto-me absurdo.)

Iremos caminhar a noite por todas essas ruas solitárias? As
árvores acrescentam sombras às sombras, luzes apagadas nas casas, ambos estaremos sozinhos.

Andando e sonhando com a América perdida de amor, passaremos
por automóveis azuis estacionados a caminho do nosso solitário refúgio?

Ah, querido pai, de barbas cinzentas, velho e solitário professor-
coragem, que América conheceste quando Caronte desistiu de
empurrar o seu barco e desceu-te na margem enfumaçada e ficou
vendo o barco desaparecer nas negras águas do Letes?


Allen Ginsberg, Berkeley, 1955

terça-feira, abril 06, 2010

Rock Roadie

James "Tappy" Wright trabalhou durante vários anos com os maiores músicos do mundo. Conhece as histórias dos bastidores, dada a sua profissão de roadie. De Jimi Hendrix a Elvis; de Beatles a Tina Turner. Correu-os a todos. E conta as histórias da sua vida no livro "Rock Roadie" (compra-se em qualquer livraria online), incluindo o alegado assassinato do guitarrista Jimi Hendrix.

O seu livro, "Rock Roadie", começa por dizer: "Se te lembras dos anos 60, é porque não viveste nos anos 60".
Sim, costuma dizer-se isso porque estava toda a gente sobre o efeito de drogas! Eu tentei manter-me fora disso, também nunca bebi, até hoje. Sou talvez a única pessoa de Newcastle que não bebe. Se tivesse feito isso, não tinha corrido bem, porque não me ia levantar de manhã para garantir que os músicos se levantavam de manhã.
E assim também mantém a memória de todas estas histórias que conta no seu livro.
É verdade. Mas um roadie, naqueles anos, não era muito valorizado. Só alguns anos mais tarde é que se percebeu que eram os roadies que mantinham os grupos unidos, que os tiravam da cama, metiam nas carrinhas, nos autocarros ou levavam ao aeroporto.
Achei interessante a sua definição de roadie: um músico falhado.
(risos) É verdade. Fui músico, toquei num grupo, os Wildcats, e não era mau. Mas não era bom o suficiente. Mas a maioria dos roadies com quem eu falo, por exemplo o Ian Stewart, dos Rolling Stones, era teclista, mas não era bom o suficiente. E por isso, tal como a maioria dos roadies que conheço, somos todos uns falhados, então fizemos o que mais gostávamos.


E tornou-se uma pessoa responsável! A sua primeira banda foram os The Animals.
Exacto. Os Animals tinham uma audição para ir, mas não tinham o equipamento suficiente. Os Wildcats tocavam com os Animals e, por acaso, eu tinha muito equipamento: amplificadores e tudo mais. E também tinha uma carrinha e eles não. Então emprestei-lhes o equipamento e conduzi-os até Londres para a audição na carrinha. Passaram, conseguiram o contrato e tudo mais, e convidaram-me para ser o roadie. Foi assim que comecei.
Foi uma mistura de sorte – de estar no lugar certo – e ter o equipamento.
Exactamente!
Quais são as características de um bom roadie?
Tem de saber o que está a fazer. Eu tinha sido músico e percebia de amplificação dos instrumentos, de como é que as coisas funcionavam. Podia afinar guitarras, por exemplo, montar baterias. Isso é indispensável, para que quando as bandas cheguem ao palco comecem logo a tocar.
Mas os roadies não eram também seduzidos pelo sexo, drogas e rock and roll?
Bem, sexo sim! (risos) Tinha 19 anos, então?! 19 e adorava mulheres. O rock and roll também, mas drogas não. Há uma coisa muito importante nos anos 60: os roadies, a banda e o equipamento andava tudo só numa carrinha! Agora não, há 15 camiões, helicópteros, cozinheiros pessoais: não é rock and roll, são uns "pussycats".
Mas os Stones, por exemplo, são dos maiores de sempre e têm toda essa parafernália.
São os melhores, mas até eles te podem dizer que preferiam o passado, quando iam tocar a pequenos clubes. Já li isso em muitas entrevistas. É a diferença dos roadies dos anos 60 para os de hoje: antes era só um, hoje são 200.
Trabalhou com muitos artistas, mas pode dizer-me qual é aquele que foi o mais difícil de trabalhar?
Bem... talvez os The Animals, porque andavam sempre à porrada. O Eric Burdon talvez seja o melhor vocalista branco de blues de sempre, mas provocava, era mauzinho. E costumava lutar com o Chas Chandler, que tinha 1,93m! Eu tinha de me meter no meio deles. Até quando fizeram uma reunião em 1993, ao fim de 30 anos, e ainda lutavam! Acontece em muitos grupos, mesmo hoje.

E o que me pode dizer de Jimi Hendrix? Era uma pessoa fácil para trabalhar?
Sim, muito, muito mesmo. Desde que déssemos ao Jimi uma garrafa de vinho, uma guitarra e uma mulher... ele estava bem! Os primeiro anos, em Londres, quando estive com ele, foi quando ele estava melhor: portava-se bem, porque queria ser uma estrela pop, e tomava atenção às pessoas. Depois fizemos o concerto de Monterey... vieram as drogas, e quando ele começou a tomá-las – e tomava muitas – ele mudou: tornou-se esquisito, ia para o estúdio com 20 groupies, que se se sentavam na cadeira de produtor... parecia que cada noite eram elas que mudavam as gravações daquilo que ele tinha feito durante o dia. Tornou-se uma pessoa esquisita para trabalhar e, além disso, não queria trabalhar.
Mas acha que foi o espectáculo que Monterey que o mudou?
Foi esse concerto que o tornou famoso nos EUA.
Foi a fama que o mudou.
Sim. Foi um concerto incrível. Os The Who também estavam lá e o Pete Townshend chegou-se ao pé dele e disse: “Acho que deves ser tu a terminar o concerto e não os The Who... não podemos ir a seguir a ti...” O Jimi disse que sim, porque era muito tímido. A loucura do Pete levou-o a partir a guitarra. O Jimi disse-me: “Merda! Aquilo é o que eu faço!” Ele teve de fazer algo, então pediu para ir buscar gasolina. E assim foi... Ele fez a “Wild Thing” e incendiou a guitarra! Nunca ninguém tinha visto aquilo! Acho que foi o melhor espectáculo que ele fez.
Foi o mais memorável?
Sem dúvida. As pessoas falam de Woodstock, mas esse foi terrível! Havia seis gajos em palco... ele deveria ter tocado no domingo à noite, mas a chuva adiou o concerto, não havia electricidade. Então tocou na segunda-feira de manhã. E o meio milhão de pessoas que lá estava já tinha ido para casa. Ainda havia 20 mil... mas é uma diferença enorme. O melhor foi ele a tocar a "Star Spangled Banner". Mas foi o de Monterey foi o melhor. Em 68 começou as digressões pelos EUA, apareciam pessoas para lhe dar drogas. O problema do Jimi é que ele não conseguia dizer que não.
O Tappy também foi amigo do Mitch Mitchell, o baterista, até à altura da morte dele, há dois anos?
Falámos aqui e acolá. Mas não sei bem... nem sei bem onde está o meu irmão! (risos)
Sabia da existência do disco que foi lançado, “Valleys Of Neptune”?
Só há pouco tempo... é de originais?
São músicas não editadas até hoje. Mas ao que parece o tema "Valleys Of Neptune" era desconhecido.
Não sei onde foram buscar esses temas... Devem estar à procura de algo desesperadamente. Só conhecia o álbum em que ele toca temas blues. Mas esses são temas novos ou é só uma canção?

São várias canções nunca editadas.
(risos) Bem, não sei onde foram buscar. Mas acho que são coisas que o Jimi não quereria que fossem mostradas. Deve ser de alturas em que ele ia para estúdio, com a guitarra, brincar... Mas olha, já sei... deve ter sido no período pós "Electric Ladyland". Ele ia para estúdio, a noite toda, e tocava tudo: guitarra, bateria... e ia experimentar. Mas tenho de ser muito honesto: porque é que se espera até 2010 para editar uma coisa que já está gravada há tanto tempo? Julgava que já não havia mais nada... e eu era muito próximo do Jimi!
No seu livro fala também de Mike Jefferey, o agente de Jimi Hendrix, e da revelação que ele lhe fez, de que teria sido ele o responsável pela morte do Jimi. Pediu-lhe para fazer uma promessa de silêncio. Como se sentiu ao ouvir tal confissão?
Eu trabalhei com o Mike Jefferey desde os Animals. Era tão próximo que estava à espera dele no aeroporto quando o avião dele se despenhou... Fiquei chocado com essa revelação, mas não surpreendido, porque sabia do que ele era capaz. Ele estava a dever dinheiro à mafia e isso é algo perigoso, sobretudo quando não podia pagar. É a velha expressão de matar ou morrer... ele teria ficado na bancarrota se o Jimi o tivesse abandonado, coisa que já era comentada... Se isso acontecesse, o Mike Jefferey teria sido morto pela máfia. Eu não queria que ele me tivesse contado aquilo. Mas sabes, quando as pessoas fazem este tipo de coisas, têm de as tirar do peito, de contar a alguém. Basta ver que ele estava cheio de dívidas e quando o Jimi morreu... pagou-as todas!


Falando de outros artistas com quem trabalhou: Elvis, o rei, por exemplo. Como o conheceu?
Bem, isso vem do trabalho que eu fiz com o Peter Noone, dos Herman's Hermit. Eu era agente dele e ele era enorme nos EUA: vendeu mais discos em 1965 do que os Beatles... Bom estávamos no Hawai e muito cansados e eu pedi à recepcionista para não me passar qualquer telefonema! Tinha-me deitado há dez minutos quando o telefone tocou. Quando atendi ouvi do outro lado (imita voz grave) “Olá daqui fala Elvis Presley”. O que dizer? Mandei-o passear, disse-lhe "fuck off"... Desci e passei-me com a recepcionista: "Acabei de receber um telefonema de um palhaço a dizer que era o Elvis!" E ela: "Desculpe, mas era mesmo o Elvis Presley. Ele está cá no hotel e quer que amanhã o senhor passe pelo estúdio dele..." Bom, lá telefonei de volta, pedi desculpa e tornámo-nos amigos, fiz alguns concertos com ele, mas estava muito comprometido com outras coisas.
Como era Elvis Presley?
Era muito generoso. Costumava chamar-me “sir”. Ele era um cavalheiro, profundo! Era tão simpático que não tenho nada de mal a dizer dele.
Há alguma banda com quem gostaria de ter trabalhado?
Bom... não sei... foram tantos. Fiz umas coisas pequenas com os Rolling Stones, com os Beatles – que tivemos de tirá-los de um edifício. Eu conheci-os a todos, porque era um meio pequeno. Mas olha, tinha adorado trabalhar com o Frank Sinatra. Era o meu tipo de pessoa.


Qual foi o artista com quem mais gostou de trabalhar?
Foi com a Tina Turner. Fantástica! O Ike era assustador... a mim pregava-me cagaços. Mas ela gostava muito de ir às compras, aos mercados... eu levava-a a todo o lado e era muito simpática. Mas quando subia ao palco... era fenomenal. Nunca me cansei de a ver.
Retirou-se em 1984. O que tem feito desde então?
Tenho vendido “memorabilia”. As pessoas vêm ter comigo para ter opiniões sobre material a comprar, etc. Também trabalhei com algumas estrelas de cinema: o Steven Seagal, por exemplo, queria uma guitarra igual à do Jimi, mas não sabia se era semelhante ou não. No fim dos anos 90 comecei a escrever o livro. E teve de ser escrito com muito cuidado, porque hoje em dia os fãs, com a internet, confirmam tudo: até a cor da t-shirt que os artistas vestiam em 1970. E teve de ser tudo muito preciso.

Entrevista ao jornal Metro - 9/Março/2010

Mesa - Luz Vaga

segunda-feira, abril 05, 2010

O Patriota

Está neste momento a passar este filme no Canal Hollywood. E lembra-me uma história.

Rio de Janeiro, Agosto de 2000. Estou com quatro amigas a passar férias no Brasil. Naquele Inverno, lá no Hemisfério Sul, o mau tempo não deu tréguas. Houve cheias e inundações de norte a sul no País, morreu imensa gente. Uma tragédia. De todas as vezes que regressávamos ao Rio, (andámos por todo o lado, da Baía a S.Paulo) estava sempre a chover, nublado, nuvens baixas, cinzento, um capacete na cabeça. De tal forma que não consegui ir ao Cristo-Rei nem ao Pão de Açúcar, para quê, não se via nada cá para baixo, não valia a pena (tenho que lá voltar, é o que é...)mas também não são três pingos de chuva na testa que nos vão estragar as férias... Estava eu então a contar que, num desses dias cinzentos e já depois de muito calcorrear a cidade a toque de caipirinhas e brochetas (são espetadas, tá?) de camarão no famoso Calçadão e de um pantagruélico almoço no restaurante "À Mineira", resolvemos acabar o dia no cinema. Isto dito assim parece idiota, mas ainda tínhamos muitos dias de vacances à nossa frente e no dia a seguir às seis da manhã, íamos apanhar um avião para Salvador ou Ilhéus, já não me lembro. Entrámos no Shopping da Barra da Tijuca e mesmo colado ficava o New York, um espaço gigantesco onde estavam as salas de cinemas e restauração. Lá nos pusémos a conferenciar sobre que filme iríamos ver e optámos por "O Patriota", com o Mel Gibson que ainda se aproveitava naquela época. Resolvi pôr aqui uma foto do querido Heath Legder, ainda tão novinho, tão lindinho, que morte estúpida e que neste filme faz de filho do Gibson. Entrámos para a sala e, ao todo, devíamos ser umas 40 ou 50 pessoas, já connosco incluídas. O filme começa e desatámos logo a rir, com as legendas em portugês-brasileiro. Nunca tínhamos visto tal coisa. Mas como aquilo era só para passar o tempo e a gente ria-se por tudo e por nada, lá fomos curtindo a fita. De repente, a imagem desaparece do écran. Desapareceu mesmo, só ficou o som. Pensámos que era coisa de alguns segundos, um minuto vá, mas nada, aquilo continuava. Mais uma galhofa, claro. O responsável pela projecção do filme, não estava nem aí, de certeza. Alguns minutos depois, começam a ouvir-se algumas vozes a protestar "Comé, mérmão, cadê o fiume?". "E aí, cara, adórrrrrrmeceu?". "Olha essa meeeeerrrrrda aí, cara!" E a gente chorava de riso. "Ondji tá essi cara aí, porra, tá vendo não?" Até que se levantou um tipo qualquer lá do fundo, virou-se para trás e disse: "Vai vê foi dá uma cágaaaaaaaada, né!?" A sala inteira rebentou à gargalhada. Só aquilo valeu pelo filme todo, pela noite toda e pela distracção do funcionário. Volta, mérmão, cê tá perdoado! E ele regressou, arranjou a anomalia e a fita continuou, sem voltar atrás, como se nada tivesse acontecido. Só no Brasil, mesmo. Não ter aquele povo lá começado a cantar e dançar o samba bem no meio da sala, é que me deixou admirada! Que delícia! Ai, estas férias!...

O Nosso Desejo de Liberdade Não É Sincero

"O Homem não nasceu para trabalhar, nasceu para criar."
Agostinho da Silva

Se estamos todos muito bem preparados para reclamar liberdade para nós próprios, menos dispostos parecemos para reclamar sobretudo liberdade para os outros ou para lhes conceder a liberdade que está em nosso próprio poder; se conhecêssemos melhor a máquina do mundo, talvez descobríssemos que muita tirania se estabelece fora de nós como se fosse a projecção ou como sendo realmente a projecção das linhas autocráticas que temos dentro de nós; primeiro oprimimos, depois nos oprimem; no fundo, quase sempre nos queixamos dos ditadores que nós mesmos somos para os outros; e até para nós próprios, reprimindo todas as tendências que nos parecem pouco sociais ou pouco lucrativas, desejando muito que os outros nos vejam como simples, bem ajustados, facilmente etiquetáveis. Agostinho da Silva, in 'Sobre as Escolhas'

- Agostinho da Silva foi um grande pensador e filósofo português do século XX. Exibindo uma sabedoria clara e simples durante toda a sua vida, promoveu o diálogo aberto com todas as pessoas. Grande defensor da liberdade e da criatividade individual, desmantelou todos os dogmas e certezas das sociedades, num processo de dar continuidade efectiva à construção de uma sociedade livre em que cada homem se possa realizar sem opressões. Construiu um sonho que continua a ser possível por via da não negação convincente de todos os que se lhe tentaram opor.

sexta-feira, abril 02, 2010

Retrato do Artista Enquanto Jovem - 144ª parte

You know something ? The whole thing, it's right here. I love this fuckin' place. You're crazy, man. I know that sounds crazy. If anything happens, Mike, don't leave me over there. You got... You gotta... Just don't leave me. You gotta promise me that, Mike. Hey... No, man, you got... you gotta... You gotta promise definitely.
Quem é?

quinta-feira, abril 01, 2010

Super Pop Maria

Thurston Moore - Sonic Youth