quarta-feira, julho 28, 2010

A Morte Por Um Fio

Pode a literatura pôr fim a uma vida de crime? Nos Estados Unidos da América, vingou um programa que se chama Mudando Vidas Através da Literatura: em vez de mandar o réu para a prisão, a juiz manda-o ler e discutir boa literatura - Em Portugal, não há nada parecido.

Robert Waxler, professor de Inglês na Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, acabara de jogar uma partida de ténis com Bob Kane, juiz do tribunal distrital de New Bedford. Sentaram-se, ainda a transpirar, para conversar um pouco. O magistrado queixou-se da Justiça, que já lhe parecia uma espécie de torniquete do sistema prisional: prendia e libertava e tornava a prender. O amigo, dono de uma fé inabalável no poder da literatura, viu ali uma oportunidade: "Vamos fazer uma experiência. Vais pegar em oito homens que te apareçam pela frente nas próximas semanas e, em vez de os mandares para a cadeia, manda-los a um seminário de literatura na universidade. Eu arranjo a sala, escolho os livros e oriento as discussões." O académico recordou aquele episódio numa entrevista que deu à Mass Humanities. Fê-lo enfatizando a coragem do juiz por admitir que ler e discutir boa literatura podiam ser uma alternativa à prisão - sem qualquer evidência científica ainda. Pediu-lhe para escolher "rapazes duros". E ele, com a ajuda do técnico de reinserção social Wayne St. Pierre, escolheu oito homens, no mínimo com o 8.º ano de escolaridade, que somavam 145 condenações.
Esta é a génese do programa Mudando Vidas através da Literatura, que arrancou em 1991 em Massachusetts e funciona agora em diversos estados norte-americanos - incluindo o Texas, senhor de uma das maiores taxas de encarceramento do planeta e um dos que mais aplicam a pena de morte. Em quase 20 anos, milhares de condenados leram e debateram obras como O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway. "As histórias funcionam como um espelho", explicou Robert Waxler ao jornal New York Times. Ao lê-las, uma pessoa pode perceber quem é e o que quer ser. Não só os condenados, também os técnicos de reinserção social e os juízes que participam nas sessões. (...)


(...) Podia um programa destes funcionar em Portugal?

Ana Cristina Pereira - Jornal Público
Por ser um artigo muito longo, não copiei tudo. Mas vale a pena lê-lo na totalidade
aqui.

7 comentários:

El Matador disse...

Em Portugal, se perguntares por aí, ler já é um castigo.

roserouge disse...

Tens razão, Eli, mas não totalmente. Felizmente, ainda há muita gente que lê ou pelo menos que compra livros. A qualquer hora que vás a uma Bertrand, Fnac ou Bulhosa vês sempre longas filas nas caixas. E há livros que esgotam numa pressinha. E depois, todas estas livrarias têm aqueles cartões-cliente, que sempre vão dando uns descontozinhos. Nada mau.

João Menéres disse...

A isto é que eu chamaria UMA OPORTUNIDADE NOVA !

Vou ler o IPSON (ainda o tenho e não parei nesta página.
Mal eu sabia !

Obrigado RR por seres assim!

Um beijo de admiração.

roserouge disse...

João, tens aí o link em baixo!

João Menéres disse...

Eu vi, obrigado.
Mas com o suplemento, posso lê-lo ao pé da minha mulher.
Tás a entender?

Beijos.

roserouge disse...

Percebi, mas não vem no suplemento. Só está no ípsilon online. Mas podes sempre sentar a tua Maria no colo... upalálá, upalálá...

João Menéres disse...

Por isso eu não parei!
(Já me salvaste!).

Gosta de colo, mas não deste Mac onde tantas e tantas horas estou ao coloda cadeira...


BeijoKas.