
Robert Waxler, professor de Inglês na Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, acabara de jogar uma partida de ténis com Bob Kane, juiz do tribunal distrital de New Bedford. Sentaram-se, ainda a transpirar, para conversar um pouco. O magistrado queixou-se da Justiça, que já lhe parecia uma espécie de torniquete do sistema prisional: prendia e libertava e tornava a prender. O amigo, dono de uma fé inabalável no poder da literatura, viu ali uma oportunidade: "Vamos fazer uma experiência. Vais pegar em oito homens que te apareçam pela frente nas próximas semanas e, em vez de os mandares para a cadeia, manda-los a um seminário de literatura na universidade. Eu arranjo a sala, escolho os livros e oriento as discussões." O académico recordou aquele episódio numa entrevista que deu à Mass Humanities. Fê-lo enfatizando a coragem do juiz por admitir que ler e discutir boa literatura podiam ser uma alternativa à prisão - sem qualquer evidência científica ainda. Pediu-lhe para escolher "rapazes duros". E ele, com a ajuda do técnico de reinserção social Wayne St. Pierre, escolheu oito homens, no mínimo com o 8.º ano de escolaridade, que somavam 145 condenações.
Esta é a génese do programa Mudando Vidas através da Literatura, que arrancou em 1991 em Massachusetts e funciona agora em diversos estados norte-americanos - incluindo o Texas, senhor de uma das maiores taxas de encarceramento do planeta e um dos que mais aplicam a pena de morte. Em quase 20 anos, milhares de condenados leram e debateram obras como O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway. "As histórias funcionam como um espelho", explicou Robert Waxler ao jornal New York Times. Ao lê-las, uma pessoa pode perceber quem é e o que quer ser. Não só os condenados, também os técnicos de reinserção social e os juízes que participam nas sessões. (...)
(...) Podia um programa destes funcionar em Portugal?
Ana Cristina Pereira - Jornal Público
Por ser um artigo muito longo, não copiei tudo. Mas vale a pena lê-lo na totalidade aqui.
7 comentários:
Em Portugal, se perguntares por aí, ler já é um castigo.
Tens razão, Eli, mas não totalmente. Felizmente, ainda há muita gente que lê ou pelo menos que compra livros. A qualquer hora que vás a uma Bertrand, Fnac ou Bulhosa vês sempre longas filas nas caixas. E há livros que esgotam numa pressinha. E depois, todas estas livrarias têm aqueles cartões-cliente, que sempre vão dando uns descontozinhos. Nada mau.
A isto é que eu chamaria UMA OPORTUNIDADE NOVA !
Vou ler o IPSON (ainda o tenho e não parei nesta página.
Mal eu sabia !
Obrigado RR por seres assim!
Um beijo de admiração.
João, tens aí o link em baixo!
Eu vi, obrigado.
Mas com o suplemento, posso lê-lo ao pé da minha mulher.
Tás a entender?
Beijos.
Percebi, mas não vem no suplemento. Só está no ípsilon online. Mas podes sempre sentar a tua Maria no colo... upalálá, upalálá...
Por isso eu não parei!
(Já me salvaste!).
Gosta de colo, mas não deste Mac onde tantas e tantas horas estou ao coloda cadeira...
BeijoKas.
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