
A mim, o que me choca nesta capa de álbum, não é tanto a falta de elegância e de gosto desta fotografia. Não sendo moralista, é inacreditável o incorrecto da coisa, tanto política, social e até moralmente. Senão reparem nos pormenores: num cinzeiro, temos um cigarro ardido até à beata e uma cerveja mais que morta numa caneca. Ao que parece a tal Julie faz 16 anos. Logo, não deveria estar num bar. Ainda por cima está com uma carinha de quem está a fazer um grande frete. Frete, por fazer 16 anos? E o tal John? Olhem bem para o olhar de predador e de abutre que o homem lança sobre a jovem. E tem uma aliança de casado na mão esquerda. Isto é o quê?! Quase que se podia estabelecer aqui um diálogo, tipo:
- Atão, atão Juliezinha?! Não queres, porquê?...
- Ai, Johnzinho, não sei, sou muito novinha ainda...
- Ora, ora, não és naaaada. És tenrinha, assim é que é bom, custa menos...
- Ai, não sei...tenho medo...
- Medo de quê, queridaaaaaaaa? Vais ver que não dói naaaaaada. Eu sou meiguinho, anda lááááá... vai ser bom, prometo...
- Não sei se devo...
- Vá lá, deixa-te de tretas. Queres isso aí pra quê? Havia de pesar 30 quilos cada um... vá, vá, anda láááá...
- Hum, vou pensar nisso, ainda agora fiz 16 aninhos...
- E então, Juliezinha?! Já tens corpinho, atão...se já tem relva, já joga à bola...
O que é que vos apeteceria fazer se vissem um cena destas com uma das vossas filhas? Quando eu tinha uns 16/17 anos e ainda andava no liceu, houve um fulano dos seus 40 e tal anos, casado cheio de filhos, conhecido duns amigos meus e que andava atrás de mim com propostas desonestas do género desta. Disse-lhe várias vezes para me deixar em paz, fui educada dentro do possível, mas o filho da puta não desistia. Um dia, passei-me dos carretos, agarrei-o pelo pescoço e preguei-lhe uma valente joelhada nos tomates. Deixei-o lá no meio da rua, espojado no chão e a uivar que nem um cão. Foi remédio santo, nunca mais me incomodou.