
“Hoje em dia, cada vez é mais difícil, arranjar pessoal doméstico decente”. Era esta a lamúria ouvida com mais frequência em alguns lares da classe média em Inglaterra nos anos 50. Da mesma coisa se queixava Mrs. Sarah Rickets, uma velha viúva meio entrevada, de Blackpool, Inglaterra. As boas maneiras e o refinamento tinham-lhe passado ao lado e os seus hábitos pessoais eram no mínimo estranhos. A sua refeição favorita era misturar glicerina (sim, leram bem, glicerina) com compota de amora-silvestre e empurrar aquilo tudo pela goela abaixo com uma mistura de rum e uma garrafa de cerveja preta. Depois de ter colocado um anúncio num jornal local pedindo uma governanta, foi completamente inundada de respostas. Porém, bastaram a Mrs. Rickets apenas dois dias para se decidir em contratar
Louisa Merrifield, uma mulher que, segundo ela, “tinha cara de bota da tropa” e cuja linguagem solta e ordinária, absoluta falta de educação e modos grosseiros lhe agradaram bastante. Louisa mudou-se para casa de Mrs. Rickets com um sujeito simplório a quem chamava marido e durante algumas semanas, todos pareciam muito felizes e contentes com aquele arranjinho, ao ponto de Mrs. Rickets ter alterado o seu testamento a favor de Louisa. Esta, contudo, começou a ficar farta dos caprichos e constantes bebedeiras da sua patroa e, assim que o novo testamento foi assinado e autenticado, ela decidiu dar um empurrãozinho à coisa. Com a conivência do alegado Mr. Merrifield, ela comprou veneno de ratos e começou a misturar quantidades generosas do mesmo, na compota que Mrs. Rickets comia alarvemente à colherada directamente do frasco todas as noites. É claro que, ao fim de alguns dias, a senhora foi desta para melhor e não tardou muito até Louisa ser apanhada e fechada na prisão de Strangeways, Manchester. Foi enforcada no dia 18 de Setembro de 1953, chorada por poucos e não tendo deixado grandes saudades.