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quinta-feira, maio 28, 2009

... And You Are Not!

Não, esta não é para adivinhar quem é. Esta pequena lá de cima chama-se Julia Valet e é uma modelo alemã relativamente conhecida. Há coisa duns quinze anos atrás apresentava um programa na MTV, cujo nome já não me lembro e que passava tarde na noite, tipo depois da meia-noite ou coisa assim e era dedicado às bandas do mais headbangers que havia: Heavy-Metal, Trash-Metal, Speed-Metal, Hard Rock, Rock Industrial e outras pérolas do género. Muito ruído, muita distorção. Foi aqui que eu conheci os Rammstein, por exemplo. Naquela época, já a Julia era boazona. Apresentava-se com um look e penteado muito Marilyn Monroe, grandes decotes, cintura fininha e saias muito justas com grandes rachas de lado. O programa começava sempre com a moça em grandes poses glamurosas, muito bad girl dos anos 50 ou aparecia deitada, lânguida e preguiçosamente numa cama ou num sofá. Bamboleava-se em direcção à câmara, esticava o peito, rebolava-se e sussurrava com a boca escarlate: "Hellooooo. I am Julia Valet. And you are not". O nosso amigo Tó Bicho, ajoelhava-se em frente à televisão, com os braços abertos e as palmas das mãos viradas para o céu, como que a agradecer a Deus por aquele momento. E dizia:
- Olhameaquelasmamas. Olhameaquelaboca. Olhameaquelecu. Olhameaquela...
- Sim, meu amigo, tens toda a razão, a mulher é boa comómilho, sim...
- Boa?!?! Booooaaaaa?! Foda-se, boa sou eu! - respondia ele.
E nós ríamos e a polposuda da Valet continuava a apresentar o programa e sempre a abanar as ancas e a fazer boquinhas. O Tó ficava doido.
Há dois dias atrás, a minha amiga Rosário veio jantar cá a casa. E como costuma acontecer entre amigos de longa data, há sempre muito assunto de conversa, sempre muitas memórias, muitas histórias em comum. Umas boas, outras menos boas, mas a vida é mesmo assim. E lembrámo-nos que foi precisamente em Maio de 1999 que um estúpido e fulminante AVC nos levou o nosso amigo António Bicho. E do choque e estupefacção que foi termos ficado sem ele com apenas 44 anos e assim de repente, dum momento para o outro. Apesar de dez em cada cinco palavras que ele dizia serem "caralho/foda-se", era uma das pessoas mais inteligentes e cultas que conheci na vida. Ele falava e eu escutava. Qualquer dúvida que alguém tivesse, lá estava ele para esclarecer. Bem, não percebia nada de física quântica, mas também quem é que quer saber disso para alguma coisa? O seu finíssimo e corrosivo sentido de humor era lendário e foi uma das pessoas que me deu a mão quando eu mais precisei. Fui logo abrir uma garrafinha de Reguengos Reserva 2005, antes que azede, vamos mas é celebrar a vida. À nossa, aos que nos amam, os outros que se lixem. Helloooooo, I am Rose Rouge. And you are not.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

João Aguardela

Morreu João Aguardela, fundador dos Sitiados e membro d'A Naifa
Músico português desapareceu aos 39 anos, vítima de cancro.
João Aguardela faleceu ontem no Hospital da Luz em Lisboa.
O músico fundador dos Sitiados em 1987, mentor de projectos como Megafone, Linha da Frente e mais recentemente A Naifa desapareceu aos 39 anos, vítima de cancro.
A cerimónia fúnebre terá lugar amanhã, pelas 16h00, no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
"Firme nas convicções, determinado nos objectivos, invulgar na forma de ser e estar na vida, desde sempre grangeou respeito e admiração no meio musical, ainda que nunca tivesse procurado o estrelato", disseram em comunicado família e amigos.
Notícia retirada do site da Blitz.

Descansa em paz, João.

domingo, janeiro 18, 2009

Fogo nas Entranhas

Tânia Leal - "Serenata" - 2005 - acrílica sobre tela - 0.80/0.90

Estavas, linda Inês, posta em sossego...eis senão quando toca o telefone. Triiiiimmm!
Era a Claire, a francesa. Olá, tás boa? Tou e tu? Bem, olha, emprrrestas-me o teu livrrro Fogo nas Entrrranhas, aquele do Almodovarrr que a Ví falou na Terrrtúlia? Tá bem, vens cá buscá-lo? Não, vem cá jantarrr logo à noite e trrrazes-mo então! Ah, só me convidas pra jantar para eu te levar o livro! Interesseira! Nada disso, o jantarrr é apenas um prrretexto parrra a gente se juntarrr! Trrraz o vinho! Ok.
Tornei a mergulhar a cabeça no maldito do relatório e contas. Triiiiiim! Outra vez? Porra, nunca mais acabo esta merda! Toooooouuuu? Era a Rosário.
- Olá, tás boa?
- Sim, e tu?
- Que fazes logo à noite?
- Vou jantar a casa da Claire.
- Ai, é? Ó pá também quero ir!
- Ganda pendura! Liga-lhe a dizer que vais e leva a sobremesa.
E foi muito bom. Uma reunião de três amigas de longa data, na plenitude dos seus...hããã...35 anos (já feitos, claro!) em que, por entre ameijoas vietnamitas, cogumelos salteados, feijão verde, arroz branco, costoletas de porco e um tinto do Douro a empurrar aquilo tudo, se falou de tudo e mais alguma coisa. E a conversa surge naturalmente. Sem perguntas, sem pressões. Sem ânsias de vedetismo, sem egocentrismo. Apesar de já conviver com estas pequenas há muitos anos, fiquei a conhecê-las um pouco melhor e elas a mim. E é meu orgulho e previlégio saber que tenho como amigas, mulheres daquela fibra, daquele sangue. A parte melhor das relações entre as pessoas, sejam de amor, de amizade ou outra coisa qualquer é ir descobrindo particularidades que não sabíamos que estavam lá. Deixarmo-nos surpreender. E será que aquela pessoa sempre foi assim ou só agora é que eu consegui ver isso? Isto já cá estava antes ou só chegou agora? Ir conquistando terreno, aos poucos, ver até onde se pode ir, ir só até onde nos deixam. Deixar as pessoas abrir o coração e ouvir. Saber ouvir também é importante. E raro. A intimidade também se conquista. Obrigada, Claire e Rosário pelo óptimo jantar de ontem. E a culpa foi toda da Ví.