
- Olhameaquelasmamas. Olhameaquelaboca. Olhameaquelecu. Olhameaquela...
- Sim, meu amigo, tens toda a razão, a mulher é boa comómilho, sim...
- Boa?!?! Booooaaaaa?! Foda-se, boa sou eu! - respondia ele.
E nós ríamos e a polposuda da Valet continuava a apresentar o programa e sempre a abanar as ancas e a fazer boquinhas. O Tó ficava doido.
Há dois dias atrás, a minha amiga Rosário veio jantar cá a casa. E como costuma acontecer entre amigos de longa data, há sempre muito assunto de conversa, sempre muitas memórias, muitas histórias em comum. Umas boas, outras menos boas, mas a vida é mesmo assim. E lembrámo-nos que foi precisamente em Maio de 1999 que um estúpido e fulminante AVC nos levou o nosso amigo António Bicho. E do choque e estupefacção que foi termos ficado sem ele com apenas 44 anos e assim de repente, dum momento para o outro. Apesar de dez em cada cinco palavras que ele dizia serem "caralho/foda-se", era uma das pessoas mais inteligentes e cultas que conheci na vida. Ele falava e eu escutava. Qualquer dúvida que alguém tivesse, lá estava ele para esclarecer. Bem, não percebia nada de física quântica, mas também quem é que quer saber disso para alguma coisa? O seu finíssimo e corrosivo sentido de humor era lendário e foi uma das pessoas que me deu a mão quando eu mais precisei. Fui logo abrir uma garrafinha de Reguengos Reserva 2005, antes que azede, vamos mas é celebrar a vida. À nossa, aos que nos amam, os outros que se lixem. Helloooooo, I am Rose Rouge. And you are not.