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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Sombras de Sombras (Amphitryon)

Anfitrião é o nome do mítico Rei de Tebas. Reza a história ser ele o pai de Héracles, reza o mito que Zeus substituiu Anfitrião no leito conjugal, e Héracles teria nascido filho de Zeus. Tendo como pretexto a velha história de Anfitrião, o escritor mexicano Ignacio Padilla escreveu um romance, «Sombras de Sombras» - uma história de imposturas e trocas de identidade.
1916: Primeira Guerra Mundial. Viktor Kretzschmar e Thadeus Dreyer jogam as suas vidas numa partida de xadrês num comboio que transporta tropas russas para a frente de combate. Se ganhar, Thadeus Dreyer, um recruta mobilizado, trocará a sua identidade com a do seu adversário, um empregado dos caminhos de ferro. Se perder, dará um tiro na cabeça.
1943: Segunda Guerra Mundial. O projecto Anfitrião está em marcha. Uma pequena legião de substitutos é treinada para tomar o lugar de certos líderes nazis em aparições públicas de alto risco. A operação é suspensa quando nas suas fileiras se infiltra um grupo reduzido de judeus.
1960: O nazi Adolf Eichmann, coronel do III Reich, é preso em Buenos Aires com um nome falso e, apesar dos numerosos testemunhos que negam tratar-se de Eichmann, é julgado e condenado em Israel. Quem era realmente aquele homem?
Com um domínio espantoso da língua e uma trama que prende desde a primeira linha, Ignacio Padilla constrói em "Sombras de Sombras" uma intriga tão apaixonante como diabólica: a vida de uns quantos homens que, com a identidade de outros, decidiram o destino de milhões de judeus e protagonizaram um dos momentos mais críticos da história recente da Europa. E toda esta intriga começa com uma simples partida de xadrês em 1916 e que vai mudar definitivamente a vida do pai do narrador desta história. Pensa ele ter nascido de Viktor Kretzschmar, agulheiro na linha Munique-Salzburgo; e descobre que na realidade, este Viktor - que odeia comboios - havia sido baptizado como Thadeus. Delirante todo este enredo, a comédia da troca de identidades, do jogo de máscaras e de sombras que destila ao longo de todo o romance, desencadeado por um simples azar ao jogo.
Ignacio Padilla nasceu na Cidade do México em 1968. É autor de diversos romances e é actualmente professor de literatura na Universidade das Américas (México).
Juntamente com outros escritores latino-americanos, Padilla integra o denominado grupo "Geração do Crack", cujas obras, afastando-se do realismo mágico dos grandes nomes da precedente geração, representam uma ruptura com a instalada tradição, preferindo ser "adoptados" por europeus: Kafka, Magris, Arturo Pérez-Reverte e, no caso de Ignacio Padilla, por Fernando Pessoa.

"Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria".

Fernando Pessoa

“Si acaso, la única certeza que nos queda cuando hemos renunciado a todo es lo que los demás dicen saber de nosotros.”
Ignacio Padilla

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Bad Boys & Bad Girls

The Golden Age of Bad Girls - Femmes Fatales em acção!

Durante o fervilhar da era dourada do Jazz e enquanto a famosa Lei Seca transformava cidadãos comuns em criminosos e os vulgares criminosos em autênticas celebridades, surgiram então, dentro deste contexto, revistas policiais para todos os gostos, a primeira das quais foi a True Detective que deu origem a esta compilação.

A True Detective apareceu em 1924 e por volta de 1934, quando a Grande Depressão já tinha produzido glamorosos e cintilantes fora-da-lei como Machine Gun Kelly, Bonnie e Clyde, Baby Face Nelson e John Dillinger, estas revistas eram já tão populares que tanto polícias como ladrões ansiavam por aparecer nas suas páginas. Até o grande chefe do FBI, J. Edgar Hoover escrevia uma coluna com regularidade chamada "Dickbooks," termo usado na gíria e que se referia à Polícia propriamante dita.

À medida que as décadas foram passando, estas revistas sofreram, contudo, curiosas metamorfoses. Quando o alcóol se tornou legal novamente, o espectro da Grande Depressão já tinha passado e os famosos criminosos mortos ou presos, as revistas de detectives viraram-se para o pecado para manter o nível de vendas. As capas passaram a ser adornadas com raparigas sensuais, perversas, vestidas sugestivamente em camisolas justas, saias com rachas que lhes deixavam a perna à mostra e sapatos de salto alto.
Nas capas destas revistas os títulos gritavam "Eu fui uma criminosa – por puro gozo!," "Os hábitos sexuais das assassinas”, "Noiva do Pecado!”, "Ela fez de mim um trouxa," e mais sucintamente,"Mulher Perversa”.

“Em 1950, a visão duma mulher boazona a fumar e vestida sumariamente de forma escandalosa, só queria dizer sarilhos dos grandes”. – (texto no interior)

“Foram o crime, a violência e o sexo que fizeram com que muitos analfabetos comprassem estas revistas, o que fez com que quisessem aprender a ler.” – (texto no interior)

Esta complilação True Crime Detective Magazines abrange a evolução e o declínio deste distinto género literário americano, desde 1924 até 1969. No seu interior, podemos ver centenas de capas e imagens destas revistas que, não só nos contam as histórias de polícias e ladrões daquela época, mas também a atitude da própria América em relação ao sexo, pecado, crime e castigo, durante cinco décadas.

”Com bons modos e uma arma na mão, podes chegar muito mais longe do que apenas com bons modos”. - Al Capone

Os textos são dos coleccionadores de revistas Eric Godtland e George Hagenaur e do editor da True Detective, Marc Gerald. A True Crime Detective Magazines traz-nos um olhar informativo e divertido sobre um dos mais estranhos nichos literários de todos os tempos.

”Os meus amigos queriam todos ser bombeiros, agricultores ou polícias, qualquer coisa do género. Mas eu não. O que eu queria mesmo era ser bandido."
- John Dillinger


Esta é mais uma obra para coleccionadores do género. Da Taschen, claro. Já estive com este livro na mão e é muito bom mesmo. Há na Fnac e nas boas livrarias. Vem em Inglês, Francês e Alemão, mede 23,2 x 27 cm, tem 336 páginas e custa €29,99. Se o meu Pai Natal for generoso, sou mulher para ir lá comprar um. O do JazzLife já está reservado. Sim, porque se eu estiver à espera que algum de vocês se chegue à frente…

domingo, dezembro 14, 2008

Olga e o Oligarca

Através de Bettina Rheims, um oligarca russo apresenta a sua bela mulher ao mundo.

Olga Rodionova é uma beldade bem conhecida nos circuitos da moda e do jet-set de Moscovo. Quando o seu adorado e apaixonado marido, um poderoso oligarca russo, pretendeu eternizar a beleza da sua mulher em fotografia, ele pensou, nada mais nada menos, em Bettina Rheims, uma fotógrafa bastante conceituada que na altura considerou o pedido algo estranho, em virtude do seu estatuto profissional.
Porém, ao conhecer Olga, Rheims sentiu-se imediatamente envolvida pela sua aura tão especial e única que se empenhou em realizar um trabalho ao mesmo tempo estético e ousado mas que servisse o seu propósito, ou seja, mostrar ao mundo toda a sua sensualidade e beleza sem cair nas raias da pornografia. (Imagino que se tenha envolvido também com o cheque que o russo lhe passou...)

A primeira sessão de fotografias teve lugar na casa de campo da própria Bettina Rheims e o marido de Olga ficou tão contente com o resultado que sugeriu que se produzisse um livro em que Olga figurasse como estrela.
Seguiu-se uma segunda sessão de fotos a preto e branco num ambiente sado-masoquista, em que homens e mulheres desempenham subtis jogos sexuais com Olga.

Uma terceira sessão, inspirada num décor Marie-Antoinette, teve lugar inteiramente no estúdio de Bettina Rheims. Ela conseguiu, de várias maneiras, descrever este tema tão específico com a mesma frescura, erotismo e ousadia das fotos anteriores. The Book of Olga representa um dos frutos mais saborosos do seu sucesso. Contendo mais de cem imagens, bem como um prefácio da escritora francesa Catherine Millet, este livro único é, não só uma canção de amor dum homem à sua mulher, bem como uma obra de arte fotográfica.

A fotógrafa:
Bettina Rheims, francesa, dedicou-se inteiramente à fotografia no início de 1978. Nestas últimas três décadas, a sua produção fotográfica, tanto em publicações como em exposições, tem sido de tal forma intensa e importante que, em 2007, foi agraciada com a Légion d'Honneur por todo o seu trabalho artístico.
A autora do prefácio:
Catherine Millet, francesa, é a directora e co-fundadora da Art Press. É também curadora, autora de alguns livros, entre eles "La vie sexuelle de Catherine M."(2001).

Este livro, da Taschen claro, vem numa caixa e foi editado em formato XL, medindo 29,2 cm x 43,7 cm. Capa dura forrada a tecido, 154 páginas. Edição limitada a 1000 cópias, numeradas e assinadas pela própria Bettina Rheims. Custa €350, mas escusam de ir a correr para a fnac à procura do dito porque está esgotado. Devem ter sido os amiguinhos oligarcas do maridinho da Olga que os compraram todos. Se calhar até nem queriam comprar nada, mas não há nada como ter uns Boris, uns Nicolais e uns Olegs para os convencer…

PS – Vocês pensavam o quê? Que eu não ia ter coragem de fazer um post desta natureza aqui no meu modesto bloguezinho? E estas fotos que coloquei aqui, são das mais suavezinhas…ah, pois...ora espreitem lá o site se querem ver a amiga Olga em toda a sua plenitude. Ah, pois…