quarta-feira, agosto 18, 2010

Come, Tell Me How You Live

Agatha Christie escreveu quase cem livros, mas só um assinado Agatha Christie Mallowan: Come, Tell Me How You Live, título da edição original deste livro. É "uma memória arqueológica” dos anos 30 nas escavações do marido, Max Mallowan."
Os editores não gostaram. Não havia trama nem crime. Era como mostrar o álbum de férias a estranhos. O que é que os leitores dela tinham a ver com aquilo?
Quase tão lida quanto a Bíblia, Mrs Mallowan não puxou dos galões. Disse que o livro era “uma frivolidade”, como se falasse de um par de sapatos.
Foi um sucesso, claro, e mais de sessenta anos depois continua em edição de bolso e politicamente incorrecto – vários turcos e pelo menos um árabe “sub-humano” saem daqui para a glória. Mas de ninguém a autora ri como de si própria, ansiosa, voluntariosa e volumosa.

Sobre Na Síria, Agatha Christie escreveu: «Esta crónica inconsequente foi iniciada antes da guerra. Depois foi posta de lado. Mas agora, após quatro anos de guerra, dei por mim a pensar cada vez mais naqueles dias passados na Síria, e por fim senti-me impelida a tirar os meus apontamentos e os meus toscos diários para fora e a completar aquilo que começara e pusera de lado. Pois parece-me que é bom recordar que esses dias e esses lugares existiram, e que neste preciso instante a minha pequena colina de calêndulas está em flor, e que os velhos de barbas brancas que se arrastam atrás dos burros talvez nem saibam que existe uma guerra.»

Foi no deserto sírio, no intervalo dos cacos - hoje expostos no Museu Britânico, mas também no Museu de Alepo - que Agatha Christie escreveu muitos dos seus crimes. Na Síria é a memória de como foi inteiramente feliz ali. Os árabes gostavam quando ela chegava. Tudo a fazia rir.

Na Síria - Agatha Christie Mallowan
Prefácio de Alexandra Lucas Coelho
Tinta da China, 2010

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