sábado, abril 10, 2010

O Captain, my Captain!


“Não deixes que termine o dia sem teres crescido um pouco, sem teres sido feliz, sem teres aumentado os teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que alguém retire o direito de te expressares, que é quase um dever. Não abandones as ânsias de fazer da tua vida algo extraordinário. Não deixes de acreditar que as palavras e a poesia podem mudar o mundo. Aconteça o que acontecer a nossa essência ficará intacta. Somos seres cheios de paixão. A vida é deserto e oásis. Derruba-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas de nossa própria história. Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua: tu podes tocar uma estrofe. Não deixes nunca de sonhar, porque os sonhos tornam o homem livre.” Walt Whitman.
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Ó Capitão! Meu Capitão!

Ó capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as tormentas, o prémio que
buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço os sinos, toda a gente está
exultante,
Enquanto seguem com os olhos a firme quilha, o ameaçador e
temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu capitão jaz,
Tombado, frio e morto.

Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas –
para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas, agitam-se, os seus rostos ansiosos
voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho que, no convés,
Tenhas tombado frio e morto.

O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e
imóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem
vontade,
O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está
concluída,
O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objectivo
ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde jaz o meu capitão,
Tombado, frio e morto.

Walt Whitman (1819–1892). Leaves of Grass, 1855.
- tradução de Mª de Lurdes Guimarães - in: “Os poemas da minha vida", Diogo Freitas do Amaral, ed. Público

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