sexta-feira, dezembro 19, 2008

Quantas vezes, Amor, me tens ferido?


Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, Razão, me tens curado?
Quão fácil de um estado a outro estado
O mortal sem querer é conduzido!

Tal, que em grau venerando, alto e luzido,
Como que até regia a mão do fado,
Onde o Sol, bem de todos, lhe é vedado,
Depois com ferros vis se vê cingido:

Para que o nosso orgulho as asas corte,
Que variedade inclui esta medida,
Este intervalo da existência à morte!

Travam-se gosto, e dor; sossego e lida;
É lei da natureza, é lei da sorte,
Que seja o mal e o bem matiz da vida.

Bocage

6 comentários:

  1. Ai, RR...
    Como estás tu, para ires buscar soneto tão amargurado...
    O Sol voltou (não sei por quantos dias...) e tudo será diferente de um momento para o outro.

    ResponderEliminar
  2. Quem acabou de chegar do Brasil, com a alma lavadinha de tanto passeio, foste tu, não fui eu...euzinha aqui, a pobre, ficou na terrinha, a levar com o frio e a chuva, snif, snif...

    ResponderEliminar
  3. Rose: que exagero... O Bocage era um desequilibrado!

    ResponderEliminar
  4. Trago-te o Sol que não tive nos dois últimos dias e ainda te choras???

    ResponderEliminar
  5. Expresso: tens razão, o homem era um tresloucado. Do nosso signo, ainda por cima...

    João: temos tido sol por aqui...

    ResponderEliminar
  6. Os virgens quando lhes dá para isto são lixados!

    ResponderEliminar